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Vinicius Nascimento
Publicado em 19 de junho de 2020 às 21:01
- Atualizado há 2 anos
Um grupo de lojistas fez uma carreata nesta sexta-feira (19) com saída do Salvador Shopping em direção à prefeitura de Salvador. O protesto pediu a reabertura dos shoppings centers, classificados pelos manifestantes como essenciais. A organização da carreata aponta que 150 lojistas participaram do ato.>
As pautas são três: reabertura dos shoppings, suspensão da cobrança de IPTU com isenção do período proporcional ao fechamento e isenção na Taxa de Fiscalização do Funcionamento (TFF) para o ano de 2020. Presidente da Associação de Lojistas do Salvador Shopping, Humberto Paiva alega que a capacidade dos empresários de se manterem sem operar as lojas está se exaurindo.>
"Os shoppings são os mais preparados para reabrir. Já apresentamos um manual de como será feito. Terá uma redução, só 30% de consumidores e 50% das garagens. Além disso, vamos instalar álcool em gel por todo o canto, os vendedores estarão com máscara de pano e acrílico. Os shoppings são mais preparados do que o centro da cidade que tem um movimento louco, hoje eu passei pela Boca do Rio e estava pegando fogo", disse.>
Paiva também afirma que os lojistas seguem pagando condomínio, funcionário e outros custos que são elevados. Questionado pelo CORREIO se não tinha medo de uma eventual abertura agravar o número de casos na cidade, o empresário declarou que "ninguém sabe o que vai acontecer, se vai aumentar ou não" e que "shopping center não é o epicentro da pandemia".>
"Não é aqui que as pessoas vão se contaminar. Os ônibus estão lotados e contaminando mais do que em qualquer lugar. É o que queremos que as autoridades entendam. É uma coisa enorme, 75% dos shoppings no Brasil já reabriram e estão obedecendo espaçamento, quantidade de garagem. Não queremos abrir para entupir e contaminar todo o mundo", afirma. Carreata foi composta por vários carros de luxo. Lojistas pedem, entre outras coisas, isenção de IPTU por tempo proporcional (Foto: Marina Silva/CORREIO) O presidente do Sindicato dos Lojistas da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, diz que entende que o movimento desta sexta foi legítimo, mas que não teve qualquer participação do sindicato.>
"Uma série de protocolos precisam ser tomados para dar segurança ao consumidor e ao comerciário. É preciso encontrar mecanismos para atenuar. O sindicato não teve participação, mas entende que foi importante que fosse feita essa demonstração para que as autoridades entendam isso", disse.>
A Prefeitura de Salvador declarou, em nota, que tem discutido frequentemente, junto aos lojistas, sobre os protocolos de reabertura desses estabelecimentos para vendas presenciais e que esses comerciários estão autorizados a fazer vendas no sistema de drive-thru. >
"Os próprios shoppings entendem que o momento ainda não é de reabrir, pois o percentual de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com covid-19 ainda não alcançou o patamar desejado - de 70% para baixo. A retomada das atividades econômicas está acontecendo de forma gradual na cidade e seguindo protocolos de segurança específicos para cada setor, visando a proteção de todos. Em relação a medidas econômicas, a Prefeitura estuda a questão", diz o comunicado do município.>
Em entrevista à TV Bahia, o prefeito ACM Neto reafirmou que a retomada das atividades está relacionada à análise diária dos casos da pandemia. “Se a gente libera tudo de uma vez só, sem segurança, sem a confiança necessária, vai ter gente batendo na porta das UPAs, precisando de internamento hospitalar e não tem leito. E aí? A culpa será de quem? Eu tenho a responsabilidade de decidir”, disse ele.>
Quem também afirmou não integrar o movimento encabeçado por lojistas do Salvador Shopping foi a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomercio), que emitiu comunicado logo após a convocação para realização do ato.>
Ao encabeçar a manifestação, os lojistas afirmavam, entre outras coisas, que os shoppings centers são "serviços essenciais para milhares de pessoas".>
A Fecomercio alegou que mantém diálogo com o poder público e conseguiu avanços, como a abertura paulatina de alguns serviços comerciais desde o dia 1º de junho e finalizou seu posicionamento dizendo que "trabalha para o restabelecimento das atividades comerciais com a cautela e segurança que o momento pede, sempre priorizando a preservação da vida".>
Mais protestos Cerca de 80 motoristas do movimento SOS Transporte Escolar foram à prefeitura para pedir ao Município uma abertura de diálogo para incluir esses trabalhadores em medidas de auxílio financeiro. Motoristas de transporte escolar pedem que a Prefeitura abra diálogo para ajudá-los durante a pandemia (Foto: Marina Silva/CORREIO) Integrante do movimento, a motorista Isabel Menezes alega que a prefeitura entende que esses motoristas não se enquadram em casos de vulnerabilidade social.>
"Não recebemos auxílio do Governo Federal porque ultrapassamos o teto de R$ 28 mil de renda por ano. Mas nossos carros estão parados há três meses, não temos outra renda e precisamos que a Prefeitura olhe pra nós. Nós existimos, temos que pagar nossas contas de água, luz, alimentação, necessidades...", explica.>
De acordo com o SOS Transporte Escolar, Salvador tem cerca de 900 motoristas cadastrados para trabalhar com esse tipo de transporte, mas estima que um público de 700 a 800 pessoas estejam exercendo o ofício.>
A reportagem aguarda posicionamento da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob).>
*com supervisão da subeditora Clarissa Pacheco>