Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Bruno Wendel
Publicado em 17 de julho de 2018 às 12:37
- Atualizado há 2 anos
O motorista Maurício Santos Costa, que dirigia o caminhão envolvido no acidente que terminou com duas pessoas mortas e outras quatro feridas, na manhã desta terça-feira (17) afirmou que entrou em desespero depois que percebeu as pessoas caídas no chão. Ele prestou depoimento na 10ª Delegacia (Pau da Lima). "No momento que eu saí do caminhão, minha reação foi olhar para as vítimas que estavam no chão. Me deparei com aquela jovem debruçada no chão e o rapaz jogado. Ai eu me ajoelhei e comecei a orar. Perguntava: Senhor, por que está acontecendo isso? Conforta o coração dessas pessoas que estão machucadas. Foi a única coisa que lembrei naquele momento para Deus confortar cada um que estava ali naquele momento. Naquele momento eu não sabia que tenha realmente uma pessoa que tinha ido a óbito", afirmou Maurício.Após depoimento, Maurício foi liberado. Ele dirigia o caminhão quando perdeu o controle da direção, subiu a calçada, invadiu um ponto de ônibus e só parou dentro de um posto de combustível.
Segundo o delegado Antônio Fernando, titular da 10ª Delegacia (Pau da Lima), o motorista responderá pelo acidente em liberdade. Ele foi autuado por homicídio culposo. “Ele estava trabalhando. Ninguém na situação dele, sai de casa na intenção de matar alguém”, justificou o delegado.
Além de Maurício, prestou depoimento também o ajudante dele, Adilson dos Santos. Ele não quis falar com a imprensa.
Roteiro Maurício foi contratado para trabalhar como motorista na Dynâmica Locação de Máquinas e Equipamentos no dia 3 de julho deste mês. Segundo ele, na terça-feira (17), ele chegou ao posto de trabalho, na Estrada Velha do Aeroporto, por volta das 6h10. “Vinte minutos depois, saí e peguei meu ajudante numa praça em frente ao cemitério Bosque da Paz”, contou na delegacia.
Então, os dois seguiram um roteiro de coleta de entulhos, que seria iniciado na Avenida Paralela. Maurício dirigia o caminhão, de placa PKT 2922, quando perdeu o controle da direção, subiu a calçada, invadiu um ponto de ônibus e só parou dentro de um posto de combustível.
Carro Apesar de testemunhas terem dito que Maurício perdeu o controle do caminhão ao desviar de um ônibus, o ajudante dele apresentou uma outra versão. “Ele disse que o motorista foi desviar de um carro”, disse a delegada Ana Paula Ribeiro, responsável pelos interrogatórios do motorista e o ajudante dele.
Maurício disse que não estava em alta velocidade. “Estava na terceira marcha, 40 km/h, ia reduzir para a segunda marcha para completar a curva”, respondeu Maurício à delegada. Ele acrescentou que não faz uso de medicamento controlados, que não usa drogas e que também não ingere bebida alcoólica.
Segundo o delegado José Fernando, as perícias vão apontar as causas do acidente. “Embora o veículo seja novo, acidentes podem acontecer. O caminhão tem tacógrafo (é um dispositivo empregado em veículos para monitorar o tempo de uso, a distância percorrida e a velocidade que desenvolveu) e a perícia do veículo apontará a velocidade e a causa do acidente”, disse o delegado.
O veículo desgovernado atropelou seis pessoas, por volta das 6h40, na Rua Mocambo, no bairro do Trobogy - uma das vítimas morreu no local, a outra morreu cinco horas depois no Hospital do Subúrbio. De acordo com testemunhas, o caminhão trafegava pela Avenida Aliomar Baleeiro, sentido Trobogy, em alta velocidade e, após entrar na curva, na Rua Mocambo, tentou desviar de um coletivo.
O motorista falou que quando saiu do caminhão uma pessoa tentou lhe agredir. "Outras pessoas vieram me ajudar. Um rapaz me acolheu na casa dele. Em momento nenhum, pensei em sair dali. Poderiam me linchar, me matar ali, mas em nenhum momento me passou pelo meu coração deixar as pessoas ali", afirmou Maurício.
Ele falou que é habilitado para dirigir veículos pesados há pelo menos quatro anos. O caminhão é novo - adquirido pela empresa no ano passado - e passou por manutenção, segundo o motorista, antes de sair da empresa.
Vítimas Elinaldo Gonçalves, 53 anos, morreu no local no acidente. Ele estava caminhando em direção ao trabalho quando foi atropelado. Elinaldo trabalhava há 20 anos como porteiro no condomínio Asa que fica na Rua Ubirajara Rebouças. Ele morava no bairro da Nova Brasília e ia, todos os dias, a pé, para o serviço.
Os feridos receberam no local atendimento de equipes do Samu: Vanessa Brito Santos, 28, foi levada para o Hospital do Subúrbio, onde morreu cinco horas depois.
Segundo o Corpo dos Bombeiros, Débora Dias, 26, foi encaminhada para o Hospital Eládio Lasserre, com escoriações. Samira Mercês de Souza, 16, foi socorrida por uma ambulância do Salvar para o HGE.
Duas adolescentes de 16 anos foram encaminhadas para o Hospital Municipal de Salvador: Gleiciane Santos Rocha, com suspeita de fratura na bacia, e Carine Barbosa dos Santos, com escoriações. Ambas estão, segundo assessoria da unidade médica, quadro de saúde estável.