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Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2018 às 19:00
- Atualizado há 2 anos
Estudante da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Camila (nome fictício) já tinha sido vítima de assédio outras vezes. O que ela não esperava é que dessa vez fosse acontecer dentro do ônibus que transporta os estudantes da sua universidade, o Buzufba, e da pior forma possível: um homem, aparentando ter 40 anos, ejaculou em sua perna, no final da tarde dessa quarta-feira (29), quando ela se deslocava do PAF, em Ondina, para a Lapa.
Embora o Buzufba seja destinado exclusivamente para transportar os universitários, não há nenhum controle de acesso ao meio de transporte. Camila conta que chegou a gritar com o homem após perceber que ele tinha ejaculado nela e que ele usou uma mochila para esconder a ereção.
Ela lamenta ainda que os passageiros não tenham contido o abusador; apenas o obrigaram a descer do ônibus no ponto seguinte, na altura do Diretório Central dos Estudantes (DCE), já na Federação.
"Quando a gente saiu de Ondina ele estava passando a mão pela minha perna. Falei pra ele tirar a mão dali, mas ele disse que era a mochila. Passou um tempo e ele voltou com a mão. Começou a encostar em mim, me encoxando. Fiquei um tempo sem fazer nada pra ter certeza do que ele tava fazendo", relatou a estudante.
Ela explica que ainda tomou medidas para se afastar do abusador. "O ônibus deu uma acelerada que fez as pessoas irem pra frente e eu aproveitei pra me afastar dele. Nisso ele continuou chegando perto, até que ejaculou em mim. Falei pra ele se afastar porque tava me assediando. Mostrei às pessoas, ele tava ereto. Nisso ele se justificou falando que era a mochila e colocou na frente da calça pra disfarçar a ereção", denuncia Camila.
A situação ocorreu no fundo do ônibus, por volta das 17h, e o Buzufba estava lotado.
De acordo com a estudante, o 'tarado do Buzufba' é branco, tem a cabeça raspada, e possui aproximadamente 1,70 m de altura. No momento do ataque, ele usava blusa branca, calça jeans escura e carregava uma mochila preta.
Embora o ônibus tenha câmeras, Camila não sabe se elas conseguiram flagrar o assédio. Ela informou que iria comunicar o fato à reitoria e pedir providências.
"Vou denunciar o caso à Ufba. Se eles vão tomar alguma providência, é outra história", afirma a estudante, acrescentando ainda que se sentiu incapaz de tomar alguma atitude diante do absurdo que viveu. "É uma sensação horrível também, de impotência, ódio, revolta, nojo. Já aconteceram outros assédios comigo, mas não de chegar a esse ponto".
Identificação do autor Procurada, a Ufba informou, através de sua assessoria de comunicação, que o setor de segurança da universidade já conseguiu falar com a estudante através de uma rede social e está averiguando as imagens do Buzufba para ver se identifica o acusado.
Além disso, segundo a assessoria, a universidade vai dar o apoio necessário à estudante. "Se ela quiser dar queixa em uma delegacia, a segurança vai acompanhá-la. Também colocamos à disposição o nosso projeto Psiu, que tem o propósito de dar apoio às vítimas de qualquer tipo de trauma", informa a instituição.
Questionada se planeja adotar alguma medida de controle no Buzufba, a instituição informou que pretende implementar meios de monitoramento.
"Estamos com um projeto que vamos anunciar brevemente, que vai aprimorar o monitoramento no Buzufba. A Ufba não fala em controle porque o princípio da universidade não é ser como uma cidade dividida por fronteiras, nem como um condomínio fechado, que coloca cancela para impor seus limites. Não queremos perder nossa natureza aberta, acolhedora, de universidade pública", justifica a instituição.