Por que festa junina tem tanto doce? Entenda o que está por trás das principais receitas

Bolos, pamonha, canjica e paçoca são alguns dos destaques

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  • Thais Borges

Publicado em 23 de junho de 2024 às 05:00

Doces dominam as festas juninas
Doces dominam as festas juninas Crédito: Angeluci Figueiredo/Arquivo CORREIO

Bolos, paçoca, maçã do amor, mungunzá, pamonha, canjica, bala de jenipapo, licores... Não tem jeito. O sabor doce é protagonista dos festejos de São João. Esse aspecto tem a ver com as técnicas de preservação e conservação de alimentos.

Fazer doces de frutas era uma das formas de conseguir isso, de acordo com a nutricionista Edneia Passos, professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. "O advento da geladeira é algo recente na humanidade. Salgar os alimentos e fazer doces eram uns dos recursos mais usados", afirma.

Além disso, se voltarmos mais na história do Brasil, esse domínio doce remonta à herança colonial da cana, segundo o chef e historiador Elmo Alves, professor de gastronomia da Unifacs. "O cultivo foi no litoral nordestino. E essa cultura do açúcar nos faz termos uma predileção por doce".

Curiosidades sobre comidas juninas 

Não tem jeito: até quem não gosta de São João dificilmente resiste aos quitutes juninos. Dominada pelo milho e pelo amendoim, com a parceria forte de outros como aipim, laranja e jenipapo, a culinária típica desse período tem uma razão para esse protagonismo. Além disso, quem entende do assunto garante que todas as delícias podem ser degustadas sem culpa.

Não é por acaso que esses são os principais ingredientes, segundo a nutricionista Edneia Passos, professora da Escola Bahiana de Medicina. "A gente tem que resgatar esse processo de sazonalidade dos alimentos. Eles têm suas épocas para serem colhidos, para darem frutos. E, nesses festejos de junho, está esse grupo: amendoim, laranja, milho", cita. O aipim, que está presente também na forma de puba - ou carimã, dependendo da região do estado -, apesar de ser visto ao longo de todo o ano, também é um dos destaques da colheita.

O resultado é que tudo na mesa junina é fresco, como aponta o chef confeiteiro Luan Moura, professor do Instituto Gastronômico das Américas. Nas cidades do interior, principalmente, existe tradição de bolos caseiros feitos de forma artesanal. As receitas de milho, por exemplo, são feitas com as espigas e doces, bolos e licores em geral vêm com itens colhidos nas próprias fazendas.

"Engraçado que essa é uma cultura que há algum tempo está em voga: trabalhar com ingredientes sazonais, que têm baixo custo e estão no ápice de sua qualidade em preparações que valorizem o ingrediente, além de dar aquele aconchego. Afinal de contas, qual nordestino não se lembra da fartura das mesas das festas juninas?", argumenta.

Esse também não é o momento de se privar. Com equilíbrio, é possível aproveitar de todos os pratos típicos. Essa preocupação com calorias, inclusive, é que pode atrapalhar quem segue algum plano alimentar com objetivos específicos, como explica a nutricionista Ana Carolina Barbosa. "O São João é uma época do ano. Não vai ser uma festa que vai estragar a sua evolução", reforça. De acordo com ela, é a restrição que gera compulsão. "Quanto mais a gente se priva, mais sente desejo. Por isso, a conduta é comer, mas em momentos certos".

O projeto São João 2024 é uma realização do jornal Correio com apoio do Sicoob