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Médica gritou por socorro antes de cair do 5º andar de prédio em Armação

Ela tinha discutido com o companheiro, que foi autuado em flagrante pela polícia

  • Foto do(a) author(a) Hilza Cordeiro
  • Hilza Cordeiro

Publicado em 21 de julho de 2020 às 05:01

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Reprodução/Google Maps

A médica Sáttia Lorena Aleixo, de 27 anos, gritou por socorro antes de cair do 5º andar de um prédio no bairro de Armação, na madrugada desta segunda-feira (20). De acordo com relatos de testemunhas à polícia, Sáttia teria caído após uma briga com o namorado, também médico, que foi autuado em flagrante por suspeita de tentativa de feminicídio. O fato aconteceu na Rua Rodrigues Doria, no edifício Serra do Mar.

Atualização: Namorado suspeito de atirar médica do quinto andar tem prisão decretada

A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam/Brotas), onde a ocorrência foi registrada, informou ao CORREIO que o inquérito é sigiloso. Titular da unidade, a delegada Bianca Torres disse que, no momento em que os policiais foram averiguar a situação no prédio, as autoridades entenderam que havia elementos suficientes para instaurar o flagrante, já que vizinhos e funcionários do prédio relataram ter ouvido a confusão entre o casal, o pedido de socorro e logo em seguida a queda. 

Após serem chamados ao local para atender a ocorrência, policiais militares conduziram o namorado da vítima à delegacia. Ele está preso temporariamente. Já Sáttia recebeu socorro por parte de uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde permanece entubada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

As circunstâncias do fato estão sendo investigadas pela Deam. A identidade do companheiro e o motivo exato do desentendimento não foram revelados.

A delegada informou ainda que o médico negou ter empurrado a companheira e depôs dizendo que Sáttia sofria de depressão e se jogou do prédio. O suspeito apresentava pequenos ferimentos que indicam que pode ter havido luta corporal entre os dois.

A polícia já está ouvindo testemunhas do fato, entre eles estão vizinhos e funcionários do edifício. Uma perícia foi feita no local e todas as imagens das câmeras foram solicitadas. Ao fim da investigação, através das provas colhidas, como laudos e exames, a Polícia Civil decidirá se indiciará ou não o companheiro pelo crime, encaminhando o inquérito para decisão da justiça, conforme explicou a delegada.

Prédio onde o casal estava no momento da discussão

Por conta da pandemia, não está havendo audiência de custódia — um dispositivo da justiça que dá direito a toda pessoa presa a ter uma conversa com um juiz na presença de um advogado ou defensor num prazo curto, para analisar se a prisão foi feita de forma legal ou não. Segundo a Deam/Brotas, o flagrante já foi comunicado à justiça e, a partir daí, cabe ao juiz analisar se o companheiro permanece preso. 

A titular Bianca Torres diz que o magistrado pode optar em converter o flagrante em prisão preventiva ou conceder a liberdade. “Paralelamente a isso, continuamos a investigação”, esclarece.

Em entrevista à TV Bahia, o advogado do médico, Gamil Föppel, disse que o companheiro tentava a separação, mas que Sáttia teria tentado agredí-lo e, iniciamenente, tentou se jogar pela janela sala. Ainda segundo a defesa, como ela não teria conseguido, se dirigiu ao quarto, onde a queda aconteceu. "A pessoa avisa, pede para que não faça, chama a polícia, chama o Samu e presta o socorro. Não é minimamente razoável aceitar, nem mesmo em tese, a ideia de que ele praticou a tentativa de homicídio", disse o advogado.

Relembre

Socorrida para o HGE, Sáttia deu entrada consciente, mas com fraturas na face, mas foi submetida a cirurgias e precisou ser entubada. Ela deve prestar depoimentos à polícia assim que estiver em condições. De acordo com relato de um amigo de infância ao CORREIO, ela também precisou de procedimentos cirúrgicos porque teria batido o rosto no chão. 

Ainda segundo a fonte, Sáttia havia apagado as redes sociais durante o atual relacionamento e o último contato que este amigo teve com ela foi em janeiro. "Olha, a gente acha que nunca vai acontecer perto da gente. Ela é moça muito inteligente, só trabalhava em UTI, é difícil imaginar uma situação dessas", disse.

De acordo com o currículo Lattes, Sáttia trabalha como plantonista de clínicas médicas e o vínculo profissional mais recente era com o Hospital Salvador, na Federação.

Doação de sangue

A família iniciou uma campanha para doação de sangue, de qualquer tipo, em nome da médica, que é do grupo sanguíneo O-, tipo raro. As doações podem ser feitas no Hemoba, próximo ao próprio HGE, de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30.