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Eduardo Dias
Publicado em 30 de março de 2020 às 17:35
- Atualizado há 2 anos
A chegada da pandemia do novo coronavírus a Salvador mexeu na rotina de todo mundo. Escolas, academias e restaurantes suspenderam suas atividades, as saídas para a rua são cada vez mais raras e já há mudanças até nos cemitérios. Afinal, velórios costumam gerar aglomerações - tudo que precisa ser evitado agora.>
No domingo (29), a Bahia registrou sua primeira morte pela covid-19, doença desenvolvida por quem é infectado pelo coronavírus. A vítima, Leonildo Sassi, de 74 anos, estava internado no Hospital da Bahia, em Salvador. O idoso foi cremado na tarde do mesmo dia, no Cemitério do Campo Santo, na Federação, com uma cerimônia diferente das habituais.>
É que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou regras sanitárias mais rigorosas para sepultamentos de vítimas do coronavírus, tanto em casos suspeitos como confirmados. Ambos devem ser realizados com caixões lacrados e sem aglomerações de pessoas.>
No Brasil, a Anvisa determina que as normas sejam seguidas nos hospitais, funerárias e velórios. A obrigatoriedade do corpo ser velado em um caixão lacrado é para evitar contaminações. “Recomenda-se que o caixão seja mantido fechado durante o funeral para evitar contato físico com o corpo”, diz a nota técnica.>
Diante da recomendação da Anvisa e obedecendo aos decretos municipais e estaduais, cemitérios e crematórios da capital baiana adotaram algumas medidas restritivas para combater a disseminação da doença. Entre elas, está a limitação de apenas 10 pessoas no velório, que também deverá ocorrer em apenas duas horas. Antes, não havia um limite para ambos.>
Os decretos da prefeitura e governo do estado proíbem aglomerações acima de 50 pessoas em locais públicos e privados, pelo período e 15 dias. De acordo com o gerente do Cemitério Campo Santo, Roberto Tabuada, a empresa buscou desenvolver seu próprio protocolo especial de higienização desde o início da pandemia na Bahia.“Já estávamos preparando a nossa equipe desde o primeiro caso confirmado e mudando as formas de atendimentos, com orientações a todos os funcionários e clientes sobre a importância de higienização, distanciamento social dentro do próprio cemitério, além de reforço nas medidas de higienização nas áreas internas”, explicou.Além do reforço na higienização e das mudanças nos velórios e sepultamentos, o Campo Santo também adotou uma recomendação às famílias das vítimas. No momento da reserva das vagas, o local pede que a participação de pessoas que se encaixam no grupo de risco contágio da doença seja evitada nas cerimônias.>
“Orientamos aos clientes não tragam para os velórios crianças, idosos, mulheres grávidas, pessoas com deficiências imunológicas e doenças crônicas. É uma orientação nossa, para que eles evitem aglomerações em volta do caixão, mesmo ele estando lacrados. Sabemos que é um momento de despedida, mas há necessidade do cuidado também”, afirmou o gerente.>
Mais mudanças Outro local que também adotou os cuidados foi o Parque Bosque da Paz, que emitiu um comunicado com as medidas protetivas para os visitantes e clientes durante o período da pandemia.>
Entre eles estão a limitação da permanência de visitantes no local pelo tempo máximo de 1 hora e permissão de acesso para, no máximo, duas pessoas, caso a morte tenha conexão com insuficiência respiratória. Se não houver conexão, será negociado o acesso de até 10 pessoas, não sendo esta quantidade uma obrigação.>
O Bosque da Paz informou ainda que não haverá velórios no local e as cerimônias de cremação terão tempo de 2 minutos para as orações, antes do corpo ser recolhido, e que para preservar a segurança de todos neste período, não receberá mais corpos no turno da noite.>
“Nós, do Cemitério Parque Bosque da Paz, estamos sempre atentos à preservação da vida e, diante do cenário em torno do coronavírus que acomete todos os países do mundo, algumas decisões precisaram ser tomadas com o objetivo de garantir a saúde e o bem-estar dos nossos visitantes e colaboradores. Em um momento tão delicado para o nosso país, temos a certeza de contar com a compreensão e colaboração de todos, e nos colocamos à total disposição para qualquer dúvida e informação”, diz trecho da nota.>
O CORREIO também procurou o Cemitério Jardim da Saudade, mas não obteve repostas.>
Já a Secretaria Municipal de Ordem Pública, que responde pelos cemitérios públicos da capital, informou que novas medidas também fora tomadas. Os agendamentos de enterros e velórios, por exemplo, estão sendo feitos apenas por telefone. Além disso, as famílias estão sendo orientadas no momento da marcação a manterem as urnas funerárias fechadas.>
A pasta informou ainda que solicita aos familiares que as cerimônias de despedida tenham no máximo 10 pessoas, permanecendo o menor tempo possível velando o corpo. "Essas orientações não constam em decreto, mas resolvemos implementá-las visando minimizar os riscos de contaminação aos nossos colaboradores e o público em geral", diz por meio de nota.>
Confira a lista de mudanças nos sepultamentos: Participação de no máximo 10 pessoas por velório; Duração máxima de 2 horas para qualquer sepultamento; Acesso de visitantes por apenas 1 hora; Duas pessoas por morte, caso seja por insuficiência respiratória; Caso não, pode ser negociada para até 10 pessoas; Limitado a 2 minutos o tempo de orações antes das cremações; Agendamentos apenas por telefone; Suspensão de recebimento de corpos durante à noite. * Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco>