Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2017 às 09:07
- Atualizado há 2 anos
Trabalho levado para casa. Falta de tempo para atividades relaxantes ou para a família. Má alimentação. Incapacidade de enxergar perspectivas. Tensão no trânsito. Pavor da violência urbana. Todas essas situações são vividas por quem sente estresse. E não são poucas as pessoas afetadas por essa doença. O Brasil ostenta o título de segundo mais estressado do mundo em um ranking com dez países, feito pela International Stress Management Association (Isma - Brasil). Na nossa frente apenas os japoneses.
O que mais estressa o brasileiro, segundo o estudo, é o trabalho, segundo 69% dos entrevistados. Eles relataram sofrer com as longas jornadas, sobrecarga de tarefas e a tensão no ambiente corporativo. Foi por causa do desgaste do trabalho que a dona de casa Ana Lúcia Nascimento, 57 anos, se afastou da empresa em que trabalhou por três anos. “Em tese, eu devia começar às 17h e sair às 23h45, mas como o trabalho era em uma distribuidora de medicamentos, que funcionava a partir dos pedidos, tinha vezes que chegava às 5h”, conta. “Havia muita pressão dos chefes. Chegava em casa e não dormia, ficava ansiosa e desenvolvi depressão”, completa.
O caso de Ana Lúcia exemplifica os dados da Previdência que apontam que, só no ano passado, foram feitos 3.565 pedidos de afastamento. Em 2015, este número foi de 2.899. Quando somados aos problemas de depressão e transtornos mentais, que podem vir de quadros de estresse elevado, o número de pedidos de afastamento do trabalho chega a mais de seis mil. O estresse perde somente para os traumas ósseos e para as lesões causadas por esforço repetitivo como razão para afastamento do trabalho.
De acordo com o psicólogo e conselheiro do Conselho Regional de Psicologia 3ª Região, Renan Rocha, boa parte do estresse no trabalho vem em função da centralidade dele na vida das pessoas. “Nós nos apresentamos a partir do trabalho e ele é parte de nossa identidade, mas é preciso entender o sentido dele na própria vida e perceber os sinais de conflito”, destaca. “Deve-se perceber que o trabalho tem um tempo de se iniciar, de se fazer e de ser concluído. E ele precisa ser vivido nesse espaço de tempo e não fora de seu ambiente próprio”, orienta.
InfartoO estado de estresse prolongado pode levar a casos de infarto. É que nas situações de tensão, o corpo libera substâncias no sangue capazes de alterar o ritmo do coração. “O estresse é um gatilho para as doenças cardiovasculares. Pacientes com aterosclerose (acúmulo de gordura no sangue) podem sofrer com a formação de coágulos e assim o estresse pode levar a um mal súbito ou infarto”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC-BA), Nivaldo Filgueiras.
Os médicos afirmam que não há causa única para o estresse. Ele está associado, normalmente, aos excessos e experiências negativas. De acordo com a psiquiatra e conselheira do Conselho Regional de Medicina da Bahia, Rosa Garcia, o estresse pode ser entendido em três tipos.
O primeiro é o de transtorno de adaptação: que é o caso das relações externas em que o contexto geral pesa, como o trabalho e família. Nesse caso, a adaptação à vida cotidiana fica comprometida. O segundo, o agudo, que é provocado por desordem, como uma notícia ruim. E o terceiro é o pós-traumático, cuja experiência e efeitos variam de um indivíduo a outro, que está relacionado aos acidentes ou experiências como assaltos.
Ainda segundo os especialistas, o acompanhamento médico sozinho não resolve a situação. Para eles, a saída está em diminuir o ritmo e reservar tempo para desenvolver atividades que proporcionam bem-estar e felicidade. “É preciso construir outros hábitos, tentar regularizar o sono, ter alimentação regular e adequada, reservar tempo para atividade física e se permitir a ter momentos de prazer, que podem ser qualquer coisa, desde um livro até sair para tomar um sorvete. Além de ter boas relações afetivas, estar perto de pessoas que contribuam para elas”, explica Renan Rocha.
Supere o estresseFaça o que gosta Mesmo com atividades profissionais no dia a dia, reserve uma parte do seu tempo para se dedicar a algo que gosta. Vale qualquer coisa que te faça se sentir bem, de um filme a uma viagem.
Divida seu tempo Otimize o seu tempo e divida entre trabalho, lazer e descanso. Tenha em mente que existe um tempo de início e de término das atividades
Durma bem O sono é fundamental para manter as atividades vitais do corpo, logo, garanta as oito horas de sono.
Mova o corpo Elimine as tensões com atividades físicas. Há várias opções que vão de caminhada à musculação. A atividade física deve ser feita com objetivo de proporcionar bem-estar a quem faz.
Coma bem Além das atividades físicas, manter a alimentação saudável proporciona bem-estar e reforça a imunidade.
Lazer é necessário Reserve momentos para diversão, encontrar amigos, ouvir música, ler um livro ou mesmo caminhar na praia.
Espiritualidade Manter um lado espiritual ajuda a combater a ansiedade e o estresse, dedique seu tempo a atividades mais espiritualizadas que visem o autocuidado, como meditação e ioga.
Trabalho Os especialistas comumente afirmam que um bom trabalho é quando não se sente que está trabalhando. Por isso, dedique-se a atividades que realmente gosta e sinta prazer ao executá-las.
Desligue-se Ao deixar o trabalho, desligue-se completamente da empresa. Ao se distanciar das atividades, é possível relaxar. Vale, inclusive, evitar ver e-mails ou mensagens de grupos de trabalho.
Relacionamentos Esteja cercado de relações positivas. Evite relacionamentos abusivos e destine um tempo para passar na companhia de familiares e amigos.