Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2023 às 21:58
- Atualizado há 2 anos
A Universidade Federal da Bahia (Ufba) se manifestou, na tarde desta sexta-feira (26) a respeito da redução da carga horária do curso de Medicina. Após as críticas sofridas nas redes sociais, vindas de perfis que apontavam que a diminuição de 1.590 horas provocaria a precarização do curso, a universidade afirmou, por meio de nota, que a alteração na carga horária visa o cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).
Segundo a Ufba, a grade curricular do curso tinha uma carga horária elevada, que ia de encontro à de outros cursos tradicionais no Brasil com o mesmo nível de qualidade da UFBA - eram 8.952 horas-aula, enquanto as DCN estabelecem 7.200. Com a alteração, a graduação em medicina da UFBA passou a ter uma grade de 7.282 horas-aula a partir deste ano. Desse modo, a redução, na realidade, foi de 1.670 horas.
Ainda de acordo com a universidade, as mudanças atendem a exigências de inclusão de componentes curriculares como os da área de Urgência e Emergência, bem como às diretrizes do Conselho Nacional de Educação, que preconizam a inclusão da curricularização da extensão e dos temas transversais.
“É de todo equivocada, portanto, a ilação de que tal redução de carga horária - item no bojo de uma ampla e qualificada reforma, elaborada e discutida ao longo de meses em diversas instâncias da universidade, nos marcos de sua autonomia didático-científica - implique perda de qualidade do ensino na medicina na UFBA”, declarou.
Outra motivação para a diminuição da carga horária do curso foi a atenção com os novos alunos egressos que estão mudando o perfil da faculdade, historicamente branco e elitizado em Salvador. Muitos desses novos alunos precisam trabalhar e não teriam como se dedicar o dia inteiro à universidade com uma carga horária tão elevada. Essa motivação, em especial, foi alvo de críticas severas nas redes sociais. Quanto a isso, a Ufba também se posicionou.
“Tal suposição [de perda de qualidade do ensino da medicina na Ufba] só poderia ter origem em grupos de mentalidade obtusa e ideologicamente orientados, aos quais a Universidade Pública parece incomodar ao proporcionar, sem abrir mão de sua tradicional qualidade, a entrada e a permanência de estudantes trabalhadores por meio de políticas de ações afirmativas”, diz a nota.
A Ufba concluiu o comunicado afirmando que não se intimida com ataques antidemocráticos e reafirmando que o princípio que rege a universidade são a excelência Acadêmica e Inclusão Social.
O Ministério da Educação foi procurado pelo CORREIO para informar a carga horária mínima estipulada pela pasta para o curso de Medicina, mas não retornou o contato até o fechamento desta matéria. Ainda assim, a reportagem conferiu que, conforme recomendam as Diretrizes Curriculares Nacionais, normas obrigatórias para a Educação Básica e Superior que orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino, o tempo mínimo para a formação de médicos e médicas é de 7.200 horas.
No Nordeste, a carga horária vigente de 7.282 horas do curso de Medicina da Ufba é a menor entre nove universidades federais da região, que contempla todos os estados. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), a carga horária total do curso de Medicina é de 8.296 horas, na Universidade Federal de Sergipe (UFS) é de 7.545 horas, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) é de 8.050.
Já na Universidade Federal do Piauí (UFPI) a carga horária do curso é de 8.171 horas, na Universidade Federal de Pernambuco é de 8.235 horas, enquanto na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) a carga horária é de 8.340 horas. Por fim, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com 8.892 horas, e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), no Rio Grande do Norte, com 9.536 horas, têm a maior carga horária no curso de Medicina entre as universidades da região pesquisadas pela reportagem.
Veja cargas horárias do curso de Medicina em outras regiões:
Universidade Federal do Pará (UFPA) – Norte: Carga horária de 8.960 horas
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Sudeste: Carga horária de 7.755 horas
Universidade Federal do Pampa (Unipampa) – Sul: Carga horária de 8.255 horas
Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) – Centro-Oeste: Carga horária de 7.552 horas