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Agência Einstein
Publicado em 28 de junho de 2024 às 08:16
Nas últimas sete décadas, a expectativa de vida mundial subiu de 47 para 73 anos. No entanto, esse ganho não é sinônimo de mais saúde: estamos vivendo mais, mas não necessariamente melhor. Para se ter uma ideia, a expectativa de vida no Brasil é de aproximadamente 76 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); mas estima-se que o brasileiro viva apenas até os 65 sem doenças ou incapacidades significativas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). >
Por isso, em vez de lifespan (termo em inglês para expectativa de vida), especialistas vêm falando cada vez mais sobre healthspan, conceito relativamente novo que está ganhando popularidade à medida que a medicina e a sociedade colocam mais ênfase não apenas em prolongar a vida, mas em melhorar a qualidade dos anos vividos, preservando funcionalidades e cognição. >
Daí porque o período de 2021 a 2030 foi declarado a Década do Envelhecimento Saudável pelas Nações Unidas (ONU). “Essa ideia está alinhada com uma abordagem mais global de saúde, que busca promover um estilo de vida saudável desde a juventude até a velhice. E isso depende de vários fatores, como acesso a cuidados de saúde, incluindo alimentação, atividade física e prevenção e controle de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade”, explica o médico nutrólogo Diogo Toledo, do Hospital Israelita Albert Einstein. >
Com a descoberta de microrganismos no século 19 e o posterior desenvolvimento de antibióticos e vacinas, a ciência conseguiu reduzir a mortalidade e estender a expectativa de vida. Mas a prática estava focada no tratamento de doenças e cuidados com episódios agudos. Agora, a medicina entrou em outro momento, mais voltado a predição e prevenção, em que há muitos recursos e tecnologia que permitem alongar a vida com qualidade.>
Segundo Toledo, a diferença entre lifespan e healthspan nos índices brasileiros reflete os desafios que o país enfrenta em termos de saúde pública e bem-estar em geral. “Para melhorar o healthspan é preciso investir em prevenção de doenças, promoção de um estilo de vida saudável e melhorar o sistema de saúde”, diz. Por exemplo, atualmente, estima-se que um terço das crianças seja portadora de obesidade e esse número deve aumentar para 50% em 2035. “Isso é fator de risco para doenças cardiovasculares e diabetes”, lembra o especialista. >
Além disso, sabe-se que o investimento em saúde, capaz de levar melhor atendimento e tratamento à população, também acaba reduzindo custos. “Não se trata de combater o envelhecimento, mas de trazer ganhos que permitam aproveitar melhor essa etapa da vida, o convívio com a família, as atividades de lazer”, explica Toledo. “E já vemos uma mudança geracional, as pessoas querem que isso se estenda também para seus filhos e netos.”>
Como expandir o healthspan>
Segundo o médico Diogo Toledo, do Einstein, podemos considerar como pilares do envelhecimento saudável:>
Prevenção de doenças>
Evitar enfermidades por meio de vacinação, triagens regulares e controle dos fatores de risco para males crônicos — como diabetes, obesidade, hipertensão e colesterol alto, que abrem caminho para problemas cardiovasculares, além de doença renal, demência, entre muitas outras condições.>
Estilo de vida saudável>
Manter hábitos de vida como alimentação saudável, prática de exercícios físicos regulares, sono adequado e manejo do estresse.>
Saúde mental>
Cuidar de transtornos como depressão, ansiedade, além do isolamento social, todos fatores de risco para diversas condições.>
Ambientes saudáveis>
Estimular ambientes que promovam a saúde, incluindo acesso a espaços verdes, ar limpo e água potável.>
Espiritualidade>
Estudos mostram que pessoas com fé — independentemente da crença ou vertente religiosa — reagem melhor a situações adversas, o que traz ganhos à saúde mental.>