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Manchas de óleo aparecem na Pituba e Rio Vermelho; Ufba vai analisar amostras

Pesquisadores acreditam que material seja o mesmo encontrado no litoral nordestino no ano passado

Publicado em 26 de junho de 2020 às 15:36

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação

O Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Igeo/Ufba) vai analisar os novos fragmentos de óleo encontrados em praias de Salvador. Manchas já tinham sido avistadas em Stella Maris, Jaguaribe e Piatã desde a quinta-feira (26) - a Limpurb coletou 15 quilos de óleo nas duas últimas praias. Nesta sexta (27), também foram registrados fragmentos na Pituba e no Rio Vermelho e a tendência é que chegue a outras praias da capital. A análise poderá dizer se o material é o mesmo encontrado no litoral do Nordeste no ano passado. 

A diretora do Igeo e vice-diretora do Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo, Energia e Meio Ambiente do Instituto de Geociências da Ufba (Lepetro), Olívia Oliveira, foi até a orla da Pituba e coletou amostras dos fragmentos de petróleo que passarão por um trabalho de geoquímica forense. No ano passado, a investigação feita pelo Igeo apontou a origem do óleo encontrado no litoral nordestino como venezuelana - a Marinha chegou à mesma conclusão, assim como a Petrobras. A Polícia Federal investiga as responsabilidades sobre o derramamento.

Além de Salvador, novas manchas de óleo foram encontradas ao longo da semana em praias de Pernambuco e de Alagoas. Segundo nota técnica divulgada pela Marinha, coletas feitas nos últimos dias em alguns pontos da região e analisadas pelo Laboratório de Geoquímica Ambiental do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira apontam que material tem a mesma origem do óleo derramado em 2019 na costa braileira.

Possivelmente, é o mesmo caso dos fragementos encontrados em Salvador. "Eu acredito que seja o mesmo óleo [de 2019], até porque está vindo da mesma forma. Estou achando mais fluido, ainda tem que investigar. Pelo tempo, era para estar muito mais intemperizado [desintegrado], mas pode ser que tenha estado aprisionado em outro local e ficou mais reservado", explica Olívia. Material coletado será analisado no Igeo/Ufba (Foto: Divulgação) Caso o óleo seja o mesmo encntrado há nove meses, a tese é de de que os novos fragmentos estejam sendo trazidos para a costa por conta do período mais chuvoso e de revolvimento so substrato oceânico."Esse material podia estar em corais, costões rochosos, até em manguezais e se desprendeu. Teve muito óleo que ficou em sedimentos abaixo da linha superficial e com a maré revolvendo sedimentos, esse óleo subiu", completa Olívia.Para a Marinha, o mar agitado, as fortes correntes, marés e ventos intensos, conforme vem sendo observado na região mais ao norte há alguns dias, pode explicar o ressurgimento.

Tartaruga Além da análise do óleo, outra equipe da Ufba, desta vez do Instituto de Biologia (Ibio), analisou uma tartaruga marinha encontrada morta nesta sexta-feira na praia da Jaguaribe. Apesar da suspeita inicial, a análise concluiu que o animal não ingeriu óleo. Tartaruga de cerca de 100 anos foi encontrada morta em Jaguaribe, mas sem óleo (Foto: Divulgação) "Estava limpinha por dentro e por fora. Mas, a chegada de novas manchas, independente da quantidade, ainda é uma ameaça ao nosso meio ambiente", destacou o professor Francisco Kelmo, diretor do Ibio. Segundo ele, estima-se que o animal tinha cercade 100 anos.Todo o trabalho envolvendo o derramento de óleo no litoral é interdiscpliar. O Instituto de Geociências avalia a origem geoquímica do petróleo e o Instituto de Biologia avalia os danos do óleo nos organismos marinhos. "A Ufba se mantém em movimento’ e atua em ações voltadas à ciência, seja na pandemia da covid-19, seja nas emergências ambientais.

Para esse trabalho, os institutos mantêm parceria sempre com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e com o Inema. O Igeo receberá recursos financeiros - e trabalhará em parceria com outras Unidades da Ufba - do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), chefiado pelo ministro Marcos Pontes, para monitorar o litoral baiano frente a acidentes dessa natureza, bem como desenvolver processos biotecnológicos de remediação de áreas afetadas.