Junho é o mês campeão em queimaduras por fogos de artifício

Especialista alerta para os procedimentos necessários em casos de acidentes

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 21 de junho de 2024 às 08:45

HGE tem aumento no número de pacientes com queimaduras durante o São João
HGE tem aumento no número de pacientes com queimaduras durante o São João Crédito: Divulgação

Época marcada pelo forró, pelas bandeirolas e pelas fogueiras, o São João demanda atenção quanto aos riscos de acidentes durante as festividades. De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), 49 pessoas foram atendidas no estado por conta de queimaduras nos dias 23 e 24 de junho de 2023. O número é um aumento de aproximadamente 14% em relação ao mesmo período de 2022, quando 43 vítimas receberam atendimentos nos hospitais de referência do estado.

No Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, o número de atendimentos aumentou 50% no período, indo de 26 ocorrências, em 2022, para 39, em 2023. Em outras unidades, a realidade foi diferente: no Hospital Regional de Juazeiro, o número de atendimentos caiu de oito, em 2022, para três, em 2023. No Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus (HRSAJ), as ocorrências caíram de 12 para sete no mesmo período.

No caso de queimaduras por fogos de artifício, é no mês de junho onde ocorre o maior registro de casos no estado. Em 2023, o número foi 391,8% maior do que a média dos outros 11 meses em 2023, com 21 queimaduras no sexto mês. No resto do ano, a média não passou de de 4,27. Os outros meses com mais casos foram dezembro (9), julho (8) e janeiro (7).

Médica de urgência e coordenadora da UPA San Martin, Lorena Lemos explica que em casos de queimaduras é importante lavar a área afetada com água corrente em temperatura ambiente, já que temperaturas mais frias podem piorar a lesão.

“A pessoa perde a sensibilidade da pele e não percebe que uma queimadura superficial está se agravando. Sempre tirar adornos como anéis, relógios e cintos, porque a área afetada pode começar a inchar e eles podem atrapalhar o tratamento e o cuidado do paciente”, disse.

Após a lavagem, deve-se cobrir a área afetada com um pano limpo e seco, evitando uma possível infecção e, em seguida, procurar um atendimento de saúde. É importante ficar atento aos casos mais graves, que ocorrem em crianças menores de dois anos, pessoas com mais de 60 anos e quando a área queimada é maior do que 40% da superfície corporal.

“Lembrar de nunca passar pasta de dente, pomada, ovo, entre outras coisas, porque pode piorar a lesão. Também não remover tecido de pele que tenha grudado e não estourar bolhas, já que essa manipulação deve ser feita apenas por um profissional de saúde habilitado e em um ambiente adequado”, detalhou.

A atenção também deve ser mantida nos casos de queimadura por inalação da fumaça, que são notadas a partir do chamuscamento dos cílios das vias aéreas, dos olhos e das sobrancelhas. Indícios de queimaduras de pele mais graves ocorrem quando há o surgimento de bolhas ou a exposição da camada muscular.

“Há o risco de o paciente desenvolver uma doença renal aguda, desidratar, ter uma infecção secundária, uma síndrome compartimental [aumento da pressão dentro de um compartimento do corpo] ou um edema no local afetado. Em casos mais graves, a lesão pode levá-lo a óbito”, finalizou.

O projeto São João 2024 é uma realização do jornal Correio com apoio do Sicoob.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro