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Perla Ribeiro
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 11:07
Quando se fala da prática de atividade física, as pessoas remetem logo à ideia de saúde, de qualidade de vida, da busca por um corpo definido... Pra quem não aderiu ainda à rotina de uma vida em movimento, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) traz mais um alerta que serve de incentivo: a prática de atividade física é indicada para além da qualidade de vida geral, mas como estratégia essencial para prevenção e controle do câncer.
De acordo com o Inca, alinhado à Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), a prática regular de exercícios reduz significativamente o risco de diversos tipos de câncer, como os de mama, próstata, endométrio, cólon e reto. Além disso, beneficia pacientes em tratamento, ajudando a melhorar a aptidão cardiorrespiratória, o estado psicossocial, o sono e a qualidade de vida, além de reduzir a fadiga e prevenir o comprometimento funcional.
O Instituto alerta ainda que a atividade física, quando adaptada às condições individuais, é segura e eficaz para pacientes em diferentes estágios do tratamento oncológico. Exercícios pré-operatórios, por exemplo, podem reduzir complicações e o tempo de internação para os que têm câncer de pulmão. Porém, é fundamental que o plano de cuidados inclua orientação profissional para garantir que os exercícios sejam realizados de forma segura e integrada ao tratamento.
Manter-se ativo deve ser parte da rotina diária de toda a população, tanto para a prevenção quanto para o controle de câncer. Profissionais de saúde e gestores públicos têm papel fundamental na promoção desse hábito, desmistificando o senso comum de que repouso é a melhor estratégia para pacientes oncológicos.
Um levantamento realizado em 2019 aponta que, apenas 40% da população brasileira adulta (acima de 18 anos) é fisicamente ativa no tempo livre, enquanto 37% é considerada insuficientemente ativa. Há, ainda, desigualdades de acesso à atividade física: mulheres, idosos, pessoas negras e indivíduos com menor escolaridade são os grupos mais prejudicados.
Na prática, isso significa que a inatividade física na população tem impacto direto nos custos do Sistema Único de Saúde (SUS). O Inca estima, por exemplo, que, em 2018, R$ 94,7 milhões dos gastos federais com atenção oncológica no sistema público foram atribuíveis à inatividade física no tempo livre. Se nada mudar, esse valor pode atingir R$ 146,9 milhões em 2030. No entanto, uma redução de 10% nesses dados de sedentarismo poderia gerar economia de R$ 20,4 milhões até 2040.