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Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2022 às 15:57
- Atualizado há 2 anos
Se Salvador tem o Rio Vermelho como bairro mais boêmio por seus bares e restaurantes agitados durante todas as noites, Feira de Santana tem a Fraga Maia, avenida em que a noite começa quando o dia ainda está claro, e não raro segue viva até amanhecer o dia seguinte. Os 189 anos da Princesa do Sertão, comemorados neste domingo (18), mostram que a cidade evoluiu, e muito, faltando alguns aninhos para o seu bicentenário, e a avenida mais badalada da cidade é um reflexo desse impulso.>
Os 3 quilômetros de avenida possuem ao menos 20 bares, e também há muitos outros no entorno. Para se divertir à noite, em clima de azaração, os favoritos do público na Fraga Maia são: Kabanas (27,1 mil seguidores em rede social), Trivella (15,3 mil) e Vila Coqueiros (15,4 mil). Responsável pelo Kabanas Music Bar, Antonio Dyggs conta que o empreendimento está na cidade há uma década, mas se assentou na Fraga Maia há três meses pelo fato de a região ser vetor de crescimento na área do entretenimento e lazer.>
Dyggs não detalhou a média de clientes que recebe semanalmente, mas afirma que todo final de semana o estabelecimento lota. Kabanas dispõe de música ao vivo pela noite e atrações ao final de semana (Foto: Reprodução / Guilherme Vilas Boas) >
Sócio do Trivella, Carlos Santos conta que o estabelecimento recebe mais de 500 clientes por semana e nos 'findes' o ambiente fica lotado a ponto de faltar espaço para sentar. “Quando a gente chegou só tinham dois bares, nós e mais um. Escolhemos aqui porque tínhamos intuição que iria crescer. Abrimos para almoço, [mas] é a partir das 17h que movimenta mais. Fechamos às 2h30 da madrugada. O pessoal fica até tarde, às vezes a gente bate as mesas e mesmo assim querem continuar. Todo final de semana acontece”, diz rindo.>
Quem já ficou até as 3h da madruga no Trivella foi o autônomo Alexandre Veiga, 22. Presente com frequência nos finais de semana dos barzinhos da avenida, ele diz que escolhe ir para a Fraga Maia porque lá tem tudo o que precisa, e se não gostar do que tem, ao lado encontra outra opção.>
A preferência dele são os barzinhos, por serem mais confortáveis e econômicos. O Trivella, inclusive, é sua escolha favorita. “Vou quando quero comer espetinho, tomar cervejinha e conversar com amigos”. Bar Trivella é um dos mais procurados pelos boêmios feirenses (Foto: Luiz Tito / Reprodução) Na avenida também há aqueles bares com cobrança na entrada, drinks instagramáveis e ambiente fechado, que Alexandre define com o seguinte status:“São os gourmet, [...] tem que ir mais arrumado e gasta mais”.Diversificado Além dos tradicionais bares com música ao vivo e baladas, a avenida abre espaço também para o ambiente familiar. Restaurantes de comida italiana, japonesa e açaí são comuns na região.>
Tradicional na cidade, a hamburgueria e pizzaria Gauchão chegou em Feira em 1975 como churrascaria, ao longo do tempo trocou as carnes pelo hambúrguer e, em 2008, já com duas casas em avenidas locais, chegou como o primeiro restaurante de grande porte na Fraga Maia.>
Proprietária do estabelecimento, Eliane Ongaratto diz que atende mais de mil clientes por semana devido ao público familiar.>
Na avenida boêmia, o público-alvo da pizzaria continua sendo a família, mas também quem sai da boate com fome. Por isso, apesar de ser restaurante, o Gauchão só fecha às 2h. “A galera tá nos bares beliscando, comendo, mas tem hora que a fome bate. Depois da meia-noite eles saem para comer”, salienta. Irmãos gaúchos comandam o tradicional Gauchão (Foto: Divulgação) É o que faz a autônoma Laíssa Machado, 26. Ela diz que a Fraga Maia é a primeira opção quando quer sair porque lá encontra diversidade no entretenimento e gastronomia."Saio com propósito de beber; no final, se der fome, tem uma hamburgueria do lado e, se quiser um doce, ainda acha na mesma avenida", comemora.Localização Para o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Feira de Santana, Getúlio Andrade, o motivo da Fraga Maia ser o “point da vida noturna” no município é pela logística e localização.>
Como a avenida se distancia do centro da cidade, onde há pouco movimento após horário comercial, a região funciona como refúgio para quem quer estender a noite. No entorno da avenida também é possível contar cerca de 60 condomínios habitados, sendo atrativo para moradores.>
“A cidade se agigantou muito na última década. Vetores de crescimento nesse setor são Fraga Maia, Avenida Artêmia Pires Freitas e Avenida Noide Cerqueira, nesse setor de bares e restaurantes, tem a Rua São Domingos, embora no momento atual a Fraga Maia é o point da vida noturna de Feira”, afirma. >
Origem Mas não foi da noite para o dia que o local se transformou numa espécie de atração turística. Segundo o secretário de Planejamento do município, Carlos Brito, o fator decisivo para a ascensão da Fraga Maia foi a urbanização iniciada no início dos anos 2000 pelo ex-prefeito José Ronaldo (UB) e expandida pelo atual gestor, Colbert Martins (MDB).>
A atenção começou quando, em 2005, a prefeitura construiu o viaduto que ligava a Avenida Maria Quitéria - uma das maiores de Feira - à Fraga Maia, para facilitar cruzamento na cidade. A avenida, porém, ainda era barrosa e não tinha estabelecimentos comerciais. “Tinham dois conjuntos habitacionais apenas. Não era ponto de referência, era barro puro”, recorda Brito.>
Foi após a pavimentação até a Rua Rubens Francisco Dias, no bairro Papagaio - próximo à avenida -, que o movimento aumentou e começou a receber as primeiras empresas.>
A partir de 2018, o prefeito Colbert Martins - que assumiu o cargo no mesmo ano -, investiu mais de R$ 4 milhões para duplicar a avenida, e R$ 14 milhões na pista dupla que liga a região até a BR-116 e Centro Diocesano no Papagaio. Durante o dia, moradores aproveitam avenida para fazer atividade física (Foto: Divulgação) Titular da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Feira de Santana (Secel), Jairo Alfredo Carneiro Filho destaca que avenidas são locais de mais movimento da cidade, sobretudo, no quesito lazer e entretenimento, responsável, só em 2021, por gerar 268 mil novos empregos em todo país, conforme pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape).>
Sobre atuação municipal no setor, o secretário lembra que, como a cidade não tem praia, a gastronomia ganha atenção e é dever da prefeitura construir ambiente propício.“O termo de investimento do município é levar infraestrutura, é levar iluminação de LED porque dá maior segurança, tem a questão das vias duplas que melhoram o fluxo do trânsito, toda infraestrutura do município foi dada e segue com manutenções”, garante.“Super vetor de desenvolvimento” Com o retorno das atividades após o isolamento provocado pela covid-19, bares e restaurantes regressaram com força na economia. Embora não sejam a esfera mais forte na estrutura de Feira de Santana, o prefeito Colbert Martins (MDB) associa a atividade com o setor de serviço, principal fator na economia do município.>
“É um super vetor de desenvolvimento a Fraga Maia e outras [regiões], como Artêmia Pires. Além de todas atividades gastronômicas em bares, restaurantes, [o serviço] é algo que estamos inclusive com Sebrae e Sesi [Serviço Social da Indústria] aperfeiçoando com treinamento das pessoas que preparam alimentos”, ressalta.>
Feira de Santana possui o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, atrás apenas de Salvador e Camaçari, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município entra no ranking dos cinco com maior valor adicionado bruto a preços correntes nos setores de Indústria, Serviço e Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social, estando nestas duas últimas em posto apenas atrás de Salvador.>
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Professor de Economia na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Rosevaldo Ferreira reforça que Indústria, Comércio e Serviço são os principais canais de força econômica da cidade. De acordo com dados fornecidos pelo professor, hoje, Feira possui mais de 120 mil pessoas com carteira assinada e 46 mil microempreendedores individuais (MEIs).>
Para Ferreira, a cidade tem vocação turística e precisa aproveitar melhor esse potencial. Ele cita exemplos e meios práticos para que esse ecossistema se aperfeiçoe.“No Mercado de Arte Popular encontra-se todo tipo de artesanato. Se quer chapéu de couro [por exemplo], tem mais barato que em Maceió, João Pessoa... Rio Jacuípe é rio urbano e não tem uma exploração, dá para fazer canoagem, orla na beira do rio”, sugere.Já na visão do prefeito Colbert, a forma de atrair mais investimentos é melhorar infraestrutura e ampliar condições de ações específicas que dizem respeito à educação, ação social e saúde.>
“Estamos investindo em projetos de esgotamento sanitário e drenagem pluvial, trocando iluminação da cidade por iluminação LED e nos preparando pra chegada do 5G. Atualizamos todas antenas e estamos fazendo mapa digital. [Além de estarmos] reduzindo impostos municipais para atrair empresas”, lista o gestor. A reportagem solicitou dados municipais sobre crescimento econômico nos últimos anos e influência de cada setor, incluindo turismo e lazer, para a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana e Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município, porém, não recebeu retorno até o fechamento da edição.>
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Confira mais cinco regiões para curtir a noite em Feira >
Assim como Salvador tem outras opções que vão muito além do Rio Vermelho, como Itapuã, Imbuí ou Santo Antônio Além do Carmo, Feira de Santana também tem mais alternativas para curtir a noite. Entre mais avenidas, um bairro universitário e complexos com bares e restaurantes com direito a balada, churrascaria e boteco, a cidade apresenta diversidade para além da Fraga Maia. >
1. Artêmia Pires>
Com crescimento recente em zona de ascensão na cidade, a Avenida Artêmia Pires pode ser longe para alguns, mas apresenta opções de qualidade para quem investiu nos novos condomínios da região do SIM. Só no Pátio Artêmia é possível viajar entre a refinada comida japonesa no Kodachi ao simples e saboroso espetinho no O Espetin. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Kodachi Gastronomia Oriental (@kodachigastronomia)2. Bairro Feira VI>
Movimentado pelos estudantes da Uefs, o bairro universitário sobrevive à madrugada com a tradicional Coxinha da Vall (@coxinha_da_vall) e o bar mais frequentado pelos acadêmicos da região no final de semana, o Quatro Estações.Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Coxinha da val (@coxinha_da_vall)3. Ville Gourmet>
Da festa ao botequinho, encontra-se de tudo no Ville Gourmet. Famoso pelas fotos com lâmpadas no primeiro andar, o Taboo Steak Bar é espaço ideal para quem quer festejar. Já o Boteco do Camarão agrada a quem, como Alexandre, quer apenas comer uma boa comida, tomar cervejinha e rir com os amigos. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por ???? TABOO ???? STEAK BAR ???? (@taboosteakbar)4. São Domingos >
Principal point antes da ascensão da Fraga Maia, a São Domingos tem de tudo, mas é famosa principalmente pelo açaí, com brilho ao Açaí do Jota, o mais famoso da cidade. O estabelecimento oferece cardápio variado, com sabores como Morango com Negresco e opções que incluem cereja, mel orgânico e cupuaçu.Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Açaí do Jota (@acaidojota)5. Noide Cerqueira >
Próxima à Artêmia Pires, a Noide oferece um sabor tropical para quem costuma fazer caminhadas pela extensa pista da região ao final do pôr do Sol. Além dos postos de água de coco ao longo do trajeto, o Deleite Gelato oferece o sabor italiano com adição de chocolate belga, ninho com goiabada e banana com nutella.Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Deleite Gelato (@deleitegelato)*Com supervisão do editor João Gabriel Galdea.>