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Carolina Cerqueira
Publicado em 15 de junho de 2024 às 05:00
Quando o mês ‘vira’, a mágica acontece. Desde o primeiro dia de junho, as ruas de Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus e Amargosa se apresentam com ares diferentes. Do lado de fora, o colorido da decoração de bandeirolas e, dentro das casas, o gosto e o cheiro das comidas típicas. O clima é de festa, alegria, contagem regressiva e...clubismo. >
Os moradores ‘vestem a camisa’ das cidades e cada um deles defende com unhas e dentes que o seu município tem o melhor São João. Nessa disputa, os quatro nomes mais cotados têm muito em comum. As guerras de espadas e as festas particulares e públicas são pontos fortes na explicação da atração de tanta gente durante os festejos juninos, seja no passado ou no presente. >
No Vale do Jiquiriçá, Amargosa ficou conhecida por todo o Brasil por conta do Forró do Piu Piu, na Fazenda Colibri. Eram grandes atrações como Bell Marques, Solange Almeida, Limão com Mel e Magníficos, com ingressos a preços que lembram os acessos aos camarotes no Carnaval de Salvador. Desde 2022, a festa não acontece, mas a cidade continua bombando. >
A historiadora Regina Vaz, professora aposentada de Amargosa de 82 anos, conta que o sucesso na cidade começou antes das grandes festas particulares e, hoje, continua por conta da mobilização da prefeitura. “Foi ainda no final dos anos 1990 que o município começou a atrair muita gente de fora para as confraternizações nas praças públicas”, diz. >
O potencial foi aproveitado pelo prefeito da época, Francisco Rabelo. “Começaram a vir grandes atrações de várias localidades e a fazerem competição de quadrilhas. A coisa foi crescendo a cada ano e atraindo o público que passou a chegar em ônibus e mais ônibus de Salvador e outas cidades”, continua Regina. >
Segundo o prefeito Júlio Pinheiro, a população de 36 mil habitantes costuma dobrar durante as festas juninas e a expectativa para este ano é de mais de 30 milhões de reais injetados na economia. “Foi criando fama a partir dos filhos da terra que moravam fora e vinham para os festejos e foi sendo feito o boca a boca, mas sempre prezando pela tradição e cultura, que são os grandes atrativos”, diz o gestor. >
Assim como o Forró do Piu Piu, em Amargosa, o Forró do Bosque não acontece em Cruz das Almas desde 2022, mas ajuda a explicar o crescimento dos festejos. O produtor musical da festa, Antônio Dólar, diz que a ideia surgiu em 2000 e foi crescendo. “Era coisa de 97 ônibus bate-volta, estacionamento lotado, muitas casas alugadas, hotéis esgotados. Divulgou muito o São João de Cruz das Almas para todo o Brasil”, lembra Antônio. >
Para o historiador Alino Matta, morador da cidade, a festa particular surfou na onda do sucesso porque o que fez Cruz bombar mesmo foram as guerras de espadas. “O pessoal vinha de fora para participar ou para assistir. Era isso que atraía porque a música sempre teve em todas as cidades, os cantores e as bandas saem rodando durante o São João”, diz. >
A prática foi proibida, mas a tradição que envolve toda a festa faz o sucesso da cidade continuar. “No passado, os jovens saíam com instrumentos musicais e iam de porta em porta para tocar para as famílias e, em troca, entravam nas casas para tomar licor e comer comidas típicas”, conta Alino. >
“As práticas foram remodeladas com o Forró do Bosque e com as festas públicas, mas a maravilha do São João continua”, completa. Segundo a prefeitura, são esperadas 500 mil pessoas nos cinco dias de festa, de 20 a 24 de junho. >
No centro-norte do estado, o município de Senhor do Bonfim, assim como Cruz das Almas, tem a base do seu sucesso junino nas guerras de espadas. Mas a festa vai além disso, não decaindo com a proibição. Como conta o pesquisador e entusiasta da cidade Alex Barbosa, de 46 anos, criador do perfil @minhacidade_bonfim, a partir de 1970 as confraternizações nas ruas ganharam o apoio da prefeitura, com atrações como Luiz Gonzaga. >
“O São João se torna a principal festa das cidades do interior e, sendo organizada pela prefeitura, os gestores fazem proveito e acontecem as disputas de um querer fazer uma festa melhor do que o outro”, analisa. Em 2000, o Forró do Sfrega chega para somar, concedendo projeção nacional e fortalecendo o nome de Senhor do Bonfim. A produção também não acontece mais, mas o restante da programação continua atraindo turistas em junho. >
Um dos atrativos é a festa Jegue Elétrico, que completa em 2024 29 anos. Tendo início com a reunião de funcionários de um banco depois do expediente com uma carroça levando um sanfoneiro, hoje reúne mais de 1.500 pessoas pelas ruas da cidade. “As camisas são muito requisitadas, a gente às vezes tem 400 pessoas na lista de espera. É gente da Bahia toda”, conta a moradora Jacira Sá, de 64 anos, uma das organizadoras. >
Com somente sanfoneiros da terra e um clima familiar, a festa tem, segundo Jacira, o que os turistas realmente querem. “As pessoas estão atrás da verdadeira tradição. Dia 28 de maio é aniversário de Senhor do Bonfim e, desde essa data, a cidade assume o clima. É a festa do ano e todo mundo fica animado, todo morador aqui ama de verdade o São João”, compartilha Jacira. >
No Recôncavo Baiano, Santo Antônio de Jesus já era point junino antes mesmo dos festejos chegarem a palcos montados na cidade. É o que garante o morador e professor aposentado José Gilberto de Jesus, de 64 anos. “Já em 1970, SAJ era grande referência na Bahia, disputando os turistas com Senhor do Bonfim, Cruz das Almas e Amargosa”, diz ele. >
Um dos fatores para a fama era a fabricação e o comércio de fogos de artifício no centro do município. “Lembro de gente chegando de outros estados no depósito da minha família para comprar e levar”, conta José Gilberto. Enquanto uns compravam e iam embora muitos ficavam. >
Além dos fogos, a sanfona da família Tourinho chamava a atenção. O músico Ray Tourinho, de 71 anos, conta que reunia sanfoneiros para passar pelas ruas da cidade, numa espécie de arrastão. “O grupo ia aumentando a cada ano e virou algo bem tradicional, atraindo turistas”, conta. Mas o São João de Amargosa parecia fazer mais sucesso. >
“O pessoal passava por SAJ para chegar à Amargosa e o poder público começou a se mobilizar para fazer concorrência. Foi a junção da prefeitura com os comerciantes locais”. A secretária de cultura, turismo e juventude, Sílvia Brito, destaca que a expectativa durante o São João é dobrar a população da cidade (de 100 mil habitantes). “A gente criou uma rede de hotelaria e de gastronomia que atende bem a quem chega de fora. Sem contar a facilidade de acesso pela BR-101 ou pela Ilha de Itaparica”, justifica a gestora. >
Palco Gonzagão (palco principal)>
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