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Vinicius Nascimento
Publicado em 29 de abril de 2020 às 11:00
- Atualizado há 2 anos
Humilhação. Necessidade. Desespero. Essas são as palavras mais recorrentes ditas por pessoas que estão enfrentando filas nas várias agências da Caixa Econônima Federal em Salvador.
O motivo é conhecido: o pagamento do benefício emergencial oferecido pela União. Nesta quarta-feira (29), é a vez dos nascidos em maio e junho receberem suas parcelas e o cenário tem sido semelhante ao que se viu em outros dias: filas imensas e insatisfação.
Gente como o baleiro Jeferson Silva, 20, morador do bairro de San Martin saiu cedo de casa - chegou à agência do Largo do Tanque antes das 6h. Para piorar, ainda enfrentou uma forte chuva e tomou alguns banhos de lama ciente de que ainda demoraria para ser atendido."É um absurdo, uma humilhação e a gente fica sem ter o que fazer. Vamos deixar de buscar o benefício?", questiona o baleiro. Ele chegou às 6h e por volta das 10h30 ainda estava longe de ser atendido.Foi a terceira vez que Jeferson tentou retirar o benefício que é sua única fonte de sustento já que, com a pandemia, está impedido de trabalhar. Jeferson chegou à Agência do Largo do Tanque às 6h e até 10h40 estava longe de conseguir atendimento (Foto: Acervo Pessoal) A Caixa afirmou em nota que grande parte das pessoas na fila não fazem parte do público alvo do atendimento presencial, que são os clientes "em busca de serviços essenciais como saque do seguro desemprego e Bolsa Família sem cartão, desbloqueio de senhas e o público beneficiário do saque em espécie escalonado por data de nascimento".
Um levantamento do banco aponta que somente uma a cada cinco pessoas que buscaram as agências físicas na última segunda (27) tinha direito ao saque naquela data.
Ainda segundo a Caixa, os aplicativos desenvolvidos pelo banco para acompanhamento da situação do auxílio emergencial também estão recebendo sobrecarga: mais da metade dos usuários que utilizaram o app não têm direito ao benefício.
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Para o estudante Lucas Santana, 24, o motivo da quantidade de acessos é a ansiedade. Ele, por exemplo, esperou cerca de 10 dias úteis até ter a sua situação ser analisada. Não conseguiu respostas e por conta disso quebrou o isolamento e foi até a agência do banco na Avenida Joana Angélica para saber de sua situação.
"Não tem jeito. Esse dinheiro é o que está garantindo o sustento de muita gente. As contas não esperam, muito menos a fome. Ninguém é paciente conosco então ficamos ansiosos e nos sujeitamos a essa fila e essa situação", relata.
Visando otimizar a atendimento e organização das filas, a CAIXA também alocou 2.800 novos vigilantes e aumentou o número de recepcionistas para reforçar a orientação ao público e manter os protocolos já implementados para garantir a saúde de todos. Informa ainda que abrirá 800 agências no próximo sábado (02) em todas as regiões do país, no horário de 08 às 12 horas.
*com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro