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Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2019 às 21:23
- Atualizado há um ano
Um singelo prédio do bairro da Piedade, no centro de Salvador, reúne raridades do acervo histórico da Bahia e do Brasil. Há 125 anos, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) reúne, em sua sede, raridades que ajudam a contar o passado do estado. Através de materiais como documentos, livros, pinturas, esculturas e móveis seculares, o Instituto é uma preciosidade histórica no coração da capital.
São mais de 45 mil livros no local. Dentre eles, mais de uma centena de raríssimos exemplares do século 17, quase do início da tipografia. Pinturas e obras de artes também estampam as paredes de todo o espaço. São mais de 150 obras de renomados autores como Alberto de Aguiar Pires Valença e Manoel Ignácio de Mendonça Filho.
O local, considerado como a mais antiga associação cultural da Bahia em ininterrupto funcionamento, também possui um acervo de mais de 5 milhões de folhas de jornais editados no estado desde o século 19.
“O Instituto é uma fonte muito importante de pesquisas. Nós também temos diversos objetos que estão à disposição do público, como móveis de época e 5.500 fotografias históricas que também são muito consultadas e utilizadas em publicações e teses. Do total, 4 mil foram digitalizadas e está faltando aproximadamente outras 1500”, disse o presidente do IGHB, Eduardo Morais de Castro.
Durante a comemoração dos 125 anos do Instituto, na noite desta segunda-feira (13), um livro que conta a história do prédio foi lançado, o “Síntese Histórica: 125 anos do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia”, de autoria de Wilson Thomé Sardinha Martins, Nilson Joan e Silva e José Nilton Carvalho Pedreira. O lucro com a venda dos exemplares será revertido para a Santa Casa de Misericórdia da Bahia.“O Instituto foi fundado com esse objetivo: de preservar e acompanhar a história e geografia da Bahia. Temos aqui um acervo riquíssimo e pouco conhecido. Manter uma casa cultural é difícil no país inteiro. A grande importância é disponibilizar a informação a terceiros”, afirmou o presidente. A sede no bairro da Piedade é a terceira que o IGHB já teve. A primeira, inaugurada em 13 de maio de 1894, ficava localizada no Centro Histórico, mais precisamente no Terreiro de Jesus. Uma segunda sede provisória foi adotada enquanto a atual estava sendo construída, entre 1921 e 1923. A inauguração da atual sede foi feita em 2 de julho de 1923, no centenário da Independência da Bahia.
Todo o acervo constituído no local é oriundo de doações dos sócios fundadores e de simpatizantes da causa. Na última sexta-feira (10), por exemplo, chegou ao local uma restauração de um livro do ano de 1.600 do holandês Gaspari Barleal, que conta em latim relatos de holandeses que vieram ao país na época.
Um manuscrito de Teodoro Sampaio de 1890 também é uma das últimas aquisições históricas da Instituição, que possui grandes obras, como um exemplar de Os Lusíadas Camões publicado em 1880 e uma Bíblia publicada em latim em 1579. Outras preciosidades como manuscritos de poemas de Castro Alves e cartas de Antônio Conselheiro, por exemplo, podem ser encontradas no local.
Para o futuro, o Instituto possui diversos projetos a serem desenvolvidos. Um deles é a criação de um museu interativo, com uma parte histórica do atual instituto, mas com um formato mais contemporâneo de contar a história do estado; além de um projeto de digitalização das obras em curso com a Rede Bahia.
Algumas obras raras que podem ser encontradas no local:
Livro de Gaspari Barleal - Um exemplar de 1.600 baseado em relatos de holandeses que estiveram no país na época. Livro de Gaspari Barleal foi restaurado com papel japonês e teve folhas lavadas para equilibrar pH (Foto: Almiro Lopes / CORREIO) Caderneta de Teodoro Sampaio - Um manuscrito do historiador brasileiro de 1890 que faz parte de grande parte do que a casa chama de Acervo Theodoro Sampaio. Livro também foi restaurado e adicionado à coleção recentemente (Foto: Almiro Lopes / CORREIO) Livro de Debret - Uma obra do pintor, desenhista e professor francês Jean-Baptiste Debret de 1834 dividida em três volumes. Ele passou 15 anos no Brasil e conta, no livro, o cotidiano do Rio de Janeiro, os costumes do índio, além de especificidades da sociedade. Debret utilizava de obras locais para exemplificar costumes e cultura brasileira (Foto: Almiro Lopes / CORREIO) Hemeroteca - Mais de 5 milhões de folhas de jornais editados no estado desde o século 19 estão disponibilizados no local. A consulta pode ser realizada de forma gratuita pela população. Arquivo possui mais de 5 milhões de folhas de jornais (Foto: Almiro Lopes / CORREIO) Pedra Fundamental do Instituto - Uma pedra de 1824 que fazia parte da primeira sede do Instituto, no Terreiro de Jesus. Pedra integrava primeiro instituto (Foto: Almiro Lopes / CORREIO) Acervo de Castro Alves - No local podem ser vistos manuscritos de poemas de Castro Alves, uma mecha de seu cabelo, uma pedra da fonte da fazenda Cabaceiras em que ele tomava banho, dentre outros. Acervo inclui mecha de cabelo de Castro Alves (Foto: Almiro Lopes / CORREIO)