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Das 206 startups de Salvador, 18 faturam mais de R$ 1 milhão
Marcela Vilar
Publicado em 10 de maio de 2021 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
As primeiras startups surgiram no Brasil nos anos 2000, algumas delas, aqui na Bahia. O sucesso de uma ideia inovadora levou os fundadores a terem empresas milionárias. Segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), das 206 startups da capital baiana, 18 delas têm faturamento acima de R$ 1 milhão por ano.
O CORREIO conversou com os criadores de cinco delas - Kinvo, Sanar, Jusbrasil, POS Controle e Agilize – para entender o que fez esse sucesso acontecer. A Kinvo, que oferece controle de investimentos, a Sanar, que atua na área médica, e a POS Controle, que oferta serviço de pagamentos para o varejo, já têm clientes inclusive no exterior.
A Kinvo, em março de 2021, foi vendida para o banco BTG Pactual por R$ 72 milhões e pretende crescer 300% este ano. A POS Controle, depois de vender sua tecnologia para ser usada nos estádios da Copa e da Olimpíada no Brasil, participa há quatro anos – como convidado - da maior feita internacional de fabricante de máquinas de cartão de crédito, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Já a Sanar recebeu R$ 60 milhões de fundos de investimento da Valor Capital e DNA Capital, em abril de 2021, e tem clientes até na Rússia.
Startup: o que é e como criar uma? O requisito básico para se montar uma startup é criar uma solução para um problema de mercado, segundo o administrador Rodrigo Paolilo, coordenador da Câmara de Inovação e Tecnologia da Fecomércio-BA e um dos sócios da Rede +, empresa criada há sete anos para capacitar, acelerar e fazer mentorias de projetos e empresas que queiram investir em inovação, dentre elas, startups.
“Primeiro, é preciso ter um problema real, muita vontade e capacidade de resolvê-lo, usando uma solução escalável e repetível, ou seja, uma startup consegue crescer de uma forma mais rápida que um negócio tradicional, em uma curva não linear, com menos esforço”, explica Paolilo. Até o momento, a Rede + acelerou 220 projetos com 40 empresas.
Uma característica essencial das startups é trazer inovação no processo ou no produto que irá ser desenvolvido, quase sempre associado à tecnologia. O imprescindível não é ter condição financeira, desmistifica Rodrigo. “Não precisa ter dinheiro e sim tempo, muita dedicação e energia. É um negócio como qualquer outro, você pode começar do zero, mas, em algum momento, vai precisar de um montante para desenvolver a solução”, esclarece.
Por isso, além de entender o mercado, é preciso ouvir pessoas, para ajudar na resolução do desafio. “É preciso construir uma tese conversando com possíveis clientes e pessoas que entendam (do mercado), não só (fazer) por achismo e hipóteses individuais”, aconselha Paolilo. Segundo ele, a Bahia está entre os 8 estados do Brasil que mais têm startups, atrás das unidades federativas do Sudeste e Sul.
Salvador e Bahia na inovação O ano que Salvador começou a interagir mais com o ecossistema da inovação foi 2015, aponta Donjorge Almeida, embaixador da aceleradora Darwin Startups e membro da Associação Baiana de Startups (Abas). Ele difere alguns ambientes: o ecossistema da inovação, do empreendedor, da startup e a comunidade das startups. O que está em alta na capital baiana é justamente o primeiro.
“Eles conversam entre si, têm atores que passeiam por eles, mas eles não são os mesmos. O que está bombando em Salvador é o ecossistema de inovação. Até 2015, você vê alguma coisa importante, o Sebrae fazendo ações para startups e o grupo Rede+, com Rodrigo Paolilo, que trouxe alguns eventos internacionais”, norteia Almeida.
Foi também nesse ano que foi criada a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis). Já em 2017, houve a Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, e, posteriormente, a criação da Abas, que tem um papel conector desse ecossistema. Depois, vieram as criações dos espaços de co-working Hub Salvador e do Colabore, pela prefeitura, e do parque tecnológico.
A primeira secretaria do governo estadual que tratava de tecnologia foi criada na década de 70 - Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia (Seplantec). Hoje, ela é a atual Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), que tem inaugurado hubs em várias cidades baianas. De acordo com Donjorge, os municípios com esse ecossistema mais aquecido, depois de Salvador, são Vitória da Conquista, Feira de Santana e Lauro de Freitas.
O embaixador da Darwin Startups ressalta que muitas empresas, como a Sanar e a Jusbrasil, escolherem ficar por aqui, apesar de já terem escritórios em São Paulo. “Com a pandemia acabou a barreira, o cara não precisa mais sair para ver o case em São Paulo, eles viraram pro país inteiro”, avalia. O principal que essas empresas buscam são os mais diversos talentos.
Nordeste é o futuro A co-head do maior hub de fomento ao empreendedorismo tecnológico da América Latina, o Cubo Itaú, em São Paulo, aponta que não foi só a Bahia que cresceu nessa área, mas a Região Nordeste como um todo. “Nos últimos cinco anos, tivemos o boom de startups, pelo fomento do empreendedorismo, pelo grau de investimento feito pelas startups. Nunca tivemos um cenário tão bom como temos hoje", avalia Renata Zanuto.
Ela diz ainda que com a pandemia, a crise só fortalece esse processo de digitalização, que já era desenvolvido pela maioria das startups e tirou a centralidade de São Paulo. “Tivemos um olhar positivo mesmo com a pandemia, e descentralizamos tudo que acontecia em São Paulo. O investidor não olha mais a região onda a startup está baseada, todas as reuniões são de forma digital, com investidores que nem são aqui do Brasil", completa.
Em parceria com o Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), O Cubo Itaú abriu o programa BID ao Cubo, voltado só para empresas do Norte e Nordeste. "Foi um sucesso pela junção do BID, que tem essa expertise, e o Cubo, que queria empreendedores de outras regiões, então unimos nossa força com esse olhar de desenvolvimento. Entendemos que poderíamos potencializar as startups da região”, explica Renata.
O sucesso foi tanto na última edição - no final do ano passaado - que o projeto ampliou em 50% o número de inscrições e passará a selecionar 15 startups na edição desteano, com inscrições abertas até o próximo dia 23. A dica que ela dá para quem quer começar é colocar em prática a ideia e estar sempre aberto a novas conexões. "Às vezes uma conversa pode não fazer sentido naquele momento, mas pode ser uma ponte para uma parceria estratégica no futuro. A troca de informações gera muito valor para o empreendedor”, orienta. Outra dica é sempre buscar conteúdo online para capacitações, como lives, e se inscrever no Bid ao Cubo.
Agilize: gerindo sua contabilidade Sócios e fundadores da Agilize (da esq. para dir.): Marlon Freitas, Ernesto Amorim, Rafael Caribé, Rafael Viana e Adriano Fialho. Crédito: divulgação. A Agilize surgiu em 2012, com um grupo de empresários insatisfeitos com o serviço de contabilidade prestados por empresas. “Eu já tinha uma empresa, e nosso sócio é contador, tínhamos a ideia de revolucionar o mercado da contabilidade. Foi um prato cheio para a gente, porque era um mercado que não se modernizava”, conta Rafael Caribé, um dos sócios-fundados da Agilize, a primeira empresa do Brasil de contabilidade online.
A partir de uma mensalidade de R$ 99, a Agilize oferece todo o serviço contábil e tributário, desde a apuração de impostos, cálculo de taxas, envio de declarações, previsões de tributos para o próximo mês e serviços avulsos, como a abertura de uma empresa e alteração contratual. “É um sistema que facilita a vida dos empresários, para fazer com que ele foque no que é mais importante: faturar”, explica.
Formado em computação, Rafael já teve empresas na área de desenvolvimento de sistemas e, junto com sete sócios, trabalhou um ano para lançar a primeira versão da plataforma. No início, eram 10 pessoas que engajaram no projeto e, hoje, oito anos depois, a empresa tem 170 funcionários. O investimento inicial foi de R$ 500 mil. O faturamento mensal é mais de R$ 1,5 milhão e o valor da empresa pode chegar a 100 milhões.
A startup passou por dois processos de aceleração, em 2019, com a Endeavor Brasil, e com o Google. O deslanche foi em meados de 2014, quando o investimento inicial de R$ 500 mil acabou e a empresa teve que reduziu custos. Já em 2016, ela passou por outra reformulação e começou a dobrar o número de vendas, mês a mês. Em 2017, investiu mais em marketing digital e divulgação nas mídias sociais. De 2019 para 2020, ela mais que dobrou de tamanho: de 5 mil clientes para 12 mil. O plano é chagar aos 20 mil até o final do ano.
A empresa tinha uma sede física aqui em Salvador e outra em São Paulo, mas com a pandemia, todos ficaram no teletrabalho. O público-alvo são empresas pequenas, de todas as cidades do Brasil. A startup planeja expandir as operações para outros países no futuro.
A dica que ele dá para quem quer seguir o caminho dos tijolos amarelos é ler o livro Startup: Manual do Empreendedor: O Guia Passo a Passo para Construir uma Grande Empresa. “Ele mostra os erros, que é você não conhecer o cliente, não saber o produto que ele quer. Muita gente acha que só com dinheiro é possível montar um negócio, mas, antes disso, é tempo, suor e validar as hipóteses”, indica Rafael Caribé.
Kinvo: cuide de seus investimentos Moacy Veiga é dos sócio fundadores da Kinvo, lançada em 2018. Crédito: divulgação. A ideia para a Kinvo surgiu em 2017, quando Moacy Veiga e outros cinco sócios notaram que faltava algo no mercado: informação em relação a investimento. “O investidor queria mais transparência sobre os resultados dele, então, começamos a desenhar um produto. É um mercado grande, de mais de 70 milhões de investidores, 20 milhões de insumos e R$ 7 trilhões”, explica Moacy, sócio fundador da Kinvo, vendida por R$ 72 milhões para o banco BTG Pactual.
O primeiro produto foi finalizado e lançado em setembro de 2018 – uma plataforma que consolida, controla e analisa os investimentos na carteira, como risco, rentabilidade e retorno. O plano mensal custa R$ 14,90, já o anual, R$ 119,90. A empresa planeja crescer 300% este ano, com previsão de faturamento de R$ 12 milhões a 14 milhões. Ano passado, a Kinvo faturou R$ 5 milhões.
O público-alvo é desde o investidor de R$ 100 ao milionário, sem restrições. São mais de 700 mil usuários que somam R$ 137 bilhões em investimentos. A empresa nasceu com R$ 150 mil. Os sócios participaram de dois projetos de aceleração: Endeavor Brasil e Bid Lab, no ano passado. “Isso deu outra bagagem, a gente amadureceu e você tem contato com startups em estágio mais avançado, com um olhar mais maduro, que já sabem o que fazer”, diz Moacy.
Moacy trabalha no setor de investimentos desde 2002 e todos os outros sócios são da área de tecnologia. Hoje, a empresa tem 49 funcionários e, até o final de 2021, pretende fechar o quadro com 70. Já são mais de 30 mil clientes fora do Brasil – brasileiros morando fora, principalmente nos Estados Unidos. A intenção é traduzir a plataforma para o inglês e espanhol nos próximos anos.
Além disso, com a parceria do banco BTG Pactual, ele pretende unificar informações em uma mesma plataforma, também com apoio do Grupo Exame. “Estamos montando o ecossistema Kinvo. O BTG entraria com a parte dos consultores, assessores e produtos, a Exame com as notícias do mercado e a Kinvo com os resultados”, antecipa Moacy. A previsão de lançamento é no final deste ano.
A maior dificuldade para ele, até agora, foi sair do zero. “Você pegar uma ideia e imaginar que vai dar certo e conseguir transformar em um produto, ganhando dinheiro, é que é o grande desafio”. A Kinvo tem sede em Salvador, na Avenida Tancredo Neves. Durante a pandemia, a equipe de funcionários saltou de 12 para 36, todas trabalhando remotamente.
Jusbrasil: acesso à informação pública Sócio e fundadores da Jusbrasil (da esq. à dir.): Oswaldo, Rafael, Luiz Paulo, Gustavo, Rodrigo e Daniel. Crédito: divulgação. A Jusbrasil é a única empresa justech do mundo, sediada em Salvador e com escritório também em São Paulo, ela não tinha a pretensão de ser o que é hoje. A ideia, em 2005, era mais do que ambiciosa: construir um buscador para a internet e desbancar o Google. “Eram dois engenheiros, um estudante de Engenharia e um estudante de Direito que queriam criar o melhor buscador da internet focado em língua inglesa para concorrer com o Google, o segundo maior blog do mundo na época”, conta Luiz Paulo Pinho, um dos sócios-fundadores.
O buscador “goshme” ficou no ar por dois anos e aborda todas as áreas. Quando o grupo viu que não dava para concorrer com a grande da Vale do Silício, eles mudaram o foco. “Quando a gente viu que ia quebrar e não podia se sustentar por mais tempo, tivemos que pivotar (mudar o foco) o projeto. Foi então que um dos sócios, em 2008, trouxe a ideia de trazer para a área jurídica, porque organizar a informação do mundo inteiro ia ser absurdo”, narra Luiz.
Na cara e na coragem, o grupo de amigos tirou a ideia do papel e viu o site crescer absurdamente nos primeiros meses – eram cerca de 2 milhões de acessos mensais. “O negócio começou a andar muito rápido. Como a gente já tinha construído um buscador e nosso ponto forte era o SEO [traduzido do inglês, Otimização para motores de busca], que é como aparecer bem no google e fazer esse ranking, não gastamos até hoje um real de publicidade", esclarece.
Hoje, são mais de 30 milhões de acessos por mês. O site compila todas as informações públicas disponíveis no Brasil, desde decretos, leis, diários oficiais e processos do judiciário. O engenheiro de computação não tem ideia de quanto foi investido na empresa e diz que não divulga dados sobre faturamento ou valor de mercado, mas afirma que está na cada dos milhões - no plural. Trabalham na Jusbrasil 280 pessoas. Ela tem escritótios em Salvador, Manaus, Belo Horizonte, São Paulo e Lisboa (Portugal).
A meta é internacionalizar ainda mais a empresa, mas só quando o trabalho acabar no Brasil. “Ainda há muito o que se fazer aqui”, conta Luiz. Eles passaram por dois processos de aceleração em faculdades soteropolitanas, na Unifacs e na Unijorge, nos primórdios do “goshme”, entre outros.
O objetivo principal é dar acesso a todo o tipo de informação pública. “O principal objetivo da empresa é conseguir uma melhor argumentação jurídica possível, assim como o acompanhamento de processos”, reforça. A dica que ele deixa para quem quer abrir uma startup é ter resiliência. “É aprender a apanhar muito e levantar todo dia para apanhar de novo, além de vontade de aprender”, conclui Luiz Paulo.
POS Controle: tudo em um só lugar Emerson Barreto (Foto: Paula Fróes/CORREIO) O ano era 2015 e o Brasil, se preparando para as Olimpíadas, buscava projetos inovadores para sistemas de informação em estádios, voltados para a prestação de serviços. Ou seja, informatizar a compra da cerveja, do dogão e tudo que se compra nas arenas. Formado em Ciência da Computação e atuante na área de desenvolvimento de sistema para o varejo, Emerson Barretto e quatro sócios, todos da área de Tecnologia da Informação (TI), viram ali uma oportunidade de lançar no mercado uma ideia inovadora.
“Diversas empresas, nacionais e internacionais, foram chamadas para apresentar soluções para o varejo. Todo mundo apresentou ideias muito tradicionais, com computador, impressora, monitor, teclado, e nosso projeto foi muito disruptivo, porque tudo seria com maquininha de cartão de crédito”, esclarece Emerson Barretto, sócio fundador da POS Controle. Dessa forma, um dos primeiros clientes foi o estádio do Maracanã.
“No caixa, existia essa quantidade imensa de equipamentos e a maquininha estava subtilizada. Elas têm uma memória muito grande e dois processadores. Só de equipamento, as empresas gastariam R$ 5 mil, fora o software que teria que pagar para instalar no computador. É uma economia de custo, espaço, dá mobilidade ao empresário e elimina o lixo eletrônico”, afirma Emerson. Com o sistema desenvolvido por ele e os sócios, o custo mensal é de a partir de R$ 99.
Hoje, o sistema já vem pré-instalado em todas as maquininhas de cartão de crédito do país. São mais de 10 mil delas que ativaram o serviço e contratualizaram com a POS Controle - 350 delas ficam na Arena Fonte Nova. No início, a empresa tinha quatro pessoas, e agora tem 21, sendo três em São Paulo. Outras 45 são representantes da marca, que vendem o serviço. O cadastramento de novos representantes está aberto no site da empresa. Eles são também pioneiros na impressão de nota fiscal do consumidor eletrônica.
Os principais clientes são restaurantes, bares, lanchonetes, food trucks e pessoas da área de bebidas e shows. A primeira versão do projeto demorou um ano e meio para sair do papel e teve investimento inicial de R$ 500 mil. A maior dificuldade foi convencer as fabricantes de máquinas de cartão e bancos multinacionais a contratualizar com a POS Controle, assim como resolver trâmites com a Secretaria da Fazenda.
Eles estão sediados no Hub Salvador e estiveram no Cubo, em São Paulo. A startup não revela faturamento ou valor de mercado. O processo de internacionalização já começou na empresa, dois clientes testam na Espanha e o sistema está traduzido para o inglês e espanhol. A Ingenico, líder mundial em tecnologia de meios de pagamento, convida a POS Controle há quatro anos para a maior feira internacional da área, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e lançou uma plataforma de venda por aplicativo na qual participam apenas 16 empresas no mundo – a POS é a única brasileira.
Sanar: Medicina descomplicada Caio Nunes e sócios viram a oportunidade de lançar a Sanar em 2013. Crédito: divulgação. A ideia para criar a Sanar nasceu em 2013 e a operacionalização da empresa se deu em 2014. O médico Caio Nunes e quatro sócios fundaram a startup, que tem como objetivo principal ajudar os profissionais de saúde. Hoje, são a maior plataforma online de educação médica no país.
“A ideia surgiu da vontade de empreender, aliada a uma percepção do problema que existia, que era de ajudar profissionais de saúde com treinamentos e tornar conteúdos mais acessíveis no Brasil. O conhecimento era muito concentrado nos grandes centros, então a gente queria leva-lo com mais tecnologia e preços mais acessíveis”, explica Caio Nunes, cofundador e executivo da empresa.
Ele já trabalhava com diagnóstico de imagem há um tempo, e decidiu que, pela internet, poderia impactar mais pessoas. “Como médico, eu via que impactava certas pessoas e, com a Sanar, a gente consegue impactar muito mais gente. Essa é nossa grande motivação: ajudar os médicos a fazerem uma medicina melhor e em larga escala”, detalha Nunes.
Este ano, a revista Exame escolheu a Sanar para integrar a lista das 50 startups que mudam o Brasil. Dos quatro sócios iniciais, a empresa conta hoje com 320 funcionários. Em 2020, eram 200 e, em 2019, 100. Ou seja, a empresa vem dobrando de tamanho a cada ano. A expectativa para o final de 2021 é ainda maior: eles querem chegar a 500 pessoas no quadro. Atualmente, são 300 mil clientes, considerando todos os produtos da empresa. Só o sanarmed tem uma média de acessos de 2 milhões por mês.
A empresa não divulga valores de faturamento nem de mercado, mas citou que está avaliada em dezenas de milhões. Em abril deste ano, a startup recebeu um aporte de R$ 60 milhões dos fundos de investimento Valor Capital e DNA Capital. Nunes não sabe estimar quanto que foi o investimento inicial. Dentre os produtos, estão o sanarflix – um netflix que serve principalmente para estudantes de medicina e faculdades parceiras – cursos preparatórios para provas de residência e para o Revalida, que valida o diploma de médico no Brasil, e aplicativo para diagnóstico e tratamento.
Na pandemia, houve uma aceleração do modelo de negócio, com as aulas online e a entrada dos conteúdos da Sanar nas faculdades parceiras, além da parte organizacional. O que já era, em grande parte, home-office, ampliou – somente 40% dos funcionários moram em Salvador. Os clientes estão distribuídos no Brasil e em 16 países (brasileiros que moram fora) e a startup está traduzindo os conteúdos para o espanhol, a fim de expandir, em até 6 meses, para toda a América Latina.
O CORREIO entrou em contato com a Antecipa, mas, como agora a startup pertence à XP Investimentos, não teve autorização para dar entrevistas até o fechamento desta matéria. O Vale do Dendê e ConstruCode, vendida para a Vedacit, não responderam pedido de entrevistas até o final dessa edição.
*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro
**Colaborou a subchefe de reportagem Monique Lobo