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Hilza Cordeiro
Publicado em 16 de junho de 2020 às 19:20
- Atualizado há 2 anos
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) aceitou, nesta terça-feira (16), um pedido de liminar de alunos e determinou que a Unifacs conceda 30% de desconto nas mensalidades dos seis autores do processo, que são estudantes de Medicina na instituição. Por causa da pandemia, as aulas na faculdade passaram a ser exclusivamente online e os estudantes relatam que tiveram perdas educacionais com a medida, já que houve suspensão das atividades práticas.>
O juiz Leo André Cerveira, da 11ª Vara do Sistema dos Juizados Especiais do Consumidor, deu o prazo de cinco dias para que a Unifacs emita os boletos de pagamento de cada aluno com o abatimento determinado. A mensalidade do curso custa em torno de R$ 9 mil e deve ir para R$ 6,3 mil com a decisão até enquanto durar a substituição das aulas presenciais. Se descumprir a determinação, a instituição pode sofrer multa diária de R$ 200.>
Advogado do grupo de estudantes e especialista em Direito Educacional, Durval Saback explica que a solicitação trata-se de um equilíbrio no contrato, já que com a suspensão do ensino presencial, a universidade deixou de ter gastos com suas instalações físicas, como limpeza, energia, gás, suspensão de contratos, entre outros. “Os alunos, por outro lado, estão pagando o mesmo e tendo mais gastos, já que estão ficando mais tempo em casa, gastando mais energia, tendo que aumentar plano de internet”, justifica.>
Além disso, ele explica que a natureza da prestação de serviço mudou. Os alunos foram matriculados em cursos presenciais, mas esta modalidade está proibida devido à pandemia. O advogado acrescenta que é sabido que no mercado os cursos de Ensino à Distância (EAD) têm mensalidades mais baratas. Esta decisão emitida pelo juiz, no entanto, não se estende a todos os alunos de Medicina da Unifacs e é válida apenas para os autores do processo. >
Em anonimato, uma das pessoas autoras do processo diz que, embora os professores sejam bons, as videoaulas oferecidas pela universidade através da plataforma Blackboard não são equivalentes à qualidade do ensino presencial. >
“Sinto que o assunto não está sendo aprofundado como deveria. A universidade diz que vai repor as aulas, mas como se o semestre já vai fechar? Vai fechar então sem as aulas práticas? A gente tem uma matéria que é de visita à comunidade, eu estava esperando muito por isso. A gente não vai poder fazer e entendo que isso não depende da Unifacs, mas estou tendo déficit no meu ensino e o mínimo que pedimos é pagar proporcional”, conta.>
Procurada, a Unifacs informou que ainda não foi notificada, mas que vai analisar a decisão e se manifestar no processo.>
MP-BA acionou 15 faculdades de Salvador por práticas abusivas durante a pandemia>
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) já havia acionado, no fim de maio, quinze faculdades de Salvador por terem adotado práticas abusivas contra os alunos durante o período de enfrentamento da pandemia de covid-19.>
Na ação, a promotora Joseane Suzart solicitou à justiça que determine às faculdades, em decisão liminar, a redução em 30% do valor das mensalidades de todos os cursos de graduação e pós-graduação, independentemente se eram presenciais ou desde o início EAD.>
A promotora pediu ainda a suspensão integral de cobrança por atividades extracurriculares e qualquer disciplina que exija a forma presencial. De acordo com a ação, as aulas remotas só deveriam ser adotadas depois de mais de 50% da comunidade acadêmica de cada instituição concordar com a adoção.>
A promotora apontou que a implantação do EAD foi realizada por meio de alteração contratual unilateral. Entre as irregularidades, apontadas inclusive pela União dos Estudantes da Bahia (UEB) em representação protocolada no MP, estão a falta de qualidade, inadequação e insuficiência de conteúdo das aulas ministradas via ensino à distância (EAD) e ausência de descontos nas mensalidades apesar da redução das despesas com a implantação do modelo de aula remota.>
Foram acionadas as faculdades: Santo Agostinho, Batista Brasileira (FBB), Pitágoras, São Salvador, Olga Mettig, Unifacs, FTC, Estácio FIB, Jorge Amado; as universidades Pitágoras Unopar, Ucsal e os centros universitários Maurício de Nassau de Salvador (Uninassau), Ruy Barbosa, Dom Pedro II e Centro Universitário de Salvador (Uniceusa).>