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Vinicius Nascimento
Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 16:32
- Atualizado há 2 anos
Uma tarde de lazer numa das praias mais conhecidas e frequentadas na capital baiana acabou em sangue. Por volta das 15h desta terça-feira (5), banhistas se divertiam na Praia de Jaguaribe, no bairro de Patamares, quando um grupo de quatro homens armados invadiu a faixa de areia atirando. Informações preliminares dão conta que os bandidos tinham dois alvos, no entanto um total de seis pessoas acabaram atingidas. Três delas morreram e outras três ficaram feridas.
Segundo a Polícia Militar, os homens chegaram de moto e dois desceram até a areia. Ao identificarem um rival, iniciaram o tiroteio, que acabou atingindo outras pessoas que correram desesperadas na praia.
O alvo principal da ação era Lucas Santos da Cruz, de 27 anos, que morreu na hora. Testemunhas que estavam no local afirmaram ao CORREIO que os atiradores identificaram um segundo alvo, que correu. E, por causa disso, começaram a atirar aleatoriamente. Foi então que aconteceu o segundo assassinato, da jovem Juliana Celina da Santana Silva Alcântara, de 20 anos. A vítima era estudante de biomedicina na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
Saiba quem são as vítimas de atentado na praia de Jaguaribe
Juliana sequer teve tempo de reagir a tudo que aconteceu ao seu redor: morreu sentada em uma cadeira de praia com um tiro na cabeça. Testemunhas contaram que seu corpo foi coberto por uma canga.
Os familiares que acompanhavam Juliana ficaram ao lado do corpo da vítima. A mãe dela, Elenilce Alcântara, foi encaminhada para a UPA de Itapuã depois de ser atingida por um tiro de raspão. Ela já foi liberada.
André Luiz Cunha dos Santos também foi atingido pelos disparos e foi socorrido para a Unidade de Pronto-Atendimento de Itapuã. Inicialmente a unidade e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informaram que ele havia morrido no atentado, porém a informação foi corrigida às 22h30. André passou por uma cirurgia e se recupera. Em uma rede social, um amigo informou que 'ele está vivo e lúcido'.
A outra vítima que teve morte confirmada foi o adolescente Igor Oliveira Lima Filho, de 16 anos. As redes sociais de Igor apontam que o garoto gostava muito de jogar futevôlei. A bola estava logo na descrição de uma das suas contas, como um cartão de visitas de um menino apaixonado pela redonda e o universo de magia que ela oferece. Somadas, a bola e a praia de Jaguaribe eram duas paixões de Igor - e a cruel fatalidade do destino quis que sua vida, tão jovem, se fosse durante uma tarde ao lado de duas das coisas que mais amava. André Luiz Cunha dos Santos sobreviveu. O adolescente Igor Oliveira Lima Filho, 16, não resistiu ao ferimento a bala e morreu (Fotos: Leitor CORREIO) Um amigo de Igor contou à reportagem que ele era o mais velho de três irmãos e morava no condomínio Le Parc, na Avenida Paralela. "Até por isso o gosto por Juaguaribe, rapidinho chegava lá", disse a fonte antes de classificá-lo como estudioso, boleiro e de família.
A outra vítima sobrevivente é um homem que foi socorrido pelo Samu para o Hospital Geral do Estado (HGE) em estado grave, com perfuração no tórax e coxa esquerda, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Pavor A praia de Jaguaribe é muito conhecida por ser um point famoso de surfistas por conta de suas boas ondas. Durante toda semana, escolinhas de surfe fazem aulas por ali para iniciar novos aspirantes ao esporte, mas a praia também é bem vista por quem é mais experiente. Além disso, Jaguaribe também é muito frequentada por banhistas que moram na região de Patamares, Piatã, Itapuã, Boca do Rio, Imbuí e adjacências. A tarde de hoje estava tranquila, com poucas pessoas na faixa de areia. Até que tudo aconteceu.
O CORREIO entrou em contato com diversas testemunhas que presenciaram o fato. Nenhuma delas quis se identificar com medo e ainda traumatizados com a situação. Uma delas afirmou que a praia estava vazia quando ouviu três tiros e todo o mundo ficou assustado. " "Depois houve mais tiros e todos começaram a correr", relatou.
De acordo com a testemunha, os bandidos encostaram na barraca onde estava Lucas. O sobrevivente afirma que aparentemente havia dois alvos e por isso aconteceram os disparos aleatórios.
"Foi o que tomou o primeiro tiro. O vi andando até a praia, ele estava com um buraco aberto, foi bem bizarro. Eu fui desesperado correndo para o mar. Eram aparentemente três caras, dois foram para a areia e um foi pra calçada", disse à reportagem do CORREIO.
Um outro jovem que costuma frequentar a praia para surfar disse que estava conversando com amigos em um aplicativo de mensagens quando ouviu os tiros. "Eu estava resenhando com uns amigos e combinando para ver se dois deles iriam para a praia, quando ouvi tiro e correria. Só vi um morto na areia, saí correndo. Fiquei muito assustado, estou tremendo até agora. Foi muito bizarro, não quero voltar mais nesse lugar", disse ele, que pediu para não se identificar.
Uma jovem que foi até Jaguaribe com a amiga diz que saiu aproximadamente 15 minutos antes de tudo acontecer. A pessoa que estava com ela viu tudo e correu quando ouviu os primeiros disparos. "Foi a pior coisa que já vivi em minha vida. Desde o ano passado não ia à praia por causa da pandemia, hoje decidi arriscar porque estava com saudade do mar e acabou assim", contou.
O CORREIO apurou que o alvo principal da ação, Lucas Santos da Cruz, morava em frente ao Beco Toque de Bola, na Boca do Rio, e possuia entrada por tráfico de drogas, além de ser um assaltante conhecido na região. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP/BA) afirmou estar indignada com o crime bárbaro e informou que determinou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prioridade na investigação dos homicídios ocorridos.
Ainda de acordo com a SSP, informações iniciais apontam para uma relação com o tráfico de drogas. Além disso, a Secretaria disse que testemunhas estão sendo ouvidas e imagens de câmeras da região serão analisadas.