“Ó meu vaqueiro, meu peão": Kátia Cilene, a eterna voz da banda cearense Mastruz com Leite

Até hoje a cantora é lembrada mesmo depois de muitos anos fazendo carreira-solo com o sucesso Meu Vaqueiro, meu Peão

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  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 15 de junho de 2024 às 08:00

Kátia Cilene
Kátia Cilene Crédito: Reprodução

“Ó meu vaqueiro, meu peão

Conquistou meu coração

Na pista da paixão e valeu o boi”

É praticamente impossível, nos atuais festejos juninos, essa música não constar no repertório das bandas de forró que se apresentam de norte a sul do pais, com maior destaque na região Nordeste, onde o São João é uma festa de responsa. Pois foi com essa composição de Rita de Cássia, (ela morreu aos 49 anos, em 2003) que a banda cearense Mastruz com Leite estourou em todo o Brasil, na voz marcante da cantora Kátia Cilene.

A Mastruz com Leite foi formada no ano de 1990, em Fortaleza (Ceará), numa iniciativa do empresário Emanuel Gurgel, sendo considerada a primeira banda de ‘forró eletrônico’. A novidade era a mistura dos tradicionais instrumentos do forró (sanfona, zabumba e triângulo), com teclado, guitarra, baixo e saxofone. Ao longo desses 34 anos de carreira, a banda continua firme na ativa, mesmo sem Kátia Cilene, que partiu para carreira solo.

Quem é nordestino sabe que mastruz é uma erva medicinal utilizada como remédio caseiro para doenças do aparelho respiratório. Sua eficácia é esperada após a ingestão da batida de suas folhas com o leite. Essa ‘receita’ originou o nome da banda, mas também há o fato de o empresário Manoel Gurgel, quando estava na faculdade, ter participado de um time de handebol com o mesmo nome.

O primeiro LP foi gravado em 1992, era Arrocha o Nó, cujo repertório incluía regravações e três músicas inéditas: Sonho Real, interpretada pela cantora Kátia Cilene, Que Nem Vem Vem e Eu Preciso de Você. O LP conquistou sucesso de imediato, tornando-se campeão de vendas pelo Brasil. Mas o grande sucesso da banda viria no segundo LP intitulado Só pra Xamegar, que trouxe a música Meu Vaqueiro Meu Peão, considerada até hoje o maior sucesso da banda, sendo intensamente tocada nas rádios e executada pela Mastruz e outros artistas do mesmo gênero musical.

Na formação atual da Banda Mastruz com Leite - que nunca parou desde que surgiu nos anos 1990 - estão à frente do vocal os cantores Neto Leite, Larissa Ferreira, Mara Rodrigues, Dasi Albuquerque, Roberta Felina e Gilly Araújo. Neto, um dos cantores e sanfoneiro, é o único remanescente da formação original do grupo.

Aos 49 anos, Kátia Cilene, que partiu para carreira-solo em 2008, último ano em que se apresentou com a Mastruz - e já tem mais de 30 anos de carreira (incluindo sua passagem pela Mastruz) - até hoje é conhecida nacionalmente pelo estrondoso sucesso de Meu Vaqueiro, Meu Peão. Essa fama garante a presença dela em eventos nas principais capitais do Nordeste.

Com a carreira consolidada ao longo desses anos, Kátia deu uma entrevista ao podcast Que nem Tu, do jornal cearense Diário do Nordeste, em 2023, quando celebrou o crescimento do ritmo nordestino no país e disse que enfrentou preconceito no início da carreira, mas que hoje há um respeito pelo forró.

‘Como eu venho dessa história aí (do forró das antigas) e na época, os forrozeiros tradicionais, Dominguinhos, Azeitona, também não gostaram quando iniciou esse movimento. Depois é que começaram a ceder. A gente começou a se encontrar nos programas de TV. Aì eu acho que a pessoa vai vendo coisas diferentes. Alí existe também um ser humano que tá querendo trabalhar. Mas no início houve essa polêmica, que eu acho supernatural’, relatou.

Nesse mesmo podcast, ela contou que recebeu vídeos de integrantes do BBB cantando seu grande hit, Meu Vaqueiro Meu Peão, reforçando que música boa permanece ao tempo. ‘Ninguem esquece. E é uma galera de 20 e poucos anos, 30...’, comemora a cantora que passou 17 anos à frente da banda Mastruz com Leite.

Acompanhe a estrela: mais uma vez, Kátia Cilene vem cantar nos festejos juninos da Bahia, passando por oito cidades neste mês de junho. Dia 21 em Barra do Choça e Ibicuí; dia 22 em Nova Itarana e Terra Nova; dia 23 em Quinjingue e Valente e dia 24 em Ubaitaba e Itororó.

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