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Com alta de preços, farmácias dão descontos de até 67% em remédios

Correção nos valores dos medicamentos deve ser anunciada pelo Ministério da Saúde até 1º de abril

  • Foto do(a) author(a) Tailane Muniz
  • Tailane Muniz

Publicado em 24 de março de 2019 às 07:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Com o reajuste 4,33% no preço dos remédios, previsto pela pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) para vigorar a partir do mês de abril, algumas redes de farmácias e drogarias de Salvador passaram a orientar os pacientes que utilizam medicações contínuas a anteciparem as compras para economizar nas finanças.

Entre os estabelecimentos percorridos pelo CORREIO, estão a Drogasil, Extrafarma, São Paulo, Globo e Farmácia Popular, todas no Centro da capital. Se você tem mais de 55 anos, a Extrafarma facilita a compra e dá descontos de até 50% para as medicações de uso contínuo.

Gerente da rede, Gildete dos Santos afirmou, no entanto, que a promoção faz parte do calendário fixo da farmácia."Nós estamos orientado nossos pacientes quanto ao aumento, mas esses descontos são fixos. A gente tenta de tudo para ajudar nossos pacientes, porque sabemos que é uma questão vital", disse, ao acrescentar uma outra possibilidade de comprar mais, pagando menos.O medicamento esomeprasol serve para gastrite e outros problemas estomacais é vendido Extrafarma por R$ 119,99. Na compra de dois, no entanto, o cliente leva 3. O remédio sai por R$ 79,99, 40% mais barato. Um desconto ainda maior, de 67%, é oferecido na compra da asorvastina, sinvastina - ambos para controle do coleterol -, e do acemonol, controlador de pressão. 

A asorvastina é vendida por R$ 39,99 e cai para 26,66, na compra de três. O acemonolol, que custa R$ 14,99 sai por R$ 9,99 (50 mg) e a sinvastativa pode ser comprada por R$ 12,66, quase R$ 7 a menos que o preço original de 18,99.  Na drogaria Globo, não há promoções fixas mas, segundo funcionários, alguns medicamentos têm descontos relâmpagos direto no caixa.  Farmácias e drogarias no Centro de Salvador alertam sobre virada de preços (Foto: Marina Silva/CORREIO) A Drogasil também realiza a promoção de pague 2, leve 3. Segundo o gerente, Sérgio Luís, os clientes são diariamente informados da virada de preços, a partir de 1º de abril. "Aqui a pessoa só não leva se não quiser. Dependendo da oferta, a gente cobre", garantiu.

Na Farmácia São Paulo não existe promoção específica, além dos descontos que alguns clientes já têm, a depender do plano ou seguro de saúde que utilizam. Já na Popular, conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), há uma lista de medicamentos que podem ser retirados de graça. Tem remédio para asma, hipertensão, gastrite, diabetes e até osteoporose. [Veja lista abaixo]

A autônoma Silma Dias, 52 anos, é daquelas que não abre mão de ter uma "farmácia" em casa. Sempre que tem tempo, compra mais remédios para deixar a própria drogaria sempre abastecida. Para ela, a alta dos preços não diz muita coisa, já que é adepta do armazenamento das drogas."Eu não faço o uso dos contínuos, geralmente compro os triviais. Mas gosto de ter sempre em casa, é algo que compro com muita frequência e ter um preço acessível é sempre bom. Por sorte, o aumento afeta menos os que mais utilizo", relatou, enquanto adiquiria alguns analgésicos.    Silma Dias: 'Tenho hábito de comprar remédios' (Foto: Marina Silva/CORREIO) Preço justo? Para saber quantas farmácias existem em Salvador, onde ficam, e a quanto comercializam medicamentos, a professora do Departamento de Ciências da Vida do Curso de Farmácia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Patrícia Sodré, resolveu iniciar uma pesquisa.

Na fase de organização do estudo, a professora afirmou que o Brasil - segundo ela, um país onde a maior parte das pessoas adquire remédios com o dinheiro do próprio bolso - oferece muitas barreiras aos consumidores."Como as pessoas têm que desembolsar o dinheiro, saber se ele encontra preços maiores do que o que prevê a regulamentação", afirmou Patrícia, em referência ao índice do Preço Máximo ao Consumidor (PMC), com base na tabela proposta pelo CMED. De acordo com ela, que estuda o mercado varejista, a ideia é investigar, por exemplo, se uma pessoa que mora na periferia da cidade paga, em determinada droga, o mesmo valor que um morador do Centro ou das áreas mais nobres. O estudo leva em consideração o uso contínuos, trivial e agudos e deve ficar pronto em seis meses.

"A depender da nossa resposta, em caso de extrema diferença nos preços, vamos poder afirmar que órgão que deveria fazer um controle é ineficiente e não beneficia a população. Nós vamos utilizar os medicamentos originais e os genéricos", explicou. 

Em caso de preços abaixo da média, Patrícia acrescentou que também não é um bom indicativo. "O contrário, ou seja, preços muito abaixo do previsto, também é um indicativo de que o comércio se auto regulamenta, o que também quer dizer que não existe fiscalização", comenta.Veja lista de medicamentos disponibilizado pelo SUS na Farmácia Popular