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Casos de dengue na Bahia aumentam 43%

Número de mortes pela arbovirose em 2022 é o maior desde 2019

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 26 de janeiro de 2023 às 05:00

. Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Os indicadores da proliferação da Dengue na Bahia em 2022 voltaram a ligar o alerta de médicos especialistas. De acordo com boletim da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), ao longo do ano, foram registrados 35.644 casos prováveis da doença, um aumento de 43% em relação aos números de 2021, quando 24.761 baianos passaram pela mesma situação. Dentre os casos prováveis, apenas 261 (0,5%) foram identificados como Dengue com Sinais de Alarme (DSA) e 52 (0,1%) como Dengue Grave (DG).

Apesar disso, Maria Glória Teixeira, epidemiologista e professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Ufba, diz que a situação é perigosa.”Estamos muito preocupados com a situação das arboviroses. Principalmente da Dengue porque aumentou muito. Na Bahia, foi muito mais do que nos dois anos anteriores. E como estamos no início do verão, o pico das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, que é entre março e abril, já está por vir”, fala.

Para o infectologista Matheus Todt, a situação é ainda mais complicada por conta dos casos que não são registrados e acontecem. ”O cenário mostra-se ainda mais sombrio quando considerarmos que as arboviroses são subnotificadas. Isso pode representar um aumento expressivo dos óbitos por Dengue, de sequelas por Chikungunya e de malformações, como a microcefalia, pela Zika”, aponta. 

Os dados já representam um aumento no número de mortes. Ao todo, 24 baianos faleceram contaminados pela doença. Desde 2019, quando morreram 40, não se registrava tantos óbitos. Em 2020, foram 13 e, no ano passado, quatro. A reportagem procurou a Sesab para saber se já planeja ações para combater o avanço da Dengue e se a situação atual preocupa.

Em nota, a Sesab explicou que os números são dinâmicos e depende de notificação oportuna dos municípios nos sistemas de notificação para monitoramento. "O aumento no percentual dos casos prováveis indica que os municípios e a população não estão realizando as ações diárias básicas de eliminação de possíveis criadouros", escreve em resposta.

Procurado, o Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES) informou que acompanha com temor a situação. O presidente Marcos Sampaio falou com a reportagem e pediu iniciativas para conter a proliferação da Dengue. "Esses aumentos no número de casos e óbitos trazem uma preocupação grande para o conselho. Acredito que a gestão estadual deve entrar em alerta para os casos. Precisamos ter uma compreensão de que, no período do verão, é preciso ter ações conjuntas orientadas pelo estado”, afirma.

O CES indica campanhas para falar dos cuidados necessários e as medidas para não contribuir com a proliferação da doença. Isso para que a população faça sua parte e, neste verão, não aconteça um novo aumento.

Regiões críticas

As regiões Sul com 12.405 (21,6%) casos e a Sudoeste com 8.686 (15,1%) dos registros são as áreas onde a doença mais se desenvolveu. Ao comentar a situação, Maria Glória, diz que se trata de um cenário complicado porque a incidência da Dengue, na verdade, é mais comum nas regiões Norte e Nordeste do estado, onde o clima é mais favorável à proliferação. “No Sul e Sudoeste, sempre tivemos epidemias com menor magnitude. O que chama atenção é que o número de mortes está muito alto. Deve haver uma intervenção precoce nos pacientes para evitar isto", afirma a epidemiologista. 

Matheus Todt diz que é até comum ver, de tempos em tempos, um crescimento na curva de casos, mas a situação das regiões é alarmante e demanda uma atenção especial. “As arboviroses têm comportamento cíclico. A cada 4 anos vemos um aumento considerável do número de casos. Porém, um aumento tão expressivo deve soar o alerta para uma intervenção rápida por parte das autoridades”, fala o médico infectologista.

De acordo com a Sesab, as causas do aumento nessas regiões são as chuvas registradas nestes territórios, a diminuição das ações de agente de endemias municipais e a falta de consciência da população. A pasta informa ainda que já desenvolve algumas ações para lidar com o problema. 

"Reuniões com as regiões de saúde, envio de equipes técnicas, liberação de carro fumacê quando há indicação técnica, busca ativa de casos compatíveis com Dengue/Chik/Zika pelas equipes de vigilância epidemiológica municipal, nas proximidades dos casos notificados e nas unidades de saúde", são algumas das ações citadas pela Sesab.

Ação em Salvador

Em Salvador, ações preventivas também estão sendo desenvolvidas. Ao todo, três mil imóveis já foram visitados e quase seis mil depósitos inspecionados, sendo que mil criadouros do Aedes aegypti foram eliminados na operação Verão sem Mosquito, que é realizada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), através do Centro de Controle de Zoonoses, durante os finais de semana de 2023 em oito bairros da capital baiana.

A operação segue acontecendo nos bairros de Tubarão, Periperi, Massaranduba, Vila Ruy Barbosa, Mussurunga, Itapuã, Cajazeiras IV e Fazenda Grande IV, que são considerados prioritários pela SMS. Na ação, agentes do CCZ realizam a visita casa a casa para inspeção, identificação e eliminação de focos do mosquito, bem como o bloqueio espacial com a aplicação de inseticida. 

“Estamos com nossas equipes atuando ostensivamente para conter a proliferação do mosquito e, consequentemente, evitar o aumento dos casos, sobretudo nesse período do ano quando a cidade tem maior circulação de pessoas de outras cidades do país e do mundo”, destacou Andréa Salvador, diretora de Vigilância à Saúde.  

No próximo final de semana, a estratégia seguirá em outras regiões da cidade. A programação das ações será divulgada durante a semana.