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Do Fundo da Folia ao Parque Marinho da Barra

A difusão de textos e imagens das ações invadiu as redes sociais

  • D
  • Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 17:20

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Fundo da Folia é o nome do projeto voluntário que nasceu após o carnaval da Barra, em 2010, quando quatro amigos surfistas se juntaram para retirar o lixo do fundo do mar naquela região. Usando apenas equipamentos básicos de mergulho e dois “Stand Up Padlle”, a ação foi documentada em um texto cujo título acabou batizando o nome do projeto. Após grande repercussão as ações continuaram regularmente ao longo dos anos seguintes. E permanecem com todo o vigor. A maioria delas é realizada na Barra, entretanto, outros pontos de Salvador como Boa Viagem, Ondina, Rio Vermelho e Gamboa também são alvos das intervenções.

Já nos dois primeiros anos do projeto o número de voluntários e o alcance das mensagens envolvendo a questão do lixo marinho cresceram significativamente. A difusão de textos e imagens das ações invadiu as redes sociais, mídia em geral, escolas, universidades, entidades públicas, empresas e organizações não governamentais.

Contudo, em meados de 2012, percebendo que as ações não estavam gerando o efeito esperado com a conscientização das pessoas e a diminuição do lixo, surgiu a ideia do Parque Marinho da Barra. Uma unidade de conservação ambiental entre o Farol e o Porto como forma de proteger o ecossistema marinho e o conjunto de patrimônios culturais da região.

Segundo Bernardo Mussi, um dos idealizadores do projeto, “a sensação de enxugar gelo após tantas ações nos levou a pensar em algo maior. A criação dessa área marinha protegida em um dos maiores cartões-postais da cidade virou meta. Seria um símbolo concreto do resultado de tanto esforço do Fundo da Folia e outros grupos que sempre atuaram pela conservação daquele espaço”.

A ideia ganhou força em 2014. O tema passou a ser discutido dentro da Universidade Federal da Bahia através de voluntários do projeto envolvidos no curso de Oceanografia. Estudos preliminares foram realizados e uma apresentação bem fundamentada começou a ser compartilhada em diversas entidades de interesse direto. Foram visitadas outras universidades, associações de bairro, Operadoras de Mergulho, ONGs, federações esportivas e órgãos públicos das três esferas de governo.

A ideia foi muito bem acolhida por todos. “Ter uma unidade de conservação ambiental na entrada da Baia de Todos os Santos, balizada por dois fortes, com um ecossistema de grande relevância ambiental, três naufrágios, águas quentes e cristalinas na maior parte do ano é um privilégio inquestionável”, avalia Bernardo. Lixo recolhido das praias da Barra pelos integrantes da ação Fundo da Folia (foto: divulgação / Fundo da Folia)

Para ele, “além da proteção ao ambiente natural e valorização dos monumentos históricos do entorno, Salvador ganhará um ótimo produto turístico importante à geração de negócios e a qualificação dos serviços relacionados”.

Exemplo é a criação de um espaço físico permanente com imagens, exposições e informações detalhadas sobre o Parque. A ideia é disponibilizar tal conteúdo para a população local e os visitantes que não mergulham. Para Bernardo Mussi, “mostrar as riquezas e as fragilidades do local poderá despertar nas pessoas a necessidade de cuidar, evitar o lixo, ajudar a conservar”. Por questões técnicas a Prefeitura Municipal de Salvador abraçou a causa. Em 2017 foi criado um grupo de trabalho com representantes da Secretaria da Cidade Sustentável, UFBA, UNIFACS, IF BAIANO e projeto Fundo da Folia para seguir com o processo de criação.

“Após muitas discussões nas passagens por diversas instituições públicas e privadas foi elaborado o projeto definitivo pelo grupo de trabalho. No final do ano passado uma audiência pública na UFBA avaliou positivamente a proposta e encerrou a fase sobre o modelo a ser implantado”, lembra o ativista.

Após a audiência o projeto foi submetido ao crivo dos órgãos públicos das três esferas de governo que possuem competência administrativa na área. Sem embargos, foi submetido à Procuradoria do Município que avaliou a demanda positivamente e enviou o projeto ao prefeito. A criação depende agora da assinatura do decreto.

Este é um exemplo prático de conquistas que podem ser alcançadas através de ações da sociedade civil organizada em parceria com o poder público. “O Fundo da Folia é um projeto totalmente voluntário. Não é formalizado, não possui sede, não tem dono e nunca recebeu verba de qualquer fonte. Ele se sustenta única e exclusivamente com a ação dos seus voluntários e a difusão de suas ações nas redes sociais. Uma opção que deu consistência e credibilidade ao projeto a ponto de chegarmos ao Parque Marinho da Barra”, conclui Bernardo.

Realmente, ao longo de 9 anos e mais de 200 mergulhos retirando milhares de resíduos do fundo do mar, voluntariamente, o Fundo da Folia passou a ser referência na maneira de realizar suas ações. Uma maneira inovadora em que as necessidades financeiras e burocrática deixaram de ser obstáculos à vontade de um grupo que quer efetivamente participar da gestão de sua cidade.

Que o exemplo dessa história de sucesso sirva de incentivo ao avanço de outras iniciativas importantes. Em especial, a dois outros projetos interessantes para a Baía de Todos os Santos: o Parque dos Naufrágios Artificiais e o Museu Subaquático da Bahia. Porque além de gerar mais negócios, serviços e atenção às riquezas subaquáticas de Salvador, deverão inspirar outras ações igualmente sustentáveis.

* É Produtora Cultural voluntária do projeto Fundo da Folia Facebook - https://pt-br.facebook.com/projetofundodafolia/  Instagram - https://www.instagram.com/fundodafolia