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Tradição de volta: 1º de janeiro tem galeota da gratidão para Bom Jesus dos Navegantes

Auge da festa da Boa Viagem aconteceu com restrições em missa e travessia da imagem

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 1 de janeiro de 2022 às 10:18

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Com uma missa às 8h, na Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, como abre alas do último dia de celebração ao Bom Jesus dos Navegantes, o auge da festa da Boa Viagem, neste sábado (1º), voltou a acontecer como é tradição desde meados do século 18: com a imagem do homenageado fazendo a travessia pelo mar na galeota da Gratidão do Povo.

O que não foi diferente do ano passado, quando Bom Jesus dos Navegantes fez o caminho da Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia até a Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem por terra, foi a ausência da procissão marítima. 

E, dessa vez, a imagem de Nossa Senhora da Conceição da Praia não acompanhou o Bom Jesus até a galeota para não gerar aglomeração. Também por conta da covid-19, embarcações não seguiram a imagem, que fez o percurso sozinha.

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Ausentes no mar, os fiéis não deixaram o mesmo acontecer em terra. Seja na missa, na saída e na chegada da travessia, o homenageado foi recebido por muitos devotos que todo ano, com ou sem procissão marítima, estão por lá rendendo graças.

Emocionada durante todo o caminho entre a igreja e a Capitania dos Portos, de onde sai a galeota, a aposentada Derivalda dos Anjos, 67 anos, aproveitou cada segundo do lado da imagem de Bom Jesus."Eu tô arrepiada de tanta emoção. Pedindo a ele que nos livre dessa pandemia para que, no próximo ano, seja ainda melhor, com mais gente do que teve hoje", declara. Dona Derivalda (Foto: Marina Silva/CORREIO) O professor João Paulo Ferreira, 63 anos , é devoto, foi acompanhar a festa e falou sobre o valor simbólico da travessia pelo mar. "Toda nossa história é marítima. Uma história que começa na Bahia e no mar. É por onde o Bom Jesus dos Navegantes deve passar sempre que possível. Ano passado não deu, mas esse ano sim e estamos felizes por isso", diz João Paulo.Quem também marcou presença foi Adilson Guedes, 55, que é artista plástico. Ele ressaltou como se sente emocionado ao participar da celebração, mesmo que essa ocorra com limitações. 

"Só de ver a galeota já é um avanço enorme para nós. É uma festa de séculos e que emociona. Alegra o nosso coração ver Bom Jesus dos Navegantes voltando a ir e voltar pelo mar", fala.

Presidindo a missa que abriu a celebração neste sábado, Cardeal Dom Sergio da Rocha falou sobre o sentimento da igreja em relação a festa. "O sentimento é de ação de graças porque já podemos fazer pelo menos a travessia marítima com a galeota. Claro que esperamos poder realizar na próxima a procissão marítima. Mas, neste momento, a galeota estará representando cada um de nós", pontua.O Arcebispo fez questão de destacar como a volta da travessia marítima já traz alegria e um aceno para dias menos problemáticos.

"Iniciamos o novo ano com essa festa em sinal de louvor e de agradecimento a Deus, mas também de esperança. É por isso que nos alegra termos de volta a galeota, que é mais um sinal esperançoso por dias melhores", afirma.

A chegada à Igreja da Boa Viagem aconteceu com fiéis ocupando a capacidade máxima da paróquia, mas com ruas vazias, diferente do que se via quando o Bom Jesus dos Navegantes desembarcava no local antes da pandemia.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro