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Maysa Polcri
Publicado em 2 de janeiro de 2024 às 06:00
Os cinco dias do Festival Virada Salvador 2024 garantiram, além da diversão de baianos e turistas, o complemento da renda familiar de 900 ambulantes que trabalharam na festa. Os vendedores estimam lucro de até R$ 5 mil entre quinta (28) e segunda-feira (1°), dinheiro que será utilizado para quitar parte das dívidas no primeiro mês do ano. Maria Dionísio, 60 anos, é uma das que não saiu de perto do isopor ao longo dos dias e garante que, apesar do cansaço, os dias no festival valeram a pena.
“Esse dinheiro vai garantir que o início do ano seja mais folgado até o Carnaval, que é a época que a gente mais lucra”, disse Maria Dionísio. Ela e o marido, José Conceição, 66 anos, estimam que tenham conseguido lucrar R$ 4 mil nos cinco dias de festa. A última sexta-feira do ano (29) e o dia da virada foram os mais lucrativos para os ambulantes.
Neste ano, a Prefeitura de Salvador não cobrou a taxa de licenciamento, que variava entre R$ 89 e R$ 390, o que permitiu que mais pessoas trabalhassem no evento. Com a maior concorrência, o lucro foi menor do que em anos anteriores. Para Fábio Silva, 40, que também trabalhou todos os dias, a organização do Festival Virada Salvador facilitou o trabalho dos ambulantes. “Teve espaço para todo mundo e a gente pôde ficar no lugar que queria”, falou.
Água e cerveja foram as bebidas mais compradas, de acordo com os vendedores. A promoção de três cervejas por R$ 15 foi a favorita e o público estava mais preocupado com a hidratação. “Mesmo bebendo, o povo quis se hidratar. Vendemos mais água do que nos anos anteriores”, completou Fábio, sem precisar as quantidades.
“Vou usar o dinheiro para investir em mercadoria para a Lavagem do Bonfim e pagar algumas dividas”, disse. Ele investiu cerca de R$ 1 mil em mercadorias e estima lucro de R$ 4 mil. “Tem conta de água, luz e cartão de loja atrasados. O ano vira, mas as dívidas não somem. Uns R$ 800 vai ser para pagar as contas”, falou. Na edição anterior do evento, Fábio conseguiu lucro de R$ 6 mil.
Além dos ambulantes que vendem bebidas, a Vila Gastronômica também garantiu lucro para os vendedores. O espaço tinha opções de comidas para todos os gostos, desde acarajé, até crepe e pastel. A baiana Maria das Graças Lima, que vende os quitutes tradicionais em Amaralina, trabalhou pelo primeiro ano no Virada Salvador e gostou da experiência. As vendas diárias foram, em média, de R$ 1 mil, com mais de 200 pedidos por dia.
“Pretendo vir na próxima edição também. Todos os dias foram bons, eu cheguei cedo e, enquanto ajeitava as coisas, o povo já estava com fome fazendo os pedidos”, comemorou. Maria das Graças contou com a ajuda dos dois filhos na barraca e, por isso, conseguiu voltar para casa nos dias de trabalho.
A maior parte dos vendedores, por outro lado, não teve a mesma sorte e ficou na Arena Daniela Mercury cinco dias seguidos. Nilzete Santana, 48 anos, por exemplo, dormiu em lençol estendido em cima da grama durante o festival. “Não dá para dormir, a gente cochila”, falou. Os vendedores tinham um espaço para tomar banho e, para se alimentar, trouxeram comida de casa ou compraram na vila. Com investimento de R$ 400, Nilzete Santana espera levar para casa R$ 3 mil - um lucro sete vezes maior do que o investido.
Ao todo, o evento contou com cerca de 1,5 mil vendedores informais. Neste ano, foram 150 vendedores a mais que na edição passada.
O Projeto de cobertura Virada Salvador é uma realização do Jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.