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Bruno Wendel
Publicado em 4 de julho de 2019 às 15:34
- Atualizado há 2 anos
Corpos foram velados no Cemitério de Portão (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Os corpos do corretor de imóveis Rinaldo César Bezerra, 62 anos, e da dona de casa Raimunda da Conceição Souza, 45, foram sepultados na manhã desta quinta-feira (4). O casal foi morto a golpes de facão em um imóvel localizado em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), na última segunda-feira (1º). O filho, Marcos Vitor Bezerra, 22, é apontado pela polícia como principal suspeito. Ele foi agredido por traficantes pouco depois dos assassinatos.
O jovem fugiu após o crime para a Chapada do Rio Vermelho, bairro onde morava com os pais, para ver a namorada, que também é moradora da região. Ao chegar no local, ele foi espancado por traficantes, que ficaram sabendo do crime. Ferido, Marcos foi socorrido pela Polícia Militar para o Hospital Geral do Estado (HGE) e, em seguida, preso em flagrante por agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na noite do dia do crime. Parentes e amigos se despediram de casal (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) O CORREIO esteve no Cemitério Municipal de Portão, onde ocorreram os sepultamentos dos pais de Marcos, e conversou com um amigo da família das vítimas, que preferiu não ter seu nome divulgado. Segundo ele, os traficantes da região ficaram indignados ao saber do crime.
"O tráfico não aceita esse tipo de situação. Por incrível que pareça, existe um 'código de ética', que os pais são sagrados. Rapidamente a notícia chegou via WhatsApp e Instagram. Quando Marcos chegou para ver a namorada, que também mora no bairro, ele foi cercado e espancado. Ele só não morreu porque um dos agressores disse que ele ia viver para sofrer ainda mais na cadeia e depois ligou para a PM, que o socorreu", contou.
O amigo das vítimas disse que os pais de Marcos não aceitavam o relacionamento dele com a namorada, o que pode ser um dos motivos do crime. "Ela é traficante e, por isso, eles não concordavam com a relação", contou. A versão já vinha sido apresentada nesta quarta (3), pela delegada Danielle Monteiro, titular da 26 Delegacia (Vila de Abrantes).
O CORREIO tentou contato com a delegada para saber mais informações sobre a investigação, sem sucesso.
O homem que conversou com a reportagem sob anonimato relatou ainda que conhecia Marcos e ficou surpreso com o crime. "Ele já trabalhou comigo. Um menino inteligente, cursava Educação Física numa faculdade paga pelos pais em Lauro de Freitas e era instrutor em uma academia também na cidade. Estamos surpresos com tudo isso, com tamanha crueldade", declarou. Edna ficou abalada com a perda da irmã (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Enterro Era por volta das 11h30 quando um grupo de pessoas seguiu para a única capela do Cemitério Municipal de Portão. Entre eles, estava o irmão de Marcos, Mateus, que estava vestido de preto, e sua tia, a irmã de Raimunda, Edna. No local, foi rezado um Pai Nosso.
Por determinação do próprio Mateus, a imprensa não foi autorizada a acompanhar o velório de perto. Apesar da distância, era possível ouvir o desabafo de uma mulher. "Deus tenha misericórdia dele. Te entrego, Senhor. Ele está em tuas mãos. Que a justiça seja feita. É uma dor muito grande", dizia ela, repetidamente, fazendo referência a Marcos.
Pouco depois de quase meia hora de silêncio, os caixões foram levados, um atrás do outro, para a área destinada ao sepultamento. Finalizado o ato, Mateus e a Edna foram cumprimentados pelos presentes à medida em que deixavam o cemitério. A imprensa ainda tentou conversar com os dois, mas eles preferiram não dar entrevistas.
Mateus mora em São Paulo e chegou a Salvador na quarta-feira, para acompanhar o enterro dos pais. Já Edna, que mora em Maranhão, chegou no mesmo dia. “Era vontade da família que o corpo de Raimunda fosse para o Maranhão, mas o filho decidiu enterrar os dois juntos”, disse rapidamente uma amiga de Mateus à reportagem. A família de Rinaldo é de Salvador.