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Percentual de faltosos é menor que no início do ano letivo, em fevereiro, mas ainda preocupa as autoridades
Gil Santos
Publicado em 8 de março de 2022 às 15:05
- Atualizado há 2 anos
A volta às aulas presenciais completou um mês na segunda-feira (7), mas nem todos os estudantes voltaram de fato para a sala de aula. Na rede municipal de Salvador 35% dos alunos não estão frequentando a escola. As cadernetas têm registrado 65% de presenças. O número é maior que os 50% contabilizados no começo do ano letivo e que os 30% do final do ano passado, mas ainda está distante dos 100% esperados pelas autoridades. A rede estadual não divulgou o percentual.
Nesta terça-feira (8), durante um evento em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, o prefeito Bruno Reis (DEM) reclamou da resistência dos pais que ainda não levaram os filhos para a escola. O ano letivo foi retomado em 7 de fevereiro.
“Temos que trazer esses 35% [de alunos faltosos]. Vou ter uma reunião com o secretário Marcelo Oliveira [da Educação], para avaliar que estratégia a gente pode fazer a mais para que essas crianças voltem às aulas. É muito importante que elas voltem. Peço o apoio da imprensa e do Ministério Público, a quem puder ajudar nesse esforço para que haja o estímulo para que os pais levem as crianças para a escola. Ainda é um percentual muito alto [de faltosos], os números não estão bons e essa é uma preocupação”, afirmou.
O gestor disse que o Município tem feito buscas ativas das crianças e que agentes da educação estão fazendo mobilizações para convencer os pais a levarem os filhos para as aulas. “Não há punição maior para uma criança do que deixá-la sem estudar. A gente sabe que só através da educação essas crianças vão realizar seus sonhos, por isso peço aos pais que levem seus filhos para estudar”, disse.
O secretário da Educação Marcelo Oliveira afirmou que muitas famílias esperam passar o período de carnaval para levar os filhos para as escolas e que, de ontem para hoje, a taxa de faltosos caiu para 32%. Segundo ele, depois de dois anos sem aula, as pessoas se desacostumaram a mandar as crianças para a escola.
"Já passaram dois anos sem aula, as crianças estão com um déficit de aprendizado de difícil recuperação e isso só piora as circunstâncias. Levar a criança para a escola é uma obrigação da família e nos precisamos fazer cumprir essa obrigação", destacou o titular da pasta.
A busca ativa citada pelo prefeito, de acordo com Marcelo, é feita por um conjunto de estudantes de assistência social e pedagogia que são contratados para isso. "Eles vão na casa dessas crianças faltosas para conversar com os responsáveis e entender o que está acontecendo. São 300 profissionais envolvidos nessa busca", finalizou.
A dona de casa Jéssica Gonçalves, 31 anos, contou que não levou a filha para a escola porque estava aguardando o período de carnaval passar. "A gente tinha acabado de sair de dois surto, um de gripe e outro de covid, quando as aulas começaram. Estava com medo de acontecer uma nova onda de contaminação. Depois, veio o período de carnaval. Achei melhor deixar para voltar na primeira semana se março", disse, garantindo que vai levar a filha para a escola nesta quarta-feira (9).
A rede municipal de Salvador tem 432 escolas e 162 mil vagas. Em 2022, cerca de 24 mil novos alunos ingressaram no sistema. Outros 20 mil migraram da rede privada para a rede pública, em 2021, resultado de famílias impactadas pela crise econômica provocada pela pandemia.
A Secretaria Estadual de Educação (SEC) foi procurada para apresentar os dados da Bahia, mas ainda não se manifestou.