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Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2020 às 19:04
- Atualizado há 2 anos
A Prefeitura de Salvador, através da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), iniciou nesta quarta-feira (3), a primeira de uma série de reuniões para a elaboração do Plano Itapagipe, projeto que pretende ativar o desenvolvimento do turismo e da economia do território, que é formado por 14 bairros. A ideia do Plano Itapagipe surgiu após o impacto da canonização de Irmã Dulce, a primeira santa brasileira, que vinha impulsionando a peregrinação religiosa aos santuários da região.
A reunião foi feita de forma virtual com a participação da comunidade moradora dos bairros, como lideranças, associações, empresários e microempresários. No encontro, foi feito um diagnóstico apontando potencialidades e problemas para o desenvolvimento da península, localizada na região da Cidade Baixa.
Com base nos comentários dos moradores, a fundação produziu um documento levantando a estrutura existente entre os bairros, como potencial para a criação de marinas para esportes aquáticos, parques de preservação marinha, hotéis, demais atrativos turísticos, impulsionamento da economia criativa, e também debilidades como a falta de infraestrutura de bairros pobres da região.
A próxima reunião já será a fase de apresentação de propostas em cima deste diagnóstico feito sobre o que há de disponível na península, onde foram considerados os bairros de Alagados, Boa Viagem, Bonfim, Calçada, Caminho de Areia, Jardim Cruzeiro, Mangueira, Mares, Massaranduba, Mont Serrat, Ribeira, Roma, Santa Luzia e Uruguai. De acordo com a fundação, serão pelo menos mais dois meses de produção deste plano.
Hotel para romeiros está nos planos da Irmandade do Senhor do Bonfim
Toda semana, pelo menos seis ou sete caravanas visitam a Colina Sagrada, no bairro do Bonfim. Durante a Lavagem do Bonfim, o número quadruplica. A peregrinação aos templos religiosos ganhou ainda mais força na capital baiana após a canonização da Santa Dulce, no final do ano passado. Para dar conta desse público romeiro que visita a região do entorno da Colina, membros da Irmandade do Senhor do Bonfim criaram um projeto de construção de um hotel. Com 62 quartos, o empreendimento terá vista privilegiada: de um lado, a Basílica do Bonfim; do outro, a Baía de Todos-os-Santos.
De acordo com Francisco José Pitanga, juiz da devoção, a demanda pelo hotel é antiga. Ônibus vindos sobretudo do Norte e todo o Nordeste visitam o Santuário do Bonfim todos os anos. Os romeiros vêm em direção ao santuário de Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, e passam por Salvador, onde ficam entre um e dois dias. Na região, a maior parte das hospedarias são motéis, aponta ele.
“Não é uma boa opção para pessoas de idade e que viajam em família. Sempre nos perguntavam sobre um hotel próximo que pudesse comportá-los e não tínhamos. Nosso propósito é colocar um equipamento digno e confortável para as pessoas que visitam os santuários”, explica Pitanga.
O hotel está previsto para ser construído num terreno pertencente à irmandade, localizado ao lado do Hospital Sagrada Família, no Monte Serrat, área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Chamado de Hotel Colina Sagrada, o empreendimento vem sendo pensado para um público idoso e de meia idade, com acessibilidade para cadeirantes.
Os apartamentos serão de cinco tipos para atender diferentes públicos como casais, grupos de amigos e famílias. Mais de 90% dos quartos são nascentes e contam com varanda. O projeto inclui ainda uma pequena capela no interior do hotel, estacionamento, restaurante no térreo e um espaço gourmet na cobertura. Esta última área pode ser utilizada para cerimoniais como casamentos, desfrutando da vista para o mar. Por enquanto, está descartada a existência de piscina.
O arquiteto Alan Quintella, responsável pela concepção do projeto, explica que a obra terá estética contemporânea, com fachada de madeira e esquadrias azuis.
“A gente está levando em conta uma preocupação com o patrimônio ao redor, para que o hotel não venha a concorrer com a basílica, que é a protagonista, então será uma arquitetura para marcar o nosso tempo, mas com o melhor da nossa tradição”, comenta.
Para manter um certo design colonial e entrar em harmonia com as demais edificações da área, o arquiteto propôs um telhado cerâmico ao invés de uma laje. No entorno da Colina as possibilidades de roteiro turístico são inúmeras. Além da própria Basílica, com o Museu dos Ex-Votos, só ali na ladeira há restaurantes, uma casa de música, café e lojas de artesanato e artigos religiosos. A 100 metros do hotel, existe uma marina, que pode servir de base de passeios marítimos para os hóspedes.
Pitanga enxerga que os investimentos feitos na restauração da Basílica e do seu entorno, bem como a criação do Caminho da Fé favorecem a expansão turística na área. “O turismo religioso é um mercado que mobiliza muitas pessoas e, claro, muito dinheiro. Só ali ao lado do santuário nós temos 32 artesãos que vendem produtos. Então é oportunidade de emprego e geração de renda”, releva.
O padre Manoel Oliveira, da Pastoral do Turismo, diz que a construção de meios de hospedagem pode ser determinante para o desenvolvimento da Cidade Baixa, que possui ainda templos religiosos como os de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Alagados, Boa Viagem, entre outros.
“Tossa essa região vai ser muito beneficiada porque o turistas estará no epicentro do roteiro de fé, com uma infinidade de possibilidades, então o peregrino vai ter mais tempo para visitar os lugares”, opina.
Presidente do escritório Salvador Destination, Roberto Duran acredita que, em breve, outras pousadas e pequenos hotéis devem surgir na região do bairro da Ribeira. Ele descreve esse movimento como um desdobramento natural, já que Salvador está se consolidando como um destino de turismo religioso. O gestor vislumbra ainda outra consequência, que é o surgimento de ainda mais restaurantes, bares e lojas de souvenir.
A previsão é de que o Hotel Colina Sagrada fique pronto em 2022. Antes, no entanto, responsáveis pela ideia ainda estão em fase de discussão, modificação e apresentação do projeto para empresários do trade turístico e autoridades municipais. Até o dia 1º de maio, os organizadores estarão reunindo sugestões e buscando vias de financiamento.
“O Santuário do Bonfim vive de peregrinação. O papa Francisco vem nos dizendo que temos que nos misturar com as pessoas, nos acolher. Então todas as pessoas são bem-vindas lá, não é um lugar apenas de católicos. Aquele espaço é um relicário fantástico de obras que precisa ser conhecido por todos”, justifica Pitanga, juiz da devoção.