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Vinicius Nascimento
Publicado em 12 de dezembro de 2020 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
Alunos da Universidade Estácio da Bahia emitiram um comunicado repudiando a decisão do centro universitário de encerrar o modelo de aulas presenciais para o curso de jornalismo, mantendo apenas o EaD. A decisão foi comunicada em reunião geral on-line realizada na última quinta-feira (10) e já vale para o próximo semestre letivo.
Procurada, a faculdade não se manifestou até o fechamento da matéria. O comunicado, assinado por alunos da faculdade de jornalismo, alega que "a instituição comunicou, de forma abrupta, o fim do curso de jornalismo na modalidade presencial. Assim, de maneira direta e sem rodeios, os alunos também foram pegos de surpresa com a situação".
Auxiliar de marketing e aluna do 7º semestre do curso, Emilly Giffone diz que o seu futuro ficou incerto com essa decisão. Primeiro, porque não sabe se a sua bolsa do Educa Mais Brasil será mantida. E, mesmo que seja, a estudante alega que sente dificuldades com o modelo à distância e que essa não foi a sua escolha no início do curso, justamente para que não tenha a sua formação prejudicada.
Emilly conta que os problemas com a organização e com a forma da Estácio lidar com os alunos do curso são antigos: a sua grade ficou bagunçada após a instituição não disponibilizar uma série de matérias necessárias em semestres anteriores por falta de professores. Além disso, Emilly alega que o tratamento da faculdade com seus alunos é "desumano e não leva em consideração que pessoas têm sonhos e buscaram a universidade pela credibilidade que a mesma apresentava no mercado e pela confiabilidade no nível de ensino ofertado".
Confira a íntegra do comunicado divulgado pelos alunos:
"Olá, futuros colegas!
Esse comunicado foi elaborado por estudantes da Universidade Estácio da Bahia (FIB) e tem o propósito de revelar o nosso descontentamento com a decisão unilateral realizada pela instituição. Aos 45 minutos do segundo tempo, mais precisamente no dia 10 de dezembro de 2020, a instituição comunicou, de forma abrupta, o fim do curso de jornalismo na modalidade presencial. Assim, de maneira direta e sem rodeios, os alunos também foram pegos de surpresa com a situação.
A gente lembra aqui que a Estácio lida com vidas e sonhos, pessoas que buscaram a universidade pela credibilidade que a mesma apresentava no mercado e pela confiabilidade no nível de ensino ofertado pela mesma até então. A grande maioria dos alunos afetados com essa decisão está matriculada no quinto semestre em diante, com mais de 50% do curso realizado e agora, de maneira açodada, terão que buscar novos caminhos. Vale lembrar que, muitos desses alunos são bolsistas dos mais variados programas estudantis e, portanto, não possuem tempo hábil para definir a situação de transferência e bolsas com novas instituições.
Em um encontro marcado por palavras diretas e sem o devido cuidado por parte daqueles que se apresentaram como Reitores da instituição, foram dadas como opções a transferência para um curso a distância ou a mudança para outro curso. Fica a pergunta: quem sonha em ser jornalista vai mudar de curso simplesmente do nada, depois de já ter cursado mais da metade da graduação?
Sabemos que o mundo vive um período de pandemia, porque não dizer de calamidade social, e que as instituições estão se moldando a uma nova realidade. Mas, sabemos também que o risco do negócio no direito do consumidor é de quem oferta o serviço, a Estácio transferir o seu prejuízo financeiro para os alunos e acabar com a modalidade presencial, sem ao menos, por exemplo, traçar um convênio com outras instituições, é desequilibrar a balança da relação de consumo.
Nesse sentido e pelo dia de desespero que nós estudantes estamos tendo, pedimos visibilidade para este veículo de comunicação, para que nós possamos tornar essa situação pública para as autoridades competentes e os demais cidadãos.
Atenciosamente, Alunos de jornalismo da Estácio."