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Bruno Wendel
Publicado em 13 de abril de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A corrente usada para impedir a abertura dos portões de nada adianta. O muro de alvenaria não surte efeito. As câmeras instaladas de uma ponta a outra sequer intimidam os invasores. Abandonado, o prédio da rede Unimed no bairro do Rio Vermelho vem sendo depredado e usado como local de consumo de drogas por moradores de rua, aumentando, com isso, a sensação de insegurança dos moradores da Rua Aimorés.
O local funcionava antes como uma central de marcação de consulta. Hoje, o mato e a sujeira tomaram conta. Paredes de vidro foram quebradas. A fiação está exposta. Salas estão abarrotadas de cadeiras e mesas quebradas.
Do lado de fora, é possível ver alguns equipamentos como uma CPU, um computador e um monitor. Na área externa, a garagem abriga uma montanha de blocos de concreto. Ao fundo, um posto bancário do Santander também está ao relento.
“Como a gente pode ver, aqui é uma rua deserta até durante o dia. Vez ou outra, um morador é assaltado quando sai de casa por motoqueiros. A gente vive com medo. Como não se bastasse isso, ainda temos que lidar com usuários de drogas que vivem dentro do prédio abandonado. Isso são todos os dias à noite. Quem não está de carro tem que passar pela frente do prédio andando e alguém pode sair de lá de dentro e assaltar”, contou Ana Cláudia Paixão, 35 anos, funcionária de uma agência de viagens e moradora no local há 15 anos.
Ainda segundo moradores da Rua Aimorés, o prédio de número 27 está desativado há cinco anos, mas abandonado de fato desde fevereiro deste ano. “Era um local de marcação de consulta e estava em atividade por uns oito anos. Depois, até tinha segurança, mas tiraram em fevereiro, foi quando começaram a invadir”, disse a estudante de psicologia Clarice de Almeida, 25.
Elas disseram que os invasores já são conhecidos da polícia. “Há poucos dias a polícia passou e pegou cinco deles carregando cadeiras na rua. Os objetos tinham acabado de ser furtados do prédio. Dias depois, eles estavam novamente no prédio. Detalhe: dois deles, um casal, já tinha sido detido pelo mesmo motivo outras vezes. A gente fica com medo. Podemos ser surpreendidos na rua com alguém saindo do prédio para nos roubar, afinal, sob efeito de drogas podem fazer qualquer coisa”, declarou a dona de casa Maria Angélica Prado, 40.
Segundo o porteiro Bernardo Soares Santos, 52, que trabalha num edifício perto do prédio abandonado, as invasões começam sempre depois as 18h.“É um quebra-quebra danado. São eles arrancando tudo, esquadrias de alumínio, portas, janelas, ar-condicionado. Levam o que podem carregar. Às vezes, brigam entre eles. É a maior gritaria. Arremessam objetos que podem atingir quem passa na rua. Quando a polícia vem, não entra porque o prédio é uma área privada. Parece que eles sabem disso e ficam parados. Esperam a viatura sair para depredar tudo novamente”, contou o porteiro. Bernardo relatou ainda que havia um alarme no prédio. “Até pouco tempo funcionava toda vez que entravam. O alarme ficava tocando a madrugada toda. Agora, eles quebraram o equipamento para não serem incomodados”, disse.
“O que é triste é ver que um prédio que um dia era garantia de nossa segurança, porque a movimentação de gente nele trazia uma certa sensação de segurança, já que a rua não ficava deserta. Precisamos que essa situação se resolva. Até agora não aconteceu nada mais grave, mas vão esperar? Será que vai precisar alguém morrer para então pensar o que se fazer? Essa é a nossa preocupação”, bradou o professor de educação física Maicon Oliveira Mendes, 32.
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Polícia Militar O CORREIO procurou a Polícia Militar para repercutir o assunto. Em nota, a PM respondeu que “ é importante buscar os proprietários do imóvel ou o poder público municipal responsável pelo uso do solo. A 12ª CIPM faz rondas 24h e abordagens preventivas em toda a região do Rio Vermelho, inclusive nesta rua”.
Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) informou que enviará uma equipe de fiscalização ao local para identificar, junto à Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), o proprietário com o objetivo de notificar o responsável para zelar pelo imóvel.
"Caso o responsável não atenda a notificação, ele é autuado, o que poderá gerar uma multa que será determinada pela Comissão Julgadora de Autos do órgão. A sanção pode variar de R$ 88,85 a R$ 4.439,49", complementou a pasta.
A Sedur explicou ainda que, de acordo com o Código de Polícia Administrativa de Salvador, Lei nº 5503/99, "é de dever do proprietário do terreno e do imóvel zelar pela unidade imobiliária, por meio de capinação, varrição, drenagem e, até mesmo, murando ou cercando os imóveis, caso necessário".
Unimed Em nota, a Unimed afirmou que o prédio não pertence à Central Nacional Unimed, podendo, por exemplo, pertencer a uma Central Regional. Não foi confirmado o nome do proprietário do prédio pela empresa até o fechamento desta reportagem.