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O melhor do agronegócio baiano é a diversidade

Em entrevista ao CORREIO, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), destaca o potencial do setor que cresceu 12,5% no último ano

  • D
  • Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 06:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação

Em cada região da Bahia, tem produtor rural investindo em cadeias produtivas diferentes, apostando em inovação e tecnologia. “Este é só um dos fatores que tornam o agronegócio um dos principais setores da economia baiana, onde é responsável por gerar 30% dos postos de trabalho  em todo o estado, graças à diversidade produtiva que possui”, destaca o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) e do Conselho Administrativo do Senar, Humberto Miranda.

Só no último ano, o segmento do Agronegócio alcançou o maior crescimento entre os setores produtivos baianos, com um acréscimo de 12,5%, de acordo com a Superintendência dos Estudos Econômicos (SEI). Em conversa com o CORREIO,  Miranda analisa o potencial da atividade e mostra porque  o agronegócio tem avançado tanto. Dados mais recentes do primeiro semestre deste ano, apontam que agronegócio participou com 23,4% da geração de riqueza do estado. “Em termos nominais, o PIB do agronegócio baiano nesse período foi de R$ 33,3 bilhões”, acrescenta Miranda. Veja mais detalhes na entrevista a seguir:

Em termos econômicos, qual a participação do agro na geração de riqueza na Bahia? 

Sobre a nossa produção, os dados mais atualizados também são extremamente positivos. A Pesquisa Agrícola dos Municípios (PAM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no início de setembro, revelou que a produção agrícola baiana foi a que mais cresceu no último ano em todo o Brasil. Atingimos o recorde de produção de mais de R$  19 bilhões, que é a soma de todos os valores gerados pela atividade, o que representa um impressionante crescimento de 27,1% em comparação a 2017.Esse índice colocou a Bahia na liderança do ranking de crescimento entre os estados brasileiros. A participação na produção agrícola nacional passou de 4,9% para 5,7%. Essas informações comprovam a grande relevância do agronegócio na economia da Bahia. O que o agronegócio baiano tem que o de outros estados não têm? 

A Bahia possui uma diversidade produtiva imensa, como já citamos aqui. Produzimos desde soja em alta escala e com o que há mais de novo em tecnologia, como investimos na produção de palma forrageira para a alimentação animal durante os períodos de seca no semiárido baiano.  Nossos três biomas diferentes (caatinga, mata atlântica e cerrado) também ajudam nesse ponto. Que atividades produtivas contribuem para manter a Bahia nesta posição de destaque? 

A Bahia é um estado que tem uma larga diversificação produtiva na agropecuária. Podemos exemplificar com as frutas do Vale do São Francisco (principalmente manga e uva), os grãos da região Oeste, a  Pecuária das regiões  Sul e Sudoeste, a celulose no extremo sul, o cacau e as frutas na região  Baixo Sul, a caprinovinocultura e o sisal na região Semiárida, a avicultura na região de Feira de Santana, dentre outros. São todas atividades de grande importância para o dinamismo da agropecuária. 

O que ainda é gargalo para o seu crescimento? 

Temos uma extensa pauta de exportação, na qual destacam-se a soja, celulose, algodão, produtos do cacau, manga, café, sisal, entre outros. Infelizmente alguns pontos ainda são gargalos  para o crescimento, como, por exemplo, a infraestrutura deficitária na hora de escoar nossas produções. No interior também temos problemas para armazenar o que produzimos e, em  algumas regiões, sofremos até com a falta de energia elétrica e de   acesso à internet, assim como a insegurança no campo.Tem sido comum propriedades invadidas, produções roubadas.  A insegurança jurídica é mais uma preocupação, assim como a carência de assistência técnica para o produtor rural. O que  ainda é  desafio para aumentar o número de área plantada e avançar também no aumento do valor agregado da produção? 

O foco do produtor rural baiano é aumentar a produtividade, ou seja, aumentar a produção sem ampliar a área plantada. Estamos agregando valor através da verticalização da produção e/ou melhoria do produto com foco em nichos de mercado mais especializados. Mas é fundamental falar da organização do setor, através de associações ou do cooperativismo.É preciso também uma maior interação entre o campo e a indústria para fortalecer a agroindústria e que a Bahia passe a vender a produção finalizada e não apenas commodities;  transformar grãos em proteína animal. Ainda temos desafios que não tenho dúvidas que iremos superar.  Você cita várias vezes os avanços tecnológicos do agro baiano. Como a indústria está se adaptando à era 4.0? Que experiências pioneiras você destaca? 

Já temos na Bahia, especificamente no oeste do estado, produtores que já usam aplicativos, drones e programa de computador para gerenciar propriedades, que apostam nesses instrumentos para alavancar o agronegócio e aumentar os lucros da região. Eles conseguem descobrir a eficiência dos operadores e das máquinas através dessas novas tecnologias e tomar decisões mais certeiras.Por exemplo, obter imagens de satélites para trabalhar com resoluções mais baixas, tudo isso através de aplicativos e softwares utilizados dentro do escritório. A Faeb tem um trabalho muito forte na qualificação da mão de obra para o agronegócio. Qual o perfil deste profissional que o agronegócio baiano precisa? 

Antigamente era muito comum ouvir no interior: ‘se você não estudar, vai trabalhar na roça’. Hoje é justamente o contrário. Quem não estuda não consegue mais trabalhar no campo, que está cada vez mais competitivo, em busca de mão de obra mais qualificada.Para atuar no setor agropecuário, precisamos de profissionais atentos às inovações que surgem a cada dia, em constante atualização.E nós estamos contribuindo com isso. Em nossos polos de educação espalhados pelo estado, a cada ano formamos dezenas de Técnicos em Agronegócio e também em Fruticultura, que passam dois anos estudando gratuitamente, em um ambiente pensado para isso,  aliado à expertise do Senar Bahia, que há quase trinta anos atua no campo, ao lado do produtor rural.  

O consumidor está cada vez mais exigente e consciente quanto ao acompanhamento da cadeia produtiva daquele produto, por onde  ele passa antes de chegar às prateleiras do supermercado. Como inovar, produzir e ao mesmo tempo ser sustentável?

É através da inovação que estamos produzindo com sustentabilidade e competitividade. O Brasil tem as leis mais duras do mundo e nós respeitamos todas elas porque sabemos da importância disso para a produção e, sobretudo, para a nossa sociedade. Então, a população pode ficar despreocupada, pois estamos preparados para atender todas as novas exigências do mercado. 

QUEM É

Humberto Miranda  é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) e do Conselho Administrativo do Senar Bahia. Ocupa também a vice-presidência do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae Bahia. Produtor rural, Humberto Miranda é médico veterinário formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Já foi Coordenador Regional da Agência de Defesa da Agropecuária da Bahia e prefeito do município de Miguel Calmon. Na mesma cidade ficou a frente  da presidência da  Associação Comercial, Industrial e Agropecuária e do Conselho Municipal das Associações Comunitárias Rurais e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais. 

INOVAÇÃO É DETERMINANTE PARA O CRESCIMENTO DO AGRONEGÓCIO

Inovar e ser sustentável para continuar sendo competitivo no mercado. Este é um dos grandes desafios do agronegócio. Muitos agricultores e pecuaristas da Bahia já estão neste caminho. Desde os agricultores do Vale do São Francisco, que passaram a usar tecnologias modernas na produção de frutas, aos produtores rurais da Chapada Diamantina, que dominaram novas técnicas para cultivar frutas de clima temperado.  Monaco participa da programação do Fórum de Sustentabilidade, que acontece hoje (24), no Senai Cimatec (Foto: Divulgação) Para o especialista em desenvolvimento industrial da Diretoria de Inovação da Confederação Nacional da Indústria, Rafael Monaco, inovar é um fator crucial para o desenvolvimento do país. “Sem inovação não tem evolução ou crescimento econômico. Não existe condições do país crescer e ser competitivo frente às outras economias se não tivermos investimentos robustos, constantes e maciços em inovação”, afirma Rafael. 

Com o objetivo de promover iniciativas empreendedoras, a CNI coordena o fórum de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Desde 2011, o grupo reúne integrantes de universidades, governos e representantes das 300 maiores indústrias do Brasil. Um dos desafios é aprimorar a eficácia das políticas de inovação existentes, modernizar os financiamentos já disponíveis, e aprimorar os marcos legais que regem a inovação no país.“As leis precisam ser reavaliadas e desburocratizadas. Nós precisamos ter regras claras. 

É necessário também um trabalho conjunto entre o setor público e o privado para melhorar o ambiente de inovação no Brasil. "A parceria entre os governos, as academias e a iniciativa privada é essencial para criar condições para as empresas investirem”, acrescenta.

Os especialistas acreditam ainda que a tendência da inovação na chamada Indústria 4.0 pode se reverter em benefícios para toda a sociedade.“Não estamos falando apenas de novas tecnologias, inteligência artificial, big data e internet das coisas. Os projetos de inovação exigem também qualificação da mão-de-obra, investimentos em pesquisas e criação de novos modelos de negócios", diz. 

"Esta inovação vai promover desdobramentos não só na economia, mas na qualidade de vida das pessoas, na alimentação, na saúde, na mobilidade. E é por meio dela que poderemos chegar a soluções que podem gerar ganhos para todo mundo”, completa Rafael.

Hoje,  alguns cases de sucesso no tema de inovação serão apresentados durante o I Fórum de Inovação e Sustentabilidade para a Competitividade, no Senai/Cimatec. O evento é uma realização do jornal CORREIO, Ibama e WWI, com o patrocínio da ABAPA, Fazenda Progresso e Suzano S.A, apoio da Fundação Baía Viva e apoio institucional da FIEB e FAEB/SENAR.

I FÓRUM DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA A COMPETITIVIDADE - Inscrições gratuitas

24 de outubro de 2019 (hoje)

8h00 às 9h00 –  Credenciamento

9h00 às 9h30 – Abertura

9h30 às9h50 –  Palestra Ibama: tendências e Desafios, com Rodrigo Alves, superitendente  do Ibama na Bahia. 

9h50 às 10h10 –   Palestra Tendências de Inovação na Industria 4.0, com Rafael Monaco, Especialista de Desenvolvimento Industrial da Diretora de Inovação da CNI. 

10h10 às 10h30 –  Palestra Eco-Nomia, a Nova Compliance Internacional, com Eduardo Athayde, Diretor da WWI. 

10h30 às 11h00 –  Painel I - Um Mundo em Mutação: Novas Regras nos Negócios, com Rodrigo Alves, Rafael Monaco,  Eduardo Athayde. 

11h00 às 11h20 –  Coffee

11h20 às 11h40 –  Palestra O  Inovador Brasil Rural, com Julio Busato, Presidente da ABAPA. 

11h40 às 12h00 –  Palestra Da Chapada Diamantina para o Mundo, com Evilasio Fraga, Diretor do Agropolo. 

12h00 às 12h20 –  Palestra Direito Ambiental na Industria Florestal, com o professor Georges Humbert, presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Sustentabilidade. 

12h20 às 12h50 –  Painel II - Inovação e Sustentabilidade Modelando Iniciativas, com Julio Busato, Evilasio, Jose Carlos da Fonseca Jr e mediado por Rodrigo Alves, Superintendente do Ibama. 

13h00 –  Encerramento

Inscrições gratuitas pelo endereço Bit.ly/FISC_

O I Fórum de Inovação e Sustentabilidade para a Competitividade  é uma realização do jornal CORREIO, Ibama e WWI, com o patrocínio da ABAPA, Fazenda Progresso e Suzano S.A, apoio da Fundação Baía Viva e apoio institucional da FIEB e FAEB/SENAR.