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Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2020 às 17:20
- Atualizado há 2 anos
Terceiro candidato participante da série de sabatinas do CORREIO das Eleições Municipais 2020, João Carlos Bacelar (Podemos) apresentou aos leitores do jornal, nesta terça-feira (20), as propostas que pretende implementar em Salvador, caso seja eleito. Embora tenha trajetória política voltada para a defesa da educação, o administrador e deputado federal trouxe projetos de gestão com foco na economia e geração de empregos.>
Ao responder à pergunta inicial sobre qual problema considera mais urgente na cidade, ele foi categórico em dizer que o desemprego, na sua opinião, é o maior de todos e prometeu criar 100 mil vagas de emprego se ganhar o pleito deste ano. >
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“Vivemos numa das capitais com maiores índices de miséria, numa cidade que não tem investimentos porque a política da atual administração, de arrocho tributário, fez com que os investimentos fugissem de Salvador. Associado ao desemprego, temos uma política educacional que não avança. Então, não tem emprego e mão de obra preparada, e você entra num ciclo vicioso de pobreza e miséria”, disse.>
Bacelar prevê que, com o fim do auxílio-emergencial do governo federal em dezembro, a economia da cidade pode "ficar em frangalhos" e pretende gerar vagas de emprego com trabalhos temporários destinados à conservação e limpeza de bairros, além de cuidadores de crianças e idosos. Conforme os seus planos, R$ 90 milhões da arrecadação do IPVA aos quais a prefeitura tem direito podem ser destinados para esse projeto. >
Defensor da regularização de jogos de azar, como o jogo do bicho, Bacelar é coordenador de uma frente parlamentar na Câmara dos Deputados que enviou para votação em plenário um projeto de lei para liberar a atividade, proibida no país desde 1946. Segundo ele, estima-se que, mesmo na ilegalidade, o segmento movimente cerca de R$ 60 milhões no Brasil e gere 650 mil empregos diretos. >
“Num país que não cresce, com o PIB decrescendo e que vive quase exclusivamente do agronegócio, como se pode abrir mão de uma cadeia produtiva riquíssima como essa? Por que deixar na clandestinidade? Só serve para aumentar a corrupção. Se o jogo for oficializado no Brasil, imediatamente, só o bicho, deve gerar 450 mil empregos. Fora o turismo, os shows, a indústria hoteleira. Onde tem jogo, tem renda. O jogo só é proibido na hipocrisia de parcelas da sociedade brasileira”, comentou.>
O candidato apresentou ainda a sua proposta de “micromobilidade”, que é uma aposta no transporte alternativo dentro dos bairros para desafogar os centros da cidade. Dessa forma, localidades como o Complexo do Nordeste de Amaralina terão linhas menores, que levarão para as estações alimentadoras, como o metrô. >
Em resposta às perguntas de dois leitores que assistiam ao vivo, Bacelar disse que investirá em políticas públicas contra a intolerância religiosa, sobretudo contra as religiões de matriz africana; que adotará o ensino de educação sexual nas escolas e promoverá a capacitação da população travesti.>
Com um passado político associado ao carlismo, Bacelar mais recentemente se aliou ao PT e foi perguntado sobre qual espectro se identifica mais. O candidato disse que ajudou nas campanhas eleitorais que elegeram ACM Neto a deputado federal e prefeito da cidade de Salvador, mas suas convicções mudaram com o tempo. >
Cultura No bloco de perguntas de especialistas, foi sorteado o questionamento da professora de política cultural e cineasta Ceci Alves, que quis saber se o candidato tem um pensamento estratégico voltado para a área cultural que não seja apenas a criação de editais e repasse de verba pública. >
Bacelar respondeu: “O que nos diferencia é a nossa força cultural, a riqueza do patrimônio ancestral que temos nessa cidade. Nós vamos resgatar as ideias de Anísio Teixeira, de educação em tempo integral e escolas parque, e a cultura será essencial nisso. Ela também precisa estar associada ao turismo para a geração de emprego e renda. Nós precisamos de um turismo cultural, de fortalecer o teatro e incentivar projetos como o Neojibá”, propôs.>
Educação Condutor da sabatina, o editor do CORREIO Donaldson Gomes indagou como o candidato pretende conduzir a retomada das aulas nas escolas públicas municipais, se eleito. >
Ex-secretário de Educação de Salvador na primeira gestão de ACM Neto, Bacelar lembrou que a capital está há quase 210 dias sem aulas, com mais de 300 mil crianças e jovens fora das escolas, o que, ao seu ver, traz “reflexos tremendos", como o risco de se gerar uma evasão escolar, criar uma geração analfabeta — entre os que estão na faixa de 0 a 6 anos —, e, no anos finais do ensino, o desamparo no preparo para o Enem e o mercado de trabalho. Mas justificou que “a vida é mais importante do que a educação”. >
Para ele, só será possível voltar às aulas presenciais em cidades em que a covid-19 esteja controlada. Será necessário fazer um levantamento da infraestrutura das escolas para ver se dispõem de salas ventiladas, pias para lavar as mãos e professores suficientes para atender à proposta estadual de turmas divididas — solução encontrada para aumentar o distanciamento social. >
“Nossas escolas não têm internet banda larga, não têm equipamentos, nossos professores não estão preparados para, de uma hora para outra, virarem youtubers. Nós não temos tradição em ensino à distância. Não temos professores treinados para isso. Dentro de casa, não temos ambiente familiar para que o aluno estude. Ele não tem computador, o máximo que tem é um celular com um pacote de dados que não segura uma aula”, ilustrou. >
A saída, na visão dele, deve ser o envio de apostilas com conteúdos e exercícios, além de acompanhamentos individuais de cada aluno, aliados às atividades remotas, mesmo que “inócuas”. >
Comércio No bloco de perguntas enviadas pelas entidades, foram sorteados três questionamentos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL), da Associação de Revendedores de Veículos Seminovos da Bahia (Assoveba) e do grupo empresarial Business Bahia, que reúne 250 gestores e empreendedores.>
A CDL quis saber: Considerando que o setor de serviços, ao qual pertence o segmento de comércio, representa 70% da economia de Salvador, qual a sua proposta para ativar e apoiar este setor?>
Bacelar: “Vamos ter um programa de refinanciamento de dívidas tributárias. Vou desburocratizar a formalização das atividades comerciais. Não dá para esperar 2 a 3 meses por um alvará. Tenho propostas específicas para o comércio de bairro, vou governar para os bairros e a partir dos bairros. Vamos ter um programa de compras locais, em que as obras da prefeitura nos bairros vão direcionar as compras para casas comerciais nesses bairros. Vamos criar a moeda social, que só poderão ser descontadas no comércio do bairro. Assim, vou garantir que o recurso gerado no bairro vai ficar no bairro e gerar mais riqueza. Vamos criar o banco de crédito popular, 20 Bancos do Povo, que emprestam pequenos valores sem burocracia”>
Presidente da Associação dos Revendedores de Veículos Seminovos da Bahia (Assoveba) Ari Pinheiro Jr. perguntou: A Assoveba sempre faz feirões em lugares privados e gostaríamos de ter a concessão para fazer em parques ou espaços públicos a exemplo da Arena Daniela Mercury. Caso seja eleito, acredita que é possível disponibilizar esses locais para feirões de carros seminovos?>
Bacelar: “Não vamos ser uma prefeitura contra o povo, contra o lojista. Vamos disciplinar essa venda no Parque de Exposições, que está subutilizado e com destino em discussão. A área do parque pode ser aproveitada para as feiras dominicais de veículos. A prefeitura será parceira do empreendedorismo. Quem passa aos domingos no Parque de Exposições vê a pujança que tem isso, então temos que entrar para organizar e não para impedir”.>
A Assoveba respondeu que seu interesse maior é mesmo na Arena Daniela Mercury, na Orla da Boca do Rio, com a possibilidade de realizar até quatro eventos ao ano. Segundo Ari Pinheiro, hoje uma única pessoa explora a realização de eventos no Parque de Exposições e a intenção da associação é fazer um feirão de lojas de revenda associadas.>
“Hoje a gente faz em locais privados, alugando, mas se a gente fizer em área pública, a gente consegue pagar os impostos, ter a área de uma forma mais barata. A locação de lugares privados é muito caro para nós, e tendo esse auxílio da prefeitura cedendo um local para a gente fazer um evento, conseguimos mais recursos para dar publicidade ao feirão, por exemplo”, argumenta.>
Líder do grupo empresarial Business Bahia, Carlos Falcão enviou: A reforma tributária em análise no Congresso Nacional, quer seja a CBS ou o IVA, se aprovadas, representarão um aumento brutal de carga tributária para o setor de serviços. Salvador é uma cidade com grande vocação nesta área e nesse contexto será muito prejudicada se isso ocorrer. Se eleito, como irá se posicionar em relação a isso? O senhor é favorável a unificação do ISS com o IVA, conforme proposto pela Pec 45?>
Bacelar: "Pessoalmente, sou contra os dois projetos de reforma tributária que estão no Congresso e na Câmara. Não podemos aumentar a carga tributária no Brasil, já é uma carga muito pesada, principalmente em impostos que tem caráter reversível. Defendo que quem pode pagar tem que pagar, e isso não acontece no Brasil. Uma lancha de altíssimo luxo não paga IPVA, um carro popular paga. O que justifica isso? O salário do trabalhador, o imposto de renda vai em cima, na fonte, já leva. Os lucros e dividendos das empresas não são tributados. Eu defendo tributação de herança, de lucros e dividendos, e uma reforma tributária ampla que tem que ser decidida fora de período eleitoral".>
Ao fim da sabatina, João Carlos Bacelar agradeceu o convite e disse que deseja governar para o povo, estabelecendo alianças com as pessoas. “Iniciativas como essa contribuem para que a população de Salvador tenha consciência de sua própria existência. As melhores soluções não virão dos meus técnicos, mas do povo”, encerrou. >
A sabatina é realizada pelo jornal CORREIO e tem apoio do E Estúdio e ITS Brasil.>