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Diogo Costa
Publicado em 30 de novembro de 2015 às 18:31
- Atualizado há 2 anos
O corpo da vendedora de acarajé Helenilva Lima da Silva, 58 anos, que morreu atropelada na manhã deste domingo (29) na Avenida Afrânio Peixoto, a Suburbana, enquanto ia a um culto evangélico no bairro de Paripe, foi enterrado na tarde desta segunda-feira (30) no Cemitério Municipal de Plataforma. A dona de casa estava acompanhada do marido, o motorista aposentado José Nilson da Silva, 55, que também se feriu no acidente provocado pelo eletricista Paulo Roberto Pinheiro Conceição, 52, que admitiu ter ingerido, horas antes, bebida alcoólica.Durante o enterro, que aconteceu por volta das 15h30, vizinhos, amigos e familiares entoaram cânticos evangélicos em homenagem a Dona Nilda, como a vítima era chamada pelos mais próximos. Paulo Roberto Lima da Silva, 35, chorou bastante durante o enterro da mãe, com quem morava, e lembrou do seu aniversário, que seria comemorado na próxima quarta-feira (2). Amigos e familiares se despedem de Helenilva(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)“Ela era uma pessoa muito querida. Todos estamos muito abalados com tudo isso. Ela iria fazer aniversário na quarta. Nós já tínhamos comprado tudo para fazer uma comemoração para ela no sábado (5), lá em casa. Minha mãe nunca fez mal a ninguém, sempre ajudou todo mundo, era uma pessoa muito prestativa. Ela está levando um pedaço de mim junto com ela”, disse Paulo. Também ferido no acidente, o marido da vítima foi encaminhado ao Hospital do Subúrbio, onde recebeu atendimento médico no dia do acidente. No início da tarde desta segunda, segundo familiares, José Nilton recebeu alta para acompanhar o enterro da esposa mas, no caminho até o cemitério, passou mal e foi novamente encaminhado à unidade médica. A informação, no entanto, não foi confirmada pela assessoria de comunicação do Hospital do Subúrbio. De acordo com a unidade, José Nilton chegou ao local com suspeita de fratura no ombro, que foi confirmada por exames. Ele foi avaliado por uma equipe de ortopedia e por um neurocirurgião. Ainda conforme a assessoria do hospital, o quadro do paciente é considerado estável e ele encontra-se na enfermaria. A previsão de alta médica é de 48 horas. “Ele nem pôde se despedir dela. É muito triste ver 40 anos de casamento acabar dessa forma. É muito triste ver a minha mãe nesse estado”, lamentou Denison Lima da Silva, 33, filho mais novo do casal. Ainda segundo ele, dona Helenilva já estava de viagem marcada para passar o Natal no interior. “Íamos viajar no dia 20 para Monte Santo. Iríamos todos passar o Natal lá, já estava tudo programado”, comentou Denison.
Indo ao cultoHelenilva e José Nilton saíram de casa, em Fazenda Coutos I, às 5h30 de domingo para um culto evangélico na Igreja Universal do Reino de Deus, em Paripe, onde congregavam. Os dois caminhavam pela calçada quando foram atropelados por um carro Fiat Uno (NYL-4727), conduzido por Paulo Roberto Pinheiro Conceição.
Segundo informações da polícia, Paulo Roberto apresentava sinais de embriaguez no momento do acidente. Ele foi autuado em flagrante e conduzido para a 5ª Delegacia (Periperi/Praia Grande), onde confessou ter ingerido bebida alcoólica até às 3h30, cerca de três horas antes do atropelamento. Além do casal, uma terceira vítima identificada como Eli Ferreira Santana, que passava pelo local, sofreu ferimentos leves, foi atendida e liberada.
Segundo o titular da 5ª Delegacia (Periperi/Praia Grande), delegado Nilton Borba, Paulo Roberto já foi conduzido ao Complexo Penitenciário da Mata Escura, onde cumpre prisão preventiva. Ainda segundo o delegado, exames de corpo de delito e de alcoolemia foram feitos no acusado no dia do acidente. Helenilva morreu no local; marido ficou ferido (Foto: Arquivo Pessoal)"Após prestar o socorro às vitimas, os policiais o conduziram para o DPT (Departamento de Polícia Técnica), onde ele foi submetido a exames que determinarão o teor de álcool no sangue. Depois, ele prestou depoimento e confessou que tinha bebido, mas disse que perdeu o controle do carro. Em seguida, foi conduzido ao Núcleo de Prisão em Fragrante, na Mata Escura, onde um juiz reverteu a prisão em flagrante em prisão preventiva", detalhou o delegado.
Ainda segundo Borba, a previsão é de que o exame de alcoolemia fique pronto até, no máximo, quarta-feira (2). O condutor do veículo permanecerá preso, à disposição da Justiça. (Foto: Thais Borges/CORREIO)Alta VelocidadeDe acordo com o delegado Nilton Borba, tudo indica que, no momento do acidente, Paulo conduzia o veículo em alta velocidade. "Pelos danos aparentes no veículo, há indícios de que ele estava em alta velocidade. Solicitamos uma perícia ao DPT (Departamento de Polícia Técnica), que analisará a quilometragem em que se encontrava o carro", explicou.
Caso seja condenado por homicídio doloso, Paulo poderá cumprir até 20 anos de prisão, de acordo com o delegado. "Isso dependerá do julgamento", ponderou o responsável pela investigação.
AutuadosFaltando um mês para o fim do ano, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) registrou 5.333 autos de infrações com base na Lei Seca. O número é maior que o registrado em todo o ano de 2014, quando 5.039 motoristas foram autuados por dirigirem, supostamente, embriagados.
O dado contabilizado neste ano é resultado da intensificação das abordagens a condutores realizadas pela autarquia: foram 34.169 fiscalizações, 1.394 a mais que em todo o ano passado, quando foram realizadas 32.775 abordagens. Ainda de acordo com a Transalvador, apenas neste ano foram recolhidas 5.070 carteiras de habilitação, enquanto em todo o ano anterior 4.942 motoristas foram temporariamente suspensos de dirigir.
Quando o condutor de um veículo é detectado com mais de 0,30 mg de álcool por litro de sangue, o mesmo é autuado com base na Lei Seca e é conduzido a uma delegacia para responder a um processo criminal. Nesses casos, a capital baiana obteve uma redução em relação a 2014: foram 36 penalidades administrativas e crimes de trânsito neste ano, contra 72 do ano anterior.
De acordo com o diretor de trânsito da Transalvador, Marcelo Corrêa, nos casos em que o valor de referência ultrapasse os 0,30 mg, a Lei prevê que o motorista seja autuado e levado a uma delegacia.
"Passando esse valor de referência, ele é igualmente autuado como nos casos em que o valor é inferior. A diferença é que esse condutor é levado a uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência. Lá, dependendo das circunstâncias e conforme prevê a Lei, o delegado decide se o condutor ficará detido ou se pagará fiança", explicou. Os valores, no entanto, são definidos pelo delegado, "também com base nas circunstâncias", completou Corrêa.