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Anna Luiza Santos
Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 03:29
A cantora Claudia Leitte foi a quarta atração a subir no palco no Festival Virada Salvador 2025 na madrugada desta segunda (30). Com um look todo vermelho, ela levou para a Arena O Canto da Cidade seus grandes hits do Carnaval como ‘Largadinho’, ‘Beijar na Boca’ e ‘Extravasa’.
Expressando o seu amor por Salvador, a artista fez questão de exaltar a cidade enquanto esteve com o microfone na mão. “O mundo desembarca em Salvador. O Festival da Virada é muito especial para cada um de nós que desfruta dessa energia única que só a nossa terra tem”, disse.
Apesar da animação de uma parte da plateia, críticas e tensão também estavam presentes. Recentemente, Claudia tem estado no centro das atenções com a polêmica envolvendo acusações de intolerância religiosa. As críticas eclodiram após a cantora não falar “Yemanjá”, na música ‘Caranguejo (Corda do Caranguejo)’, e substituir por “Yeshua”, em show no Candyall Guetho Square em Salvador. A troca da letra gerou repercussão nas redes sociais e virou denúncia no Ministério Público da Bahia (MP-BA) por discriminação religiosa.
Por isso, neste show na orla da Boca do Rio, Claudia decidiu, pela primeira vez em sua carreira, não cantar a música ‘Caranguejo’. No lugar da canção, Claudia colocou a música 'O Que é, o Que é?' de Gonzaguinha para finalizar o show.
Claudia participou de uma coletiva de imprensa antes de subir ao palco principal do Festival Virada 2025 e falou pela primeira vez sobre o assunto, mas respondeu que o tema é complexo. “Esse assunto é muito sério. Daqui, do meu lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de uma forma tão superficial. Eu prezo muito pelo respeito, pela sororidade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado no tribunal da internet”, comentou.
Felipe Carvalho, professor de 30 anos, conta que acompanha o trabalho musical da cantora desde a época do Babado Novo, antiga banda de axé que Claudia era vocalista, e não hesita em defender sua diva. Ele afirma que em todo Carnaval vai atrás do trio dela e tem orgulho de ser fã.
“Tem mais de 10 anos que ela faz essa troca na letra da música, mas só agora começaram a criticar. Eu acho que, no final, tudo isso é apenas uma tentativa de cancelamento e usando pauta racial e religiosa de forma vazia”, disparou.
Na grade disputada pelos fãs também estava Thanis Killian, que veio do Piauí para curtir o evento, e que discorda do tom da repercussão da polêmica. “Ela respeita todos, sem discriminação. As pessoas sempre procuram derrubar quem trabalha e a escolhida da vez agora foi ela”, disse.
Já para Camila Batista, técnica de enfermagem de Feira de Santana, Claudia Leitte deve sim ser criticada por essa postura. “Isso é muita hiprocrisia da parte dela, afinal, se ela não quer citar um orixá de uma religião de matriz africana, ela não deveria ter uma carreira no axé, herança musical afrobrasileira. É gostar de lucrar com a cultura preta mas odeiar a nossa cultura”, declarou.
O Projeto de cobertura Virada Salvador é uma realização do Jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador