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Espaços culturais sofrem com aumento de furtos de fios de energia em Salvador

Número de ocorrências do crime já é cinco vezes maior do que em todo o ano passado, diz GCM

  • D
  • Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2022 às 05:30

. Crédito: Foto: Divulgação

Em junho, quando o Espaço Cultural da Barroquinha, no Centro Histórico de Salvador, preparava-se para retomar as atividades após dois anos parado, devido à pandemia, fios de energia elétrica do equipamento foram furtados. Crimes do tipo já tinham acontecido no local, conta Chicco Assis, gerente de Equipamentos Culturais da Fundação Gregório de Mattos (FGM), órgão vinculado à Secretaria de Turismo e Cultura de Salvador (Secult Salvador). Não que isso não representasse um problema, mas, desta vez, o furto impediu a reabertura do espaço.

Os alvos dos infratores foram o sistema de refrigeração e o quadro de distribuição elétrica. “Entre reposição dos cabos furtados e dos equipamentos danificados, mão de obra e outros serviços, para aumentar a segurança do espaço, estimamos que o município tenha um prejuízo da ordem de R$ 100 mil”, avalia Chicco. Agora, a previsão é reabrir as portas durante o verão.

O local não foi o único voltado à cultura na capital baiana a ter sido alvo de furtos de fios: a Biblioteca Municipal Edgard Santos, no bairro da Ribeira, sofreu duas investidas no ano passado e outra, mais grave, em maio deste ano. “Das outras duas vezes, eles [os suspeitos] tinham furtado do poste; desta vez, eles pularam o muro e pegaram o cabo inteiro, inclusive, danificando a caixa de energia da biblioteca”, relata a gerente de Biblioteca e Promoção do Livro e Leitura da FGM, Jane Palma.

Nesse caso, o funcionamento do espaço não precisou ser interrompido, mas um de seus ambientes, o infocentro, está fechado em decorrência do dano, que atingiu também os cofres públicos. “Em torno de R$ 30 mil a R$ 40 mil, segundo o engenheiro que fez a avaliação. As outras [ocorrências] foram um custo menor, de R$ 8 mil a R$ 10 mil, mas não deixa de ser um custo.” Ainda de acordo com Jane, todas as ocorrências foram registradas em delegacia. Biblioteca Municipal Edgard Santos, na Ribeira, foi reinaugurada em 2017 (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO) O Memorial das Baianas de Acarajé, na Praça da Sé, no Centro Histórico, é outro a entrar para o rol. Reinaugurado em maio, o local já vinha sofrendo furtos anteriormente e, apesar do novo visual, o velho problema continua. “Antes mesmo de a pandemia acontecer, nós já tínhamos tido alguns roubos [furtos] de cabos do ar-condicionado. No período da pandemia, nós tivemos duas vezes, e, agora, no finalzinho de junho, não é que levaram o cabo do ar-condicionado de novo!”, lista, com indignação, Rita Santos, presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam) e à frente da gestão do espaço.

O eletrodoméstico que fica na biblioteca existente no memorial — cujo acervo ainda está em fase de composição —, sequer tinha sido usado.“Não só levaram o cabo: entortaram lá tudo. Eu, até hoje, não consegui repor, porque tem que repor os cabos, tem que repor o gás [do ar-condicionado], e eu não tenho condições”, diz Rita, que busca ajuda financeira com parceiros.Ela conta que mais itens foram levados. “Eles tinham levado os toldos [colocados nas portas], mas, graças a Deus, eu consegui repor os quatro toldos no lugar”. Nem o registro da reinauguração sobrou. “Na outra semana, eles levaram a placa”, chega a rir, incrédula.

Balanço

De janeiro até a última quinta-feira (15), segundo a Guarda Civil Municipal, foram registradas 66 ocorrências, das quais três foram pichações; outras três, vandalismo; 44 furtos ou roubos de fios; e 16 depredações ao patrimônio público. Os bairros com mais casos foram: Fazenda Grande do Retiro, Canela, Campinas de Pirajá, Barris, Canabrava, Liberdade, Graça, Pau Miúdo, Itaigara, Brotas, Cabula, Parque Bela Vista, Pituba e Armação. Na terça-feira (13), dois homens foram presos, em flagrante, na Avenida Gal Costa, furtando mais de 500 metros de cabos de telefonia.

Durante todo o ano passado, houve 17 registros: quatro de pichações; um de vandalismo; oito de furtos ou roubos de fios; e quatro de depredações ao patrimônio público. O número de furtos ou roubos de fios em 2022 corresponde a 66% por cento de todos os casos contabilizados neste ano e já é mais de cinco vezes maior do que o de 2021, chamando a atenção da Guarda Municipal.

Segundo o inspetor-geral da instituição, Marcelo Silva, a prática não tem sido comum apenas em Salvador e tem influência dos efeitos socioeconômicos provocados pela pandemia.“A linha da miséria ‘abafou’ as pessoas, e muitas dessas pessoas não se encontravam e, agora,  encontram-se em situação de vulnerabilidade social”, explica Marcelo.“Com isso, além de necessitar, como todo mundo, de dinheiro para se alimentar, muitas pessoas também fazem uso de drogas”, acrescenta.

Videomonitoramento

Por meio de nota, a Guarda Civil Municipal afirmou que “realiza diariamente ações de patrulhamento preventivo, com o intuito de evitar ações de vandalismo e depredação do patrimônio público”. Também por nota, a Polícia Civil comunicou que “o Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) tem ações voltadas para essa prática [de furtos de fios elétricos] em toda a capital baiana” e que as denúncias devem ser feitas nas delegacias territoriais ou na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos.

O inspetor-geral da GCM destaca o suporte dado pelo novo canal de denúncias, via WhatsApp, e o sistema de videomonitoramento que está sendo implantado pela prefeitura, com ‘um viés de polícia turística’, e que será operado pela própria guarda. De acordo com Marcelo, houve um investimento de R$ 16 milhões em tecnologia e equipamento e de R$ 500 mil na estruturação física da central, que ficará na sede da guarda, na Avenida San Martin.

“Nós teremos nossos operadores, como, hoje, já acontece, 24 horas, monitorando a cidade. A diferença é que você vai ter um centro moderno, com tecnologia de ponta e de identificação facial”, diz o inspetor-geral.“Na primeira fase do projeto, estimam-se 230 câmeras, aproximadamente, na região do Santo Antônio Além do Carmo, que é o Centro Histórico — onde acontecem muitas questões de vandalismo e furtos de fios —, até a nossa orla, lá, em Praia do Flamengo”, informa.Como denunciar

Com a garantia de preservação da identidade de seus autores, as denúncias devem ser realizadas por meio do número de WhatsApp (71) 99623-4955, na forma de mensagem escrita ou de áudio com até 30 segundos, acompanhadas de imagens. Ligações não são aceitas. Após resposta automática, o atendimento será feito pela equipe da Central de Operações da GCM, e a denúncia recebida será analisada e encaminhada aos responsáveis.

Ao ser flagrado cometendo o crime, o suspeito é encaminhado para a delegacia, onde a autoridade policial irá tipificar o ilícito, que pode resultar em prisão por um a cinco anos, além de multa, ou ser enquadrado como roubo ou furto.

A Guarda Civil Municipal ressalta que comunicar um ato ilícito que não aconteceu pode acarretar responsabilização por falsa comunicação de crime, passível de pena de até seis meses de detenção e multa.

Ocupar é preciso

O presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, afirma que os espaços culturais situados no Centro Histórico têm sofrido com a violência na região. “A gente tem um problema sério de segurança aqui [no Centro], que, agora, já melhorou muito, por conta, inclusive, de uma ação conjunta da Polícia Militar, da Guarda Municipal e da Polícia Civil”, ressalta. “Vários funcionários nossos foram assaltados nessa região. Funcionários da fundação, do Teatro Gregório de Mattos, do cinema [Cine Metha Glauber Rocha]”, continua. Para Guerreiro, a redução dos índices de criminalidade passa também pela ocupação dos lugares.“Na hora que eu vejo um assalto, eu, na verdade, acabo esvaziando [os espaços] e aumentando o número de assaltos. Uma coisa leva à outra”, analisa ele, que comenta, ainda, a dificuldade de levar o público para aquela região.“O Centro da cidade já é um lugar muito estigmatizado. Quando acontecem essas coisas, [se] agrava muito, apesar de que os assaltos, hoje, acontecem na cidade toda”, pondera.

Outro ponto abordado pelo presidente da FGM é o impacto das restrições sanitárias impostas pela Covid-19. “O pós-pandemia trouxe, realmente, esvaziamento: muita loja fechou, as pessoas perderam o hábito de vir para cá [para o Centro]... Então, isso atrapalhou muito.” Memorial das Baianas de Acarajé, na Praça da Sé, foi revitalizado neste ano (Lucas Moura/Secom) Para estimular o preenchimento dos diversos espaços culturais que existem em Salvador, o CORREIO listou parte do que alguns deles oferecem, bem como seus respectivos horários de funcionamento e endereços:

Espaço Cultural da Barroquinha

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e antiga Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha, de 1726, o imóvel, reaberto em 2014, possui três ambientes: a Galeria Juarez Paraíso, onde está a exposição ‘Orixás da Bahia’; a Sala Mário Gusmão, onde são apresentados espetáculos artísticos, sobretudo, que valorizem as culturas negras; e o Pátio da Barroquinha, onde acontecem shows.

Funcionamento: ainda a ser ajustado, após a reabertura, prevista para o verão.

Endereço: Rua do Couro, s/n — Barroquinha, Centro Histórico.

Biblioteca Municipal Edgard Santos

Com 26 mil livros disponíveis, o local, fundado em 1978 e reinaugurado em 2017, dispõe ainda de espaço voltado exclusivamente ao público infantil, com contação de histórias e atividades com pedagoga. Além disso, prepara uma programação especial para o Dia das Crianças, no próximo mês.

Funcionamento: de segunda a sexta, de 9h a 16h.

Endereço: Avenida Porto dos Mastros, s/n — Ribeira.

Memorial das Baianas de Acarajé

Com cozinha, salas de oficinas e de exposição, biblioteca e centro de referência, o espaço foi fundado em 2009. A reforma, concluída neste ano, teve como objetivo resgatar a exposição permanente da história das baianas e a realização de eventos, além da divulgação da gastronomia regional.

Funcionamento: de segunda a sábado, de 9h a 17h.

Endereço: Praça da Sé, ao lado do Monumento da Cruz Caída, no Centro Histórico.