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Carmen Vasconcelos
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 14:15
- Atualizado há 2 anos
Se o uso de poluentes e o avanço da urbanização não forem reduzidos dentro das próximas décadas, cerca de 40% dos insetos responsáveis por polinização, controlar pragas e por auxiliar o ser humano na produção agrícola entrarão em extinção. Isso foi o que mostrou um estudo da Universidade de Sidney, na Austrália, publicado na revista Biological Conservation. Os cientistas descobriram que o declínio atinge um terço das espécies, especialmente as abelhas, formigas e besouros. Por um outro lado, o levantamento mostrou que as populações de moscas domésticas e baratas está crescendo.>
Entre os fatores destacados como causadores desse desequilíbrio estão a perda de habitat, em virtude da urbanização e do desmatamento. Em seguida, há o aumento do uso de fertilizantes e pesticidas na agricultura. Por fim, existe ainda a mudança climática.>
De acordo com o biólogo, mestre em ecologia e ex- coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Unifacs, Nilton César, o problema é globalizado, pois os insetos são muito sensíveis à poluição e a degradação ambiental.“O Brasil é o segundo maior consumidor de agrotóxico do mundo, paradoxalmente, ainda somos um país agrário que depende da natureza para subsidiar as atividades agrícolas, afinal, não há agricultura sem a ajuda de abelhas, formigas e outros insetos que atuam como polinizadores, controladores de pragas ou auxiliam no processo de equilíbrio ambiental”, explica Nilton César.Por outro lado, o aumento das temperaturas, a explosão demográfica e o consumo irresponsável proporcionam a geração de uma quantidade de lixo que tornam a proliferação de pragas urbanas - como baratas e moscas - quase uma consequência natural. “Esses animais não possuem predadores naturais na quantidade em que se reproduzem e, para que fiquemos livres deles, usamos inseticidas, deixando-os cada vez mais resistentes”, completa o professor.>
Para o mestre em ecologia, a resolução dessa questão não é simples e passa por reeducação ambiental, controle da natalidade e políticas públicas que imponham um intenso rigor no uso dos defensivos agrícola, além de melhorias na gestão do lixo.>
Vale destacar que os insetos polinizadores são fundamentais para os cultivos de cupuaçu, guaraná, castanha, dendê, pinhas, cultivos florestais, citros e mandioca, entre outros. E que moscas e baratas podem ser transmissores de doenças geradas pelo lixo contaminado. >
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