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Eles têm o molho: conheça os intérpretes de Libras da transmissão do Festival Virada Salvador que estão viralizando

Para realizar o trabalho, os profissionais realizam um revezamento: há mudança de intérprete a cada três músicas

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 31 de dezembro de 2024 às 06:45

Suely Bittencourt,  Rebeca Matos, Indiara Damasceno e Luís Eduardo Tito
Suely Bittencourt, Rebeca Matos, Indiara Damasceno e Luís Eduardo Tito Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Existe um ditado na Bahia que diz ‘baiano não nasce, estreia’. O gingado e a alegria são contagiantes e, com certa frequência, reconhecidos de longe. Figuras como Ivete Sangalo e Léo Santana apresentam esse jeitinho ao Brasil a cada show, por exemplo. Nos últimos dias, porém, intérpretes da Linguagem Única de Sinais do Festival Virada Salvador viralizaram nas redes sociais ao desenvolver uma comunicação acessível de forma característica.

Luiz Eduardo Tito, 40 anos, é um deles. Natural da cidade de Araci e residente de Serrinha, ambas no Nordeste baiano, o intérprete de Libras agradece o carinho, mas afirma que a importância é oferecer um atendimento de qualidade à comunidade surda. “O reconhecimento do nosso trabalho é algo que me deixa muito feliz porque a gente sabe que está fazendo um bom trabalho. É melhor ainda quando a comunidade surda gosta, o nosso foco é ela”, disse.

O desejo de trabalhar com Libras surgiu em 2003, quando teve o primeiro contato com a comunidade surda. Ao formar amigos surdos, Luiz entendeu que precisava aprender a se comunicar com esse público. “Eu ficava angustiado porque não sabia me comunicar. Então, passei uns seis meses com eles, indo para mercado e para as ruas. Eles me ensinaram”, contou.

Inicialmente, o aprendizado foi feito nas ruas com os amigos. Ele, ainda, liderou um grupo linguístico de sinais durante oito anos, na cidade de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador. “A gente vê que muitas pessoas surdas queriam estar nos espaços, mas não iam porque não entendiam”, complementou. O convite para participar do Festival Virada Salvador, sua primeira edição, foi um presente, segundo Luis.

“A gente se sente privilegiado porque muitas pessoas gostariam de estar aqui. É uma oportunidade boa para nós, profissionais, além de trazer acessibilidade para a comunidade surda”, disse.

Ao todo, oito intérpretes de Libras formam a equipe contratada para os cinco dias do Virada Salvador, que começou na última sexta-feira (27) e finaliza de terça (31) para quarta-feira (1), na Arena O Canto da Cidade, na Boca do Rio. Para realizar o trabalho, os profissionais realizam um revezamento: há mudança de intérprete a cada três músicas. Isso é necessário devido à alta exigência cognitiva para a interpretação das canções. Quem explica é Rebeca Maros, 36 anos.

“É necessário esse intervalo porque nos é exigido uma trabalho cognitivo intenso, além da movimentação corporal”, relatou. Assim como Luís, essa é a primeira vez que Rebeca trabalha no Festival Virada Salvador. Estudante da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), a técnica desenvolveu o gosto por Libras em uma congregação religiosa, há dois anos. “Viralizar nas redes sociais é importante e tal, mas é ainda mais maravilhoso ver que os surdos estão entendendo, têm acesso e que sabem o que está acontecendo no evento”, disse.

Viralizou

Há dois dias, o perfil oficial da prefeitura de Salvador no Instagram publicou um vídeo em que um intérprete de Libras aparece interpretando ‘Saia e Bicicletinha’ (2010). O episódio aconteceu no show de Psirico, no sábado (28), segundo dia do festival. Rapidamente, a publicação recebeu enxurradas de likes e comentários.

“O intérprete de Libras tem o molho”, diz legenda publicada pela prefeitura. Os comentários seguem a mesma linha. “Até o intérprete é diferenciado na Bahia”, escreveu uma. “É que a gente tem que entrar na onda da música. Tá sendo massa!”, pontuou outro.

Viralizar nas redes é importante, destacam os intérpretes, mas não é o foco dos profissionais. “É massa que as pessoas fiquem entusiasmadas com a língua, mas o importante é levar a Língua de Sinais, dizer que o evento é acessível, que atende às pessoas que precisam desse tipo de língua”, disse Indiara Damasceno, 37 anos, intérprete há 22 e formada em Letras e Libras pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).

O Projeto de cobertura Virada Salvador é uma realização do Jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador