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Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
Graças a baixa nos preços dos produtos natalinos, a ceia pode ser estendida esse ano. Já para alguns, só está sendo possível comprar o peru, o queijo reino e outros itens da época, agora. Houve uma redução de até 91% nos preços dos principais alimentos consumidos na comemoração de fim de ano, de acordo com as ofertas divulgadas no aplicativo “Preço da Hora”, do Governo do Estado, que mostra o valor de mais de 500 mil produtos comercializados na Bahia, por meio das Notas Fiscais Eletrônicas armazenadas na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz-Ba).
“Além de não ter o peru, eu também troquei o tender pelo lombo suíno, foi a opção que eu encontrei para manter a mesa tradicional e para economizar fazendo isso. Mas agora que os preços baixaram tanto, eu me surpreendi e resolvi levar pra casa”, conta dona Dejanira de Jesus, 64, enquanto escolhe um peru na seção de congelados do supermercado. A aposentada não ficou feliz de abrir mão do peru, mas o produto chegou a custar de R$85 a R$105 reais ou R$ 21,25/kg a R$ 26,25/kg, nos supermercados de Salvador, antes do Natal, segundo dados do app “Preço da Hora”. Já neste sábado (08), ela encontrou de R$6,99/kg, no Atakadão Atakarejo de Amaralina.
Como segunda opção para substituir o peru, a saída da aposentada foi o frango, que apesar de estar mais barato em relação ao produto natalino, na época, foi o item da ceia que mais aumentou no ano passado, subindo 29,6%, segundo o levantamento realizado pela Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomercio-BA) com dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE).
O preço caiu
Mas agora, quem quiser aproveitar para comprar o chester ou o peru que fugiram da ceia, bastante procurados no Natal, chegou a hora. Desde a última quinta-feira (06), o produto que antes custava entre R$ 26,25/kg a 21,25/kg, está custando R$5,99/kg no Extra da Luiz Anselmo e R$ 6,98/kg no Hiper Ideal, o que mostra uma redução de 77% no valor, segundo a pesquisa realizada no APP “Preço na Hora”.
O tender, foi outro produto que sofreu redução no preço. Agora ele custa 81% menos, com o quilo saindo por R$11,04/kg no Extra da Luiz Anselmo, também desde a última quinta-feira (06). Antes do Natal o preço variava entre R$49,90/kg e R$60,40/kg.
“Comprei um tender por R$30,00 no Big Bompreço do Iguatemi, você via de fato, que era aquela promoção de queima de estoque, dos que sobraram e ainda não foram vendidos. A gente só comprou porque o preço estava bem mais em conta, pois na época de Natal mesmo, o preço tava lá em cima, impossível comprar”, conta Maria Gabriela Vidal, 22, que foi aproveitar outras ofertas com o seu irmão e acabou levando além do tender, um chocotone, que estava R$6,00 mais barato.
Na lista de produtos em conta, o queijo reino é um dos que mais apresentou redução. Enquanto no Natal, o soteropolitano precisava desembolsar entre R$79,99 e R$113,00 para levá-lo à mesa, já é possível comprar um exemplar por R$10,00 no Mini Preço da Baixa de Quintas, como mostra o app “Preço na Hora”, desde a última quinta-feira (06).
Até as tão desprezadas uvas-passas, podem passar a ser mais bem quistas agora que tiveram uma queda de 71% no seu valor original, deixando de custar os R$8,00 da época próxima ao Natal e passando a serem vendidas por R$2,29 no Redemix da Pituba, Assim como as frutas cristalizadas que tomam conta dos pratos da ceia. Essas passaram a custar R$2,99 no Bompreço da Plataforma e no Atacadão Centro Sul da Calçada, bem diferente do valor antigo, de R$12, caindo 75% em relação ao período anterior à festa.
“Eu já costumo aproveitar as ofertas do pós Natal a alguns anos, é algo que sempre vale a pena, mas esse ano, com a alta dos preços absurda, parece que estou aproveitando em dobro, já que eu também não comprei peru nem chester, estou deixando pra levar agora, assim como o queijo reino, que todo mundo ama lá em casa, mas estava com o preço disparado”, explica a dona de casa Rosa Magalhães, 42.
O que está por trás da queda dos preços
Os preços caem principalmente por um motivo: a redução no consumo dos produtos que são típicos da época, no resto do ano. O economista e professor de economia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Cleiton Silva, explica que é comum que o preço dos alimentos mais consumidos em uma data comemorativa, suba antes durante a festa, mas que depois eles tendem naturalmente a cair.
“Depois das comemorações não faz mais sentido consumir esses produtos, então o preço pode voltar ao que era, cair pouco ou cair muito, mas cai. O peru é uma coisa que a gente não consome o ano inteiro, é só no fim do ano e olhe lá, estão o preço tem que cair mesmo, porque se não estiver barato não vai vender e vai perder”, esclarece Cleiton.
Segundo ele, a margem de lucro desses tipos de produtos em geral é razoável, então, ao cortar o preço pela metade, ainda é possível que o comerciante tenha lucro. “Ainda que ele não tenha lucro, é vantajoso vender mais barato, do ponto de vista da relação com o cliente. Há toda uma lógica de gerenciamento de marketing. O cliente vai buscar o produto mais barato e leva outro que está mais caro e gera um lucro casado, principalmente para grandes redes de atacado”, explica o economista.
Do ponto de vista econômico, a inflação geral para o consumidor não sofre uma variação significativa com essas quedas pontuais. “Como esses produtos em geral não fazem parte da cesta básica que o baiano consome, o impacto positivo dessa queda abrupta de preços no bolso dos consumidores é muito pequeno”, esclarece o professor Cleiton.
A Associação Baiana de Supermercados (ABASE) e o Movimento das Donas de Casa e Consumidoras da Bahia (MDCCB), foram procurados para maiores esclarecimentos, mas até o momento não houve retorno das duas entidades.
*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro