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Vai ao dentista? Confira alguns cuidados para não se contaminar

Clínicas odontológicas voltaram a funcionar para atendimentos eletivos na capital baiana

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 5 de junho de 2020 às 05:30

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/CORREIO

O atendimento em clínicas odontológicas está liberado na capital baiana desde a última quarta-feira (3). Os procedimentos chamados de eletivos estavam suspensos em Salvador desde o dia 21 de março e as clínicas se limitavam a atender apenas casos de urgência e emergência.

Após a liberação, surgem as dúvidas: como vai funcionar? É seguro? Quais são as exigências? A prefeitura elaborou uma série de protocolos para que as consultas sejam normalizadas. Por exemplo, na hora de agendar o procedimento o paciente deve passar por uma série de questões, respondendo se apresentou algum sintoma da Covid-19 nos últimos 14 dias.

Além disso, no dia da consulta ele precisará ter a temperatura aferida. Caso esteja acima de 37,5°C ele não poderá realizar a consulta e será orientado a buscar uma unidade de saúde.

A dentista Thamires Souza reabriu o seu núcleo odontológico nesta quarta-feira (3) e garante que segue todas as medidas preventivas da prefeitura e da Organização Mundial da Saúde (OMS). A rotina precisou ser modificada: para começo de conversa, o funcionamento vai de 10h às 16h e o intervalo entre um paciente e outro precisa respeitar o intervalo mínimo de 30 minutos.

Esse período é o exigido para que haja a devida higienização do consultório. Com isso, a quantidade de atendimentos reduziu e hoje ela atende 4 pacientes no turno da manhã e outros 4 no turno da tarde. Um a cada hora.

Estudante de odontologia, Bruna Carvalho usa aparelho ortodôntico e acredita que era possível esperar mais um pouco até a liberação das consultas. Ela conta que só foi ao dentista desde o início de sua quarentena, no dia 16 de março, precisou de um atendimento de urgência em seu aparelho.

"Fui morrendo de medo de me contaminar e ainda fico receosa em ir. Chegando no consultório vi que o dentista estava todo paramentado e isso me tranquilizou, mas o problema mesmo é no deslocamento. A gente se expõe ao pegar Uber, ônibus ou qualquer transporte porque sabe que o vírus está por aí", explica.

Além dos cuidados com os pacientes, os consultórios precisarão se adaptar a protocolos de cuidados com os seus funcionários. A temperatura dos profissionais deverá ser aferida duas vezes ao dia, sendo que a primeira deverá ser antes de iniciar o trabalho e a outra ao longo do dia.

Caso algum membro da equipe apresente temperatura igual ou superior a 37,5 °C, ou sintomas gripais, sendo respiratórios ou não, cefaleia (dor de cabeça), fadiga, diarreia, entre outros, deverá ser afastado provisoriamente do trabalho para avaliação médica.

As medidas de segurança tranquilizam a microempresária Renata Souto para levar sua filha, Helena, ao consultório. Diabética, Helena faz um tratamento de ortodontia e ficou três meses sem fazer a manutenção do aparelho."Fico com medo dela ter algum problema, já que a saúde bucal também gera interferência na taxa de glicose dela então ficamos preocupados em deixar sem fazer o tratamento. Não é só por uma coisa estética", diz.Esse medo também está na mente da paciente Lisa Cardoso, de 22 anos, mas ela passa por cima do temor em prol do objetivo de se livrar do aparelho ortodôntico. Ela seguiu fazendo a manutenção durante os últimos três meses porque não queria atrasar o final do tratamento, previsto para setembro. Ela faz o tratamento ortodôntico desde janeiro de 2019.

"Tenho medo, mas vou mesmo assim. Uso máscara, álcool e carrego um calçado de tecido para entrar no consultório", explica. Para não adiar o final do tratamento, Lisa segue indo ao dentista mensalmente (Foto: Acervo Pessoal) Mestre e especialista em implantes dentários, o cirurgião dentista Enzo Querino afirma que a probabilidade de uma contaminação de paciente para profissional de saúde bucal, ou vice-versa, é mínima. Os dentistas precisam utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) descartáveis. Por exemplo: além da máscara N95, há utilização da máscara cirúrgica e da chamada máscara-escudo, aquela que fica acoplada na cabeça."Entretanto, ficamos preocupados com a contaminação de um paciente para outro. Os procedimentos liberaram os chamados aerosois, gotículas de saliva que ficam no ambiente por um tempo e são agentes de contaminação. Por isso há a orientação de atender um paciente a cada 30 minutos e fazer a higienização completa dos materiais", explica o dentista.Infectologista e  professor de infectologia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da UniFTC, Claudílson Bastos alerta que para que minimizar de fato o risco enquanto o paciente está na cadeira do dentista, é necessário que o odontólogo tenha cuidado com o uso e o descarte dos EPI's.

"São procedimentos que o profissional, no caso o odontólogo, tem que fazer sempre perante cada paciente para justamente não correr esse risco, nem levá-lo para o paciente. São medidas fundamentais", diz o infectologista.

Dificuldades Se preparando para retornar aos atendimentos eletivos na próxima semana, Querino diz que boa parte dos consultórios está sofrendo para comprar alguns equipamentos que tiveram uma alta no preço durante a pandemia: luvas, aventais e máscaras descartáveis tiveram aumento superior a 300%. Enzo Querino está fazendo ajustes no consultório para voltar a atender procedimentos eletivos (Foto: Divulgação) Com essas dificuldades, será necessário que os consultórios se organizem financeiramente. A cirurgiã dentista Eliane Pereira Vasconcelos estava se organizando para fazer uma nova sala em seu consultório, mas acabou utilizando o dinheiro que estava guardando para manter as contas do negócio em dia já que ficou parada durante três meses. Uma realidade completamente distinta da antiga normalidade, que atendia cerca de 20 pacientes por dia.

"Eu comprava uma caixa de máscara por R$4,80 e hoje custa R$180. Há uma elevação no custo de materiais descartáveis, além de novas técnicas de biossegurança para receber os pacientes. Sou totalmente de acordo com os protocolos, que são mais do que necessários. Mas precisaremos nos organizar para contornar essas dificuldades", afirma.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) será a responsável por fiscalizar o funcionamento das clínicas de odontologia na cidade. Em nota, a pasta afirmou que estabelecimento que descumprir os protocolos estabelecidos pelo Poder Municipal será interditado e pode ter o alvará de funcionamento cassado.

O cidadão que flagrar consultórios descumprindo as medidas de segurança podem denunciar por meio do Disque Coronavírus ligando para o número 160. Além disso, a população também pode entrar em contato pela Internet ou pelo e-mail [email protected].

Fique esperto 1. Acompanhantes só serão permitidos para crianças, idosos, pacientes especiais e/ou com mobilidade reduzida, sempre utilizando máscaras faciais. 2. Os pacientes que fizerem parte dos grupos de risco serão atendidos somente para procedimentos emergenciais e deverão ser agendados para os primeiros horários 3. Os consultórios devem evitar ao máximo o uso da cuspideira, utilizando sistema de aspiração para todos os procedimentos. Além disso, é exigido sistema de sucção eficiente, tal como bomba a vácuo, para que haja a diminuição da disseminação de aerossóis no ambiente. 4. As clínicas devem retirar todos os itens fáceis de tocar, como revistas, jornais, tablets, folhetos ou catálogos de informações. 5. Não poderá haver a oferta de degustação de produtos aos consumidores (como café, doces, balas e/ou biscoitos). 6. Todo o ambiente, incluindo o local de recepção, deverá ser higienizado sempre antes do uso e ao encerramento das atividades e disponibilizar o álcool 70%.

*com supervisão da subeditora Clarissa Pacheco