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Murilo Gitel
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Sabia que ao comer 500 gramas de carne você gasta, sem perceber, 7.700 litros de água, o equivalente a 762 galões? Lembra daquela sacolinha plástica que você jogou na rua? Ela vai levar de 100 a 400 anos para se decompor e até lá pode contaminar rios, mares e animais. O dever de cuidar do planeta não é apenas de empresas e governos, mas também seu. Todos temos que cobrar de empresas, governos e pessoas próximas que elas também cumpram com o dever de preservar as riquezas deste planeta para as próximas gerações, cuidar de “Nossa Comum”, como sugere o Papa Francisco na Encíclica Laudato Si, divulgada em 2015.
E sobram motivos para nos responsabilizarmos pelo meio ambiente. Segundo a ONU, dois terços da população mundial vivem hoje em áreas com escassez de água pelo menos uma vez ao ano. E cerca de 500 milhões habitam regiões onde o consumo de água é o dobro dos recursos hídricos. Outra questão que depende de melhores atitudes em nível mundial é o controle das mudanças climáticas, responsáveis pelo aquecimento global. Se não forem controladas, as alterações bruscas do clima promoverão o retrocesso de uma grande parte dos progressos realizados nos últimos anos em termos de desenvolvimento. Também pode exacerbar, como já vemos, ameaças atuais – como a escassez de alimentos e água -, que potencialmente leva a guerras e conflitos.
O diretor-presidente do Instituto Akatu, Hélio Mattar, utiliza um dado da última pesquisa da ONG sobre a percepção dos consumidores acerca do tema para mostrar que ainda há um caminho longo a ser percorrido.“Boa parte das pessoas não tem a menor ideia do que seja a sustentabilidade. Apenas 7% sabem o que significa”. Amplitude
Para Hélio Mattar, os cidadãos deixam de reconhecer que também têm responsabilidades para com o planeta porque, muitas vezes, a sustentabilidade é apresentada a eles como um problema muito amplo, que a princípio não teria muita relação com o cotidiano deles, a exemplo do desmatamento da floresta amazônica.
“Logo vem a ideia de que não podem resolver um problema desse tamanho, mas, se for mostrado que ao comerem carne de gado podem estar contribuindo com essa devastação, fica mais fácil de compreender”, defende.
Ele enfatiza que é preciso “mobilizar as pessoas e fazer com que elas saibam que qualquer ato de consumo individual praticado hoje, mesmo que não de imediato, vai impactar a todos”.
O diretor da ONG lembra que embora sejamos indivíduos, nossas ações têm impactos diretos sobre a família, amigos e parte da comunidade. “O ato de consumo é endêmico, pois se espalha. Então, uma pessoa não é só uma pessoa. São várias pessoas”.
Etapas
Na concepção do diretor-presidente do Akatu, o cidadão precisa, primeiramente, refletir melhor sobre essas três etapas para contribuir: o momento da compra, o momento do uso e o momento do descarte de produtos e serviços. Hélio Mattar também ressalta que é fundamental que a criança aprenda, desde cedo, sobre a questão do consumo, a fim de que tenhamos adultos mais conscientes.
Sobre o papel de governo e empresas, ele entende que esses atores “perdem uma grande oportunidade” no que diz respeito ao papel da conscientização."As empresas poderiam adotar a sustentabilidade de modo mais consistente em suas estratégias de negócios, educando seus consumidores, em vez de querer apenas vender a ideia de que são sustentáveis. O governo não faz campanhas. Poderia aproveitar o tempo que dispõe na mídia para dar dicas sobre compra, uso e descarte de produtos e serviços”, aponta Mattar.Por essas razões é mais que necessário que você faça a sua parte. Consumir produtos ambientalmente corretos, evitar empresas com histórico negativo em nível ecológico e promover a reciclagem estão entre as medidas que podem ser adotadas. Mas há muitas outras. Confira:
1 - Economize água
A água é um recurso natural fundamental para a sobrevivência dos seres vivos e indispensável também como recurso para produção, desenvolvimento econômico e qualidade de vida. Embora 70% da superfície terrestre seja coberta pela água, somente 1% de todo o recurso natural existente está disponível para o consumo humano. E, mesmo assim, esse baixo percentual está sujeito a desigualdade na distribuição e seriamente ameaçado de escassez. É fundamental reduzir o consumo de água. A ideia não é deixar de usar o recurso, mas sim ter consciência de que é importante poupá-lo.
2 - Poupe energia
Uma das maneiras mais simples de ajudar a reduzir os danos ao planeta e ainda economizar um bom dinheiro é diminuindo seu consumo energético. As residências e o comércio do Brasil já são responsáveis pelo consumo de 42,5% de toda a eletricidade utilizada no país. Portanto, se conseguirmos mudar nossos hábitos e reduzirmos nosso gasto em casa e no trabalho estaremos contribuindo com uma parcela relevante do setor de energia.
3 - Evite o desperdício de alimentos
Na hora de comprar alimentos também podemos adotar medidas simples que evitam o desperdício de água, gás, combustível e comida. Antes de sair para o supermercado, planeje o cardápio da semana. Desse modo, você compra apenas o suficiente, sem deixar que nada se estrague desnecessariamente. Dê preferência ao consumo de frutas e legumes da estação. Além de mais baratos, indiretamente você também economiza em combustível, diminuindo a emissão de poluentes na atmosfera por conta das distâncias mais longas que os produtos fora de época usualmente requerem em seu transporte.
4 - Coma menos carne
Você sabia que para produzir 1 kg de carne bovina são necessários 15.400 litros de água (1.525 galões)? O dado é da organização internacional Water Footprint. Se cortar de vez a carne do cardápio está além da sua boa vontade, experimente começar aos poucos. Comer carne apenas nos fins de semana é um bom começo para ajudar a poupar o meio ambiente, a sua saúde e, claro, o seu bolso. Tente deixar as carnes, especialmente a vermelha, apenas para sábados e domingos, e experimente novos pratos de segunda à sexta-feira. Fazendo isso você reduz em 70% o seu consumo do produto e contribui com a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, produzidos, em larga escala pelo desmatamento causado pela pecuária ostensiva.
5 – Reutilize, Reaproveite e Recicle
Inclua no seu cotidiano os famosos 3R's: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. O primeiro passo é sempre pensar em reduzir o consumo, seguido de reutilizar ou consertar o que puder, para somente depois começar a pensar na reciclagem. “Lixo” é tudo aquilo que criamos ao jogar fora sem cuidado ou consciência aquilo que não nos é mais útil. Vivemos em um planeta cíclico, que reaproveita tudo que produz e onde nada “sobra”. Ainda assim, agimos como se o nosso lixo desaparecesse toda que vez que o jogamos na lixeira, o que resulta em aterros sobrecarregados. Viva em um mundo com menos resíduos.
6 - Ande mais de transporte público
Você pode começar alternando os dias e deixando o carro na garagem algumas vezes por semana. Experimente diferentes meios de transporte, como ônibus, metrô, bicicleta ou a pé, e veja o que é melhor para a sua realidade. Aos poucos você pode descobrir que andar de ônibus e metrô, por exemplo, pode ser tão eficiente quanto de carro, com as vantagnes de poluir menos o meio ambiente, evitar os engarrafamentos e reduzir a conta de combustível no final de mês. De quebra você ainda pode aproveitar a viagem para ler um livro, ouvir uma música ou bater um papo sem precisar se preocupar com o trânsito.
7 - Seja um consumidor consciente
Todos são responsáveis por promover um consumo consciente e justo – para quem produz, para quem compra e para o meio ambiente. Por isso, faça a sua parte e aja como um comprador responsável, estando atento a todos os detalhes do produto ou serviço que for consumir. Valorize empresas responsáveis com questões socioambientais, informe-se sobre todos os impactos ambientais e sociais causados pela fabricação, transporte e venda daquele produto, evite gastos desnecessários, pesquise antes de abrir a carteira, busque a melhor relação entre preço, qualidade e atitude social em produtos e serviços oferecidos no mercado, atue de forma construtiva junto às empresas para que elas aprimorem seus processos e suas relações com a sociedade e mobilize outros consumidores para a prática do consumo consciente.
8 - Preserve as árvores e rios
Não realize podas ilegais e nunca desmate uma área. É importante também não colocar fogo em propriedades, pois isso pode atingir matas preservadas. Nunca coloque lixo em rios, lagos e outros ambientes aquáticos e, principalmente, preserve a mata em volta desses locais. Essa mata protege contra erosão e assoreamento.
9 – Seja voluntário
Organize seu tempo, escolha uma instituição com a qual você se identifica e seja um voluntário. Só é preciso disposição para ajudar. Pode ser no auxílio a pessoas doentes, no recolhimento de cães desabrigados ou defendendo a Amazônia – o importante é fazer a sua parte. E se você não encontrar nenhuma ONG com a qual se identifica, pode fazer ações individualmente, como participar de campanhas, mobilizar grupos ou apoiar projetos públicos. Caso você não tenha tempo livre para ir até uma dessas instituições, procure por voluntariados on-line: uma opção para quem quer ajudar, mas só pode fazê-lo em casa ou em seu ambiente de trabalho, em alguns momentos específicos.
10 - Informe-se
A informação é uma das maiores ferramentas para uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável. Por isso, toda vez que for escolher um produto ou serviço, que for tomar alguma decisão ou formar uma opinião, informe-se muito bem. Um cidadão bem informado é capaz de tomar atitudes mais coerentes e responsáveis e assim provocar as mudanças que o mundo precisa.