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Bruno Wendel
Publicado em 24 de agosto de 2019 às 14:20
- Atualizado há 2 anos
O milho branco foi jogado para pedir proteção ao mesmo tempo que a pipoca era lançada desejando prosperidade na manhã deste sábado em Portão, bairro de Lauro de Freitas. Para além de uma manifestação do povo de candomblé, a 1ª Caminhada Tembwa Ngeemba foi um evento contra o racismo, a intolerância religiosa e em favor da preservação ambiental e territorial.
A caminhada foi encabeçada pelo Terreiro São Jorge Filho da Goméia, localizado em Portão, região onde estão estabelecidas cerca de 400 casas religiosas de matriz africana. “Tudo indica que somos a única religião brasileira, oriunda do povo escravo. Por isso estamos aqui pedindo pela paz, união, diversidade, natureza e território", declarou a Mameto Camuruci da Gomeia, líder do terreiro.
A crescente violência contra jovens, especialmente negros; os discursos e casos concretos de desrespeito a manifestações culturais e religiosas de determinados grupos como negros e índios; a deterioração e o ataque a territórios e recursos ambientais dos quais esses grupos dependem são os principais motivos que impulsionam a iniciativa da marcha.
“A gente luta pela preservação da cultura africana, do meio ambiente, pelos nossos jovens que estão sendo vítimas constantemente da violência. São por esses motivos que todos nós de santo saímos hoje. Além de representantes dos 400 terreiros de Portão, tem povo de santo do Recôncavo, Mata de São João e Recife”, disse Géssica Neves, 25, filha do Terreiro São Jorge Filho da Goméia.
Entre as mães-de-santo presentes, a pernambucana Nadja Cristina falou sobre as queimadas nas florestas. “Clamamos pelas nossas florestas que estão sendo devastadas. São elas que trazem a nossa energia”, disse.
A caminhada começou às 8h e seguiu pelas ruas do bairro por quase dois quilômetros até chegar ao seu ponto final, o Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão. Importantes lideranças fortalecem o coro de chamamento para a caminhada, a exemplo da Ebomi Nice de Oyá (Terreiro Casa Branca), da Mameto Cláudia Santos (Terreiro Mansu Dandalunda), da Ialorixá Jaciara Ribeiro (Axé Abassá de Ogum) e do Babalorixá Jadilson Lopez (presidente da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro - FENACAB).