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Herdeiros de Dodô processam herdeiros de Osmar; entenda a treta

Ação judicial é movida no ano em que se comemora os 75 anos da genial invenção do trio que revolucionou o carnaval baiano

  • Foto do(a) author(a) Osmar Marrom Martins
  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 21 de março de 2025 às 12:15

Dodô, Armandinho e Osmar
Dodô, Armandinho e Osmar Crédito: Arquivo da família de Dodô

Com certeza Dodô e Osmar, lá no céu, não estão gostando nada dessa história. Mas o fato é que, no ano em que a genial invenção de Dodô e Osmar comemora 75 anos, veio à tona um processo que está rolando na justiça desde 2023, no qual os herdeiros de Dodô, tendo à frente sua filha caçula, Rita Bárbara, reivindica um maior protagonismo.

Sob o número: 8000679-06.2024.8.05.0001 e enquadrado como procedimento comum cível, a ação tramita na 10ª Vara Cível e Comercial de Salvador e o valor da causa é de R$ 50 mil. A última movimentação do processo ocorreu no dia 8 de janeiro do ano passado. Na ação, a herdeira de Dodô questiona sobre direitos da personalidade e direito autoral. O processo não corre em segredo de justiça.

Essa treta já tinha sido levantada pelo jornalista André Uzeda, em matéria publicada pela Revista Piaui. Mas pouca gente tomou conhecimento. Quando Armandinho passou a usar o nome Armandinho e Família Macêdo ao invés de Banda Armandinho Dodô e Osmar como era habitual, começou um burburinho para saber qual o motivo.

Resolvi entrar em campo e procurar entender o que realmente aconteceu. Primeiro fui falar com Carlinhos de Dodô, neto do parceiro de Osmar que está se mobilizando para divulgar essa história. Mas como ele afirmou em conversa com o CORREIO: “Não existe racha entre as famílias. Existe, por parte de nós, herdeiros de Dodô, um posicionamento em busca de um maior protagonismo de nosso avô que está quase esquecido”.

E ele explica: “A utilização do nome de Dodô na placa do trio elétrico Armandinho Dodô e Osmar não valoriza seu legado. É apenas um evento comercial. O trio movimenta o legado de Osmar Macêdo mas nós somos resumidos ao nome na placa e vemos a história de Dodô embranquecida. Queremos que todos saibam da importância de Dodô (que é nome do circuito Barra-Ondina) hoje o mais importante do Carnaval.

Carlinhos prossegue: “Meu avô tocava com Dorival Caymmi. Se não fosse Dodô, os filhos de Osmar nem seriam músicos. Estariam trabalhando com o pai na Metalúrgica. Por isso criamos uma banda DNA Dodô para que esse legado não caia no esquecimento e não vamos deixar nosso avô ser esquecido ou ficar relegado a um segundo plano. De jeito algum”.

BandaDNADodô
BandaDNADodô Crédito: Divulgação

E para encerrar, Carlinhos de Dodô enfatiza: "A gente não quer briga. A gente só quer a busca pelos nossos direitos e que a história de Dodô seja contada como ela é. Sem embranquecimento. Dodô era um homem preto. E tem que ser protagonista também. Existe, inclusive uma tese de doutorado de Edvar chamada Soteropoetica no qual ele dedica um capítulo inteiro ao protagonismo de Dodô no processo de amplificação sonora no Carnaval”.

Procurado pela reportagem, o querido Armandinho Macêdo, considerado um dos maiores guitarristas do Brasil, falou com a reportagem do CORREIO: “Marrom, é uma loucura tudo isso. Esse rapaz contagiou toda a família achando que a gente ficou rico que estamos ganhando dinheiro em cima do nome de Dodô. E ele acha que foi Dodô que fez tudo sozinho. Quer apagar a história de Osmar. Dodô e Osmar eram muito amigos e Osmar fez tudo por Dodô. Inclusive me pediu que toda a música que ele compôs, registrasse como sendo em parceria com Dodô para que ele ganhasse um dinheiro em Direito Autoral.


Indignado com tal situação, Armandinho diz mais: “Dodô foi um cara importantíssimo, principalmente quando a gente tinha uma empresa de Metalúrgica. Agora querer também esquecer da importância de Osmar, isso não é justo. Outro dia, numa live ele me chamou de “cara de pau”, me esculhambou. Até questionou o fato de eu ter sido o inventor da guitarra baiana”.

Irmãos Macêdo
Irmãos Macêdo Crédito: Felipe Oliveira

E mais prossegue Armandinho: “ Ele fala porque o Dodô é preto e não foi considerado. Já falando em racismo, coisa que não existe. Diz que somos os piratas que roubaram o ouro da família. Mas nós temos um advogado que está cuidando de tudo isso. O que importa é que Dodô eletrizou e Osmar trieletrizou, toda essa história.

E Armandinho conclui: “ Ele não sabe o que a gente gasta para colocar o trio elétrico na rua e o ano passado não ganhamos um tostão. Este ano nas comemorações dos 40 anos da Axé Music, desfilamos e ainda não recebemos nada dos [órgãos oficiais. Eu fico chateado com isso tudo, me acusando de “usurpador” quando na verdade eu e meus irmãos estamos sempre lutando para manter o legado histórico de Dodô e Osmar”.