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Matheus Oliva
Publicado em 10 de fevereiro de 2024 às 09:34
Na última terça-feira, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, expôs, em evento do banco BTG, um panorama brasileiro e mundial de tendências macroeconômicas para 2024. Políticas fiscais, monetárias, juros, inflação, endividamentos das nações entre outras. Uma série de sinalizações baseadas em evidências pregressas que orientam a tomada de decisões econômicas. Tudo acontecerá de acordo com o previsto se os imprevistos não acontecerem. Teimam acontecer.
O mundo, para Nouriel Roubini, sagaz economista, turco residente nos Estados Unidos, está ameaçado da explosão de uma bolha financeira. A dívida dos países soma astronômicos 350% (!) da soma dos PIB. O mundo, nem mesmo os EUA, têm lastro para honrar seus compromissos. A vantagem é que o mundo não deve aos milicianos que ocuparam os espaços urbanos povoados por gente desassistida pelo Estado. Os Estados podem emitir moeda para pagar suas dívidas. Infinitamente?
O clima é outra ameaça. Sabe-se lá se o Agro, mundo afora, aguentará tantas alterações nos ciclos naturais entre chuva, estio, ventos e temperatura. 50% do PIB brasileiro está ancorado no cadeia do agro.
Outra. A III Guerra mundial está sendo ensaiada em nítida insatisfação geral com tudo e entre todos. O outro é inimigo. Poucos são amigos. São mesmo? Conflitos e guerras por territórios, rotas comerciais, drogas, dinheiro, emprego, alimento, tecnologia, riquezas da natureza, poder oficial, poder paralelo e por ideologias afirmativas do que é certo e do que é errado. Pressão.
Acertada a abordagem de Roberto Campos Neto sobre a logística do comércio exterior como fator da equação da economia global. Fretes marítimos são indicadores do nível de competitividade e são sinalizadores antecipados de índices inflacionários. A disrupção dos mercados na pandemia deixou isto cristalino. O mundo vive surto inflacionário. Para 2024 os fretes já pressionam algumas cadeias de suprimento que estavam se estabilizando. Os Houthis alvejam navios mercantes, no Mar Vermelho, onde fica o Canal de Suez, que rende bilhões de dólares por ano ao Egito. Interrompe-se o tráfego, a alternativa é dar a volta na África. Fretes mais altos, viagens mais extensas. A depender da duração e da intensidade do aumento, o preço do pão sobe.
A teoria de guerras navais ensina que estreitos marítimos são estratégicos. Rotas mais curtas e navegação mais segura do que a sua alternativa. A única base de apoio militar da China, fora do seu território, não à toa, fica na entrada sul do estreito Mar Vermelho, em Diboutji, no chifre da África . Os EUA questionam a falta de ação da China contra os Houthis financiados pelo Irã. A China faz ouvidos moucos. Não há como prever o desfecho. A história mostra que escalar a tensão e partir para o conflito é tão humano quanto respirar. Será?
No céu, outra ameaça. Liderada por Nour Raouafi, tunisiano residente nos Estados Unidos, a Missão da Sonda Parker, lançada pela Nasa em 2018 percorreu 96% da distância entre a Terra e o Sol. O objetivo é a melhor compreensão das Erupções de Massa Coronal (EMC) e seus impactos na Terra. As EMC são explosões violentas que podem expelir campos magnéticos e bilhões de toneladas de plasma a velocidades que atingem 3.000 quilômetros por segundo. A Magnetosfera protege a Terra
das EMC. Para sempre? Quando as explosões solares atingem a Magnetosfera, formam o espetáculo da Aurora Boreal. Em 1859, uma intensa explosão solar resultou em uma EMC que afetou a vida na Terra. Auroras espetaculares foram vistas em latitudes muito baixas. Estações telegráficas pegaram fogo interrompendo as comunicações. As EMC podem gerar espetáculos aurorais e, potencialmente, devastar sistemas eletrônicos de satélites e redes elétricas no solo. A depender do ânimo do Astro Rei, a vida na Terra pode desaparecer em minutos.
E ainda, para muitos, a grande ameaça à humanidade, o grande algoz do mundo contemporâneo, é o país mais rico, mais poderoso, mais democrático, mais meritocrático, mais aberto e mais livre dos últimos 100 anos, que saiu de colônia a potência por força de vontade coletiva própria. Com suas mazelas, suas chagas, muitas ainda expostas. Não são poucas, não são simples. O país que investe bilhões do orçamento público para entender, sob a liderança de um árabe do norte da África, como proteger o planeta da ira do Astro Rei. Os Estados Unidos.
Guerra mata, inveja também. E o primeiro estilhaço surge quando são lançadas pedras a partir de telhados de vidro.
Boa folia, Brasil.
Matheus Oliva
Criador da MO - Movimento &Oportunidademo
@matheusoliva.com.br