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Celebração aconteceu na Igreja do Rosário dos Pretos
Amanda Palma
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 17:32
- Atualizado há 2 anos
O dia 4 de setembro sempre foi de festa e celebração na Bahia e hoje, não foi diferente, com a homenagem aos 90 anos do senador Antonio Carlos Magalhães, que completaria esta idade se estivesse vivo. O homenageado sempre gostou de festa e a celebração teve o seu jeito, como descreveram alguns dos presentes à missa na Igreja do Rosário dos Pretos – onde o senador sempre celebrava seu aniversário –, durante a manhã. “Isso aqui está a cara dele”, disse um dos admiradores que acompanhou o culto no Pelourinho.
Os Filhos de Gandhy abriram a festa pontualmente às 10h30, espalhando a alfazema do Largo do Pelourinho até a igreja. No templo, representantes do afoxé caminharam tocando o agogô, acompanhados pelo Coral Ecumênico, que despertou a emoção dos presentes com os cânticos religiosos. Filhos de Gandhy abriram a celebração no Largo do Pelourinho (Foto: Marina Silva/CORREIO) Familiares do senador se emocionaram durante a missa, que lembrou as músicas que ele mais gostava e também o seu legado deixado para a Bahia e o Brasil. “É um dia de muita emoção para a família. Hoje que a família está muito contente de lembrar de ACM por tudo que ele fez pela Bahia”, resumiu o filho, ACM Junior, presidente da Rede Bahia, que estava acompanhado da esposa, Rosário Magalhães.
Os netos de ACM também participaram da missa, Paula Magalhães, Renata Magalhães, Luis Eduardo Magalhães Filho e o prefeito ACM Neto, que se emocionou ao lembrar das lembranças mais marcantes do avô. Para ele, muito além das obras espalhadas pela Bahia, a relação estabelecida pelo político com o povo baiano é o seu legado mais forte.
“Eu entendo que o maior legado deixado por ACM não se traduz a partir de uma obra ou não pode ser materializado em uma determinada realização, mas em uma trajetória de vida dedicada à vida publica, dedicada ao seu estado, ao seu povo. Mais de 50 anos que ficaram na construção de uma relação que talvez nenhum outro político, nenhum outro homem público seja capaz de construir. Apesar de passados 10 anos de seu falecimento, ele ainda está tão vivo no coração de nosso povo e pode ser sentido de maneira intensa por nossa cidade e nosso estado”, discursou o prefeito, que se emocionou em alguns momentos. Prefeito ACM ao lada das filhas: emoção durante missa (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Da família, também estiveram Michele Marie, viúva do deputado Luis Eduardo Magalhães, o empresário Arnaldo Gusmão, e os bisnetos Lívia, Marcela, Eduardo, Mirela, Gabriela e Gustavo.
A missa foi celebrada pelo padre Lázaro Muniz, que fez a celebração junto aos padres Abel Carvalho e Luís Moreira. “Para nós esse momento é singular, e é por isso que estamos aqui, por uma causa muito especial. A nossa oração e nossa gratidão, a deus é por um homem profundamente especial que marcou a nossas vidas, marcou a nossa Bahia e nosso Brasil”, destacou Muniz.
Legado O padre lembrou também dos próprios dizeres de ACM, que fazia do amor pela Bahia seu combustível para a vida. “A garantia de sua vida era o amor pela Bahia. Quando prefeito, fez uma revolução na cidade dizia 'aqui se constrói o futuro sem destruir o passado'. A alegria deste ato é comover os nossos corações e dizer a Deus muito obrigado, porque ACM marcou profundamente a nossa vida e a do Brasil”, completou o pároco. Presidente da Rede Bahia, ACM Jr, se emocionou na celebração (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Amigos, deputadores, vereadores e secretários municipais também foram a igreja Rosário dos Pretos para lembrar o dia que foi de saudade, mas também de alegria, como o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Manoel Castro. “A saudade é superada pelo reconhecimento e gratidão. Nós agradecemos muito e aqui eu senti isso. Nós temos muitas pessoas diferentes, mas todas falam da contribuição de ACM para a Bahia. É uma pessoa muito idolatrada por todos. É um prazer muito grande participar dessa festa do reconhecimento público de Antonio Carlos”, afirmou.
O superintendente do Sebrae na Bahia, Jorge Khoury, lembrou também da importância da atuação na economia do estado. “Uma das coisas que eu acho importantíssima é nosso desenvolvimento econômico, de implantar o polo petroquímico e que daí houve, efetivamente, uma série de outras oportunidades no estado, como no Oeste com agronegócio, no norte do estado com agricultura irrigada. A gente relembra a sua luta pelos interesses da Bahia, diante dos interesses até do país”, destacou.
Emoção Um dos momentos emocionantes do culto foi o ofertório, quando os bisnetos do senador levaram até o altar objetos que relembraram a sua trajetória política e pessoal, entre eles, uma miniatura do Pelourinho, cuja revitalização é considerada a maior obra na área cultural realizada no terceiro mandado como governador do estado, no início dos anos 1990. Também foram exibidas fotos de sua vida política, ao som da música A Barca, cantada pelo Coral Ecumênico. Igreja ficou lotada de admiradores do senador (Foto: Marina Silva/CORREIO) A cantora Márcia Short também levou emoção ao público presente, cantando a música Cristo Amigo, uma das preferidas do senador e que já estava acostumada a cantar para o velho amigo. “Eu me senti em casa, cantando para um amigo. Isso que eu fiz aqui hoje, já tinha sido feito em outros aniversários dele. Eu senti uma presença muito leve hoje. Eu entreguei as flores em vida e hoje ele veio buscar esse presente. Eu me senti cantando parabéns para o meu amigo”, declarou a cantora.
A emoção também foi grande para a aposentada Amélia Portela, 72 anos. Ela conta que tinha uma relação mais próxima com ACM quando trabalhavam no mesmo edifício. “Eu chamava ele de meu dindo e ele me chamava de afilhada. Eu me emocionei muito na missa hoje, sentindo falta dele”, contou.
Também presente na missa, a professora aposentada Maria Alice Dantas, 84, também guarda as memórias do senador em casa. “Minha família sempre gostou dele de graça. Eu tenho foto dele, de algum tempo atrás, tenho cartão de natal que eu escrevia para ele, simplesmente por admirá-lo”.
O escritor e jornalista José Batista Freitas Marques, 48, autor do livro ACM: O Mito, também foi prestar sua homenagem. “Para mim é uma dia feliz, mas estou bastante emotivo, sempre quando chega 4 de setembro, venho na Igreja do Bonfim rezar pra ele. Era amigo dos amigos, apesar de minha pouca idade, a amizade já vinha dos meus avós que eram amigos dele. E eu convivi com ele eternamente, que tratava a gente como fosse fosse família”, lembrou, emocionado.
Livro Na noite do próximo dia 14, está prevista ainda uma festa de lançamento do livro ACM em Cena, no Cine Glauber Rocha. A obra, que será publicada pela editora Solisluna, reúne 62 crônicas e depoimentos de autoria de jornalistas, intelectuais e personalidades das artes e da política nacional. Entre os quais, a cantora Maria Bethânia, o publicitário Fernando Barros, o senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) e o ex-presidente José Sarney (PMDB)