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'Tentei salvar meu filho, mas um policial botou a arma na minha cara', diz mãe de morto pela PM

Rapaz foi um dos três mortos pela PM na Gamboa; moradores negam versão de troca de tiros

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 1 de março de 2022 às 11:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Ao saber que o filho era uma das pessoas que tinha sido baleada pela Polícia Militar na madrugada desta terça-feira (1º), durante ação na Gamboa, a garçonete Silvana dos Santos, 48, tentou em vão impedir que Alexandre dos Santos, 20, fosse levado pelos policiais. Ela teve uma arma apontada para a cabeça. "Eu tentei salvar o meu filho, mas um policial botou a arma na minha cara. Ele ainda estava com vida, pedindo socorro, dizendo que ia morrer. Mas infelizmente não consegui impedir que matassem o meu filho. Botaram ele e os outros no porta-malas da viatura e saíram", declarou ela, amparada por moradores.Silvana disse que na hora que o filho foi abordado pelos PMs, ela estava em casa. "Acordei com a zoada dos tiros. Pegaram o meu filho para matar. Foram vários policiais e encapuzados que fizeram isso com os meninos. Esses policiais estudam pra quê, gente? Pra matar as pessoas ? Eles descem aqui atirando. Pra eles pouco importa quem é trabalhador", desabafou Silvana, que trabalha num bar na Gamboa. 

COBERTURA COMPLETA DO CASO: ACESSE CORREIO AFRO

Alexandre era o segundo dos oito filhos de Silvana. O rapaz trabalhava vendendo roupas por encomenda na própria Gamboa. Ontem, ele voltava na casa da namorada e parou em um dos bares da comunidade para beber com os amigos, ocasião em que, segundo a mãe, foi rendido pelos policiais.

"Se ele não fosse um bom menino, a comunidade não estaria parada. Se tivesse troca de tiros, as pessoas daqui não estariam fazendo o protesto. Quero justiça. Só isso que peço", desabafou.

ProtestoPor conta da situação, moradores fizeram protesto nesta manhã, fechando a Avenida Contorno tanto na subida para o Campo Grande, quanto na descida de acesso ao Comércio. As vias foram liberadas pouco antes das 11h. A PM diz que os policiais foram "hostlizados" na região e o policiamento foi reforçado. Alexandre (Foto: Reprodução) Na madrugada, foram baleados e morreram Alexandre dos Santos, 20 anos, Patrick Sousa Sapucaia, 16, e um terceiro rapaz identificado somente como Cauã. Os moradores contam que os três estavam em um bar e foram levados pelos PMs para uma casa, onde foram baleados. O local teria sido lavado pelos policiais em seguida. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado para fazer a perícia nessa casa. 

Tia de consideração de Alexandre, a camareira Saionara Bonfim, 31, disse que falou com o rapaz instante antes dos tiros. "Eu chegava em casa do trabalho quando encontrei com Alexandre na entrada da comunidade. Ele estava com uma caixa de som na mão e até brincou comigo. 'Isso é hora de chegar?'. Foi o tempo que cheguei em casa, tomei um banho e um café e logo escutei os tiros. No dia seguinte, soube que os três foram retirados do bar da comunidade e levados para uma casa abandonada, onde foram mortos com tiros na cabeça. Eles próprios lavaram o local com água corrente", contou Saionara. Tia diz que falou com Alexandre pouco antes do jovem ser morto (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Uma outra moradora afirmou que um dos rapazes foi morto na frente da tia, que pedia para que ele tivesse a vida poupada. "Já chegaram pegando os meninos que estavam e divertindo por causa do carnaval. Pegaram eles, levaram para casa ali, botaram de joelho", contou ela. "Ele covardemente atirou no sobrinho na frente da tia. Os meninos trabalhadores. Um trabalha no banco, o outro vende roupa. Eles mataram sem direito a defesa. Mataram primeiro para depois perguntar", continuou.

Segundo ela, os policiais chegaram ao local por volta de 1h. "Agiram com covardia com morador, usando bomba, spray de pimenta, xingando de 'puta', 'vagabunda'", acrescentou. Ela questiona o papel da polícia. "É essa polícia que a gente quer pra gente aqui em Salvador? A polícia foi feita pra nos proteger, não pra nos matar. Eles mataram os meninos sem direito a defesa. São três mães que estão chorando hoje. Aqui tem gente trabalhador, morador de bem". afirmou. "Tá todo mundo revoltado. A Gamboa está triste, a Gamboa está de luto. Queremos justiça", finalizou.

Em nota, a PM diz que equipes da Rondesp foram até o local após denúncias de que homens armados estavam transitando na Avenida Lafayete Coutinho, entre a Avenida Contorno e a Gamboa, na madrugada de hoje. Lá, diz a PM, as equipes foram recebidas a tiros por um grupo. Houve revide e depois a PM encontrou três feridos, que foram socorridos para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde morreram. Outros suspeitos conseguiram fugir.

A polícia diz que com o trio apreendeu um revólver calibre 38; duas pistolas, sendo uma de calibre .40 e outra de calibre 380; 177 papelotes de maconha; 233 pinos e dez embalagens de cocaína; 130 pedras de crack; três aparelhos celulares; uma balança eletrônica, R$ 172,00 em espécie e um relógio de pulso. A ocorrência foi registrada na Corregedoria da PM.

O coronel Paulo Coutinho, comandante da PM-BA, também comentou o fato. "Nossas equipes foram atender uma demanda de homens armados naquela localidade. Ao chegar no local, houve por parte dos que estavam armados, resistência", afirmou ele à TV Bahia. "Não queremos em hipótese alguma óbitos, infelizmente aconteceu algo dessa natureza", disse. Ele ainda prometeu uma apuração do caso. “Nosso PM está para defesa do cidadão e só ele sabe o que encontrou nessa operação. Todos os fatos serão esclarecidos e nós passaremos para a sociedade baiana tudo o que aconteceu”.