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Enquanto turistas ainda se encantam; baianos fogem das pinturas da Timbalada no Pelourinho

Grupos dividem a opinião de locais e turistas que frequentam o Centro Histórico de Salvador

  • G
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 18 de janeiro de 2024 às 05:00

Turistas do Rio de Janeiro fazem a primeira visita a capital
Turistas do Rio de Janeiro estão pela primeira vez em Salvador Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Quem frequenta o Pelourinho conhece a paisagem do local. Entre museus, barracas de acarajé e turistas que visitam a capital, um grupo chama a atenção no cartão postal: os pintores corporais. Eles atuam nos largos e praças do bairro, fazendo as pinturas corporais da Timbalada e dividem opiniões de locais e turistas.

Uma das turistas que visitavam o Centro Histórico foi a professora carioca Joyce Gomes, 34. Ela está pela primeira vez na capital  e queria vivenciar a cultura local. “Quem vem para Salvador espera encontrar a baiana, ver as fitinhas e pintar o corpo. A gente queria viver essa experiência”, disse. Ela viajou com a filha e uma amiga para a capital e pagou R$ 10 por pintura. “Minha amiga não quis pintar e eles foram super respeitosos com ela”, contou.

A argentina Paula Yende, 45, está em Salvador pela primeira vez. Ela estava no Pelourinho e recebeu as pinturas corporais da Timbalada. “As pinturas são muito bonitas. Os pintores atendem muito bem os turistas. Para mim, elas têm um significado muito importante de manter a cultura e recuperar às origens indígenas e africanas”, afirmou

Marcos Maia, 50, é um dos pintores que atuam na região. Ele é morador do Candeal e faz bicos com as pinturas quando está desempregado. “Os turistas costumam pintar para tirar fotos pelo bairro. A minha abordagem é sempre respeitosa, explicando tudo para o turista para que não tenha confusão com o pagamento”, disse. Ele diz que o valor da pintura varia entre R$ 10 e R$ 30 .

A reportagem do CORREIO esteve no Largo Terreiro de Jesus na manhã desta quarta-feira (17) e observou a atividade no local. Nem todos os pintores no local estavam credenciados. Apesar de alguns deles repetirem a abordagem seguida por Marcos, outros não comentavam sobre os preços ao falarem com os turistas.

Um grupo composto por um homem e três mulheres se envolveu em uma confusão com um grupo de pintores no local. Um policial militar precisou intervir para mediar a situação. Naturais de Barreiras, eles contam que foram abordados pelos pintores, mas recusaram a investida. “Nós sabemos que eles costumam cobrar e por isso negamos. No entanto, eles insistiram dizendo que só iam pintar um sol e pintaram todo o braço delas. No final, queriam cobrar quase R$ 100 da gente. Nós pagamos para evitar problemas”, contou um deles. Os pintores não quiseram falar com a reportagem.

Essa forma de abordagem é uma das reclamações dos soteropolitanos que visitam o Centro Histórico. O publicitário Edgar Santos, 41, considera que os grupos que atuam no local são invasivos. “Eu estava com minha filha e nós temos alguns problemas de pele e alergias à  tinta. Eu expliquei a nossa situação e, mesmo assim, o pintor ficou insistindo”, afirmou.

O autônomo Pedro Coelho, 27, frequenta o Pelourinho e sempre evita os grupos que fazem as pinturas corporais na região. “Eu vou bastante com familiares e amigos. Eu tento evitar confusão porque eles tentam empurrar o preço e coagir a pessoa a pagar. Geralmente, eu corto a abordagem para não dar abertura”, contou.

Um agente da Guarda Civil Municipal (GCM), que não quis se identificar, conta que, atualmente, as confusões estão acontecendo com menos frequência. “Quando eles veem a equipe da guarda por perto, eles abordam de uma maneira mais tranquila. Se tiver alguma confusão, a gente chega para intervir”, disse.

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