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Programa planta 7,2 mil árvores para recuperar nascentes no Baixo Sul

Recuperação de nascentes no Baixo Sul estimula a agricultura familiar, ao mesmo tempo em que neutraliza emissão de carbono de empresas, pessoas físicas e eventos com o plantio de espécies nativas da Mata Atlântica

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 4 de abril de 2015 às 10:41

 - Atualizado há 2 anos

O agricultor Francisco Bonfim acorda todos os dias às 6h da manhã e,  junto com toda a família,  sai para trabalhar na roça - pedaço de terra herdado do pai e fruto também de um “dinheirinho” que conseguiu juntar quando ainda morava em um casebre da fazenda onde trabalhava. A nascente de Jovan do Nascimento, depois do reflorestamento. ‘A gente usa esta água para tudo’ Foto: Gabriela Vasconcellos/ DivulgaçãoQuando decidiu plantar por conta própria, uma das nascentes do Rio Juliana,  que corre por sua propriedade, tinha uma “água fraquinha, salobra e barrenta”  por conta do desmatamento que teve que fazer para transformar a área em pasto. “A gente tinha uns bichinhos, mas percebi que não dá para criar gado aqui na nossa região. Não dá sustento”. Com a área desmatada e a dificuldade de ter em casa uma água boa para uso e que favorecesse o plantio, seu Francisco aceitou a proposta de destinar um pouco mais de meio hectare (o equivalente a 5 mil metros) da sua fazenda para reflorestamento de plantas nativas da Mata Atlântica que neutralizariam carbono e, ao mesmo tempo, melhorariam a qualidade da água do rio que nasce ali. A tentativa de compensar a emissão de gás carbônico (CO2) com o plantio de árvores pode significar não somente uma atitude sustentável - mas também uma iniciativa favorável ao desenvolvimento econômico da agricultura familiar na região do Baixo Sul baiano.Esta é a proposta do programa Carbono Neutro Pratigi, uma iniciativa da Organização de Conservação da Terra (OCT) em parceria com a Fun dação Odebrecht, que em dois anos já conseguiu recuperar 1,2 tonelada de CO2 com o plantio de 7,2 mil árvores em nascentes degradadas de propriedades de agricultores.A nascente que começou a ser reflorestada está localizada em uma propriedade no município de Piraí do Norte que hoje cultiva pupunha, banana e mandioca, mas seu Francisco prevê aumentar a produção com o cacau. “A nascente ficou mais forte. Temos água e terra para plantar o nosso sustento, vender e ainda alimentar os animais. Dá uma alegria danada só de ver a área da gente boa e produtiva”.  Após a melhoria da qualidade da água, o agricultor conta que conseguiu quase triplicar sua renda - que antes era de um salário mínimo - para R$ 3 mil. “A  gente sabe que a recuperação acontece aos poucos, mas tenho certeza que minha produção deste ano vai ser melhor ainda”, prevê. ProjetoDe acordo com o diretor executivo da OCT, Volney Fernandes, a ideia é utilizar áreas de nascentes degradadas como espaço para a neutralização de carbono de pessoas físicas, empresas e eventos. Gabriela Vasconcellos/ DivulgaçãoEm média, restaurar uma nascente custa entre R$ 14 mil e R$ 15 mil. “É um valor caro para que o produtor faça isso sozinho. Por isso é importante  esse financiamento e adoção de uma área para a restauração do território degradado, que acaba impactando na economia e no desenvolvimento local”, diz Fernandes.Segundo ele, a restauração é uma fórmula simples e de benefício mútuo: “Quando você incentiva a implantação de um sistema agroflorestal onde se preserva o meio ambiente e também se gera renda por meio dele, temos aí um desenvolvimento regional sustentável”.SustentabilidadeA neutralização de carbono ainda não é uma demanda obrigatória ou regulamentada pelo governo, mas é cada vez mais sinônimo de consciência ambiental  e  produção limpa para as empresas e o mercado consumidor. A Odebrecht Óleo e Gás investiu no plantio de 4.134 mil árvores na APA do Pratigi para neutralizar 837,07 toneladas de CO2 referente a um ano de emissões.Para o diretor de sustentabilidade da Odebrecht Óleo e Gás, Marco Aurélio Fonseca, a iniciativa é uma boa oportunidade para as empresas reagirem com relação a um tema de impacto global. “Os ganhos são tangíveis e intangíveis. A partir desse trabalho, vamos estar cada vez mais aptos e com um olhar interno mais cuidadoso, procurando sempre novas formas de minimizar essas gerações e impactos que possam causar algum dano à natureza”. Pessoas físicas também podem neutralizar suas emissões de carbono por meio de uma calculadora disponível no site da OCT (www.oct.org.br) que calcula a pegada de carbono, a quantidade e custo com o plantio de árvores necessárias para neutralizar a sua pegada. A nascente do agricultor Jovan do Nascimento foi recuperada com parte de recursos oriundos de contribuições de pessoas físicas. “Antes era só um pasto velho e perdido, não tinha mato nem  sombra, e a água era meio devagar”, conta Jovan que, além de trabalhar com venda de mudas e plantio de cacau, viu com o reflorestamento o nascimento de uma nova oportunidade, o cultivo de árvores frutíferas. “Só por causa da melhoria da qualidade da água eu já tive muita vantagem. Eu tentei até abrir uma cisterna para deixar de beber água com gosto de ferrugem”. Com a nascente recuperada - trabalho que começou há  cerca de dois anos - a água que sai da nascente é utilizada para todas as atividades da fazenda. “Até vizinho vem aqui na propriedade e pega uma água boa, que serve pra tudo mesmo”.Serviço Ambiental Com  a destinação de parte da propriedade para neutralização do carbono e recuperação da nascente, os agricultores ainda recebem, durante 3 anos, R$ 0,50 por muda plantada e preservação da área, que não pode ser mais devastada e nem transformada em pasto. “Se alguém vai abrir mão da terra, precisa receber por isso. É uma troca”, diz Volney Fernandes. Os beneficiados do programa também assinam um termo de compromisso e um contrato de pagamento do agricultor. “É uma atitude que gera um benefício ecológico, mas também uma oportunidade de renda para que o agricultor melhore e invista esse extra na sua produção”, completa Fernandes.A agricultora Francisca de Araújo planta cacau, graviola e banana-da-terra. Possui quatro nascentes em fase de reflorestamento pelo programa. “Temos obrigação de reflorestar. A roça é uma mãe, ela não vai deixar você com fome. Você tem que cuidar e investir nela. Se a gente não respeita a natureza ela não dá nada”.A cada seis meses, Francisca recebe R$ 1,1 mil só com o pagamento por serviço ambiental. Dinheiro que ela utiliza para legalizar alguns documentos da fazenda que foram perdidos em um incêndio. “É muita papelada que a gente está tendo que refazer para legalizar tudo direitinho”. Com o restante, vai investir mais na plantação de graviola. “Quando a graviola estiver me dando dinheiro, ela vai me ajudar a reconstruir minha casa”.