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Chuva deixa três mil desabrigados na Bahia

Inmet acende alerta vermelho para cidades do Litoral-Sul

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2022 às 05:15

. Crédito: Foto: Divulgação

A chuva que atinge a Bahia há uma semana deixou pelo menos três mil pessoas fora de casa apenas do município de Prado, no extremo-sul da Bahia, mas outros municípios também foram afetados e estão em processo de decretação de Estado de Emergência, afirma a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec).

As áreas com maior risco de alagamento, transbordamento de rios e deslizamento de encostas são no Sul e Centro-Sul do Estado devido ao acumulado de chuvas, aponta o Centro Virtual para Avisos de Eventos Meteorológicos Severos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

A prefeitura de Prado decretou situação de emergência no dia 21 por conta do impacto da chuva. Moradores da cidade contam que as ruas, sobretudo das regiões periféricas, estão alagadas e os residentes, desabrigados. Famílias que perderam as residências estão abrigadas em ginásios de colégios de Prado. Moradores têm se reunido para abrir valas em pontos da cidade para dar vazão à água. 

Em Cumuruxatiba, distrito de Prado, três casas desabaram e a enxurrada abriu ao meio parte da estrada principal da BA-001. A estrada litorânea, que dá acesso às comunidades da Paixão, Tororão e Cumuruxatiba está danificada em dois locais. Um na praia da Amendoeira, onde uma ponte caiu, e na região da praia do Tororão, onde a estrada também partiu ao meio.

O advogado Paulo Mascarenhas, 65, foi um dos que teve a casa atingida pela chuva. Por sorte, a tormenta causou apenas uma pequena infiltração na parede. Ele, que mora em Salvador e nasceu em Prado, retornou à cidade natal em 19 de novembro para reformar a casa. Mas depois do temporal, terá de atualizar a lista de consertos de novo.  

“Quando cheguei aqui o tempo já estava chuvoso e desde então foi chuva todos os dias. Ano passado, no mesmo período, eu estava aqui e choveu muito, mas não nesse volume”, lembra.

Outras cidades do Sul registraram alagamentos, mas em gravidade menor. Em Teixeira de Freitas, três famílias estão abrigadas na escola do São Pedro, ponto de apoio para preparação de refeições e recebimento de donativos, após perderem suas casas. Camaçari, Canavieiras, Santa Cruz de Cabrália, Santa Luzia, Porto Seguro, Itanhém e Ibicaraí também foram atingidas.  Ponte em Santa Luzia está submersa; não há solicitação de socorro (Foto: Reprodução) Segundo o Inmet, há alerta de ventos intensos, corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas o Centro-Sul, Vale do São-Franciscano, Centro-Norte Baiano, Sul e Extremo-Oeste. Algumas das cidades em alerta laranja são: Abaré, Alagoinhas, Amargosa, Amélia Rodrigues, Bom Jesus da Lapa, Cachoeira, Cairu, Candeias, Caravelas, Cruz das Almas, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Juazeiro, Lauro de Freitas, Mucuri e Nova Viçosa. 

Salvador também está na lista. Conforme Boletim de Solicitações da Defesa Civil (Codesal), há registro de oito ameaças de desabamento na capital em locais como Cidade Baixa, Liberdade, Cabula/Tancredo Neves e Centro/Brotas. Até às 20h30 de ontem, a Codesal havia registrado 22 ocorrências.

O órgão também fez vistoria no Edf. Empresarial Cidade Jardim, constatando o desprendimento de placas metálicas que, segundo a administração do condomínio, foi causado pela chuva. 

Os maiores acumulados de chuva em Salvador foram registrados em Cajazeiras VIII - Mangueiras (39,6mm), Ilha dos Frades (35,2mm), Cajazeiras VIII (34,2mm), Nova Esperança (33,7mm) e Fazenda Coutos (33,4mm). 

A Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) informou que não foi acionada para atendimento a famílias ou indivíduos em situação de risco e vulnerabilidade, por decorrência da chuva do último final de semana.

Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF-BA) também comunicou que não recebeu notificação de interdição decorrente do aguaceiro. A reportagem solicitou ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia as ocorrências atendidas, mas não houve resposta até o fechamento da matéria. 

As autoridades reforçam que, em caso de risco eminente ou de acidentes por conta das condições climáticas, deve-se acionar o Corpo de Bombeiros (193) ou Defesa Civil (199).

Mais chuva

No decorrer da semana, a Bahia deve continuar em clima chuvoso. De acordo com o modelo numérico do Inmet para o estado, os maiores acumulados de chuva se concentrarão em áreas do Centro-Sul. A espera é que as chuvas percam intensidade até o final da semana. Mas há alerta de intensificação dos ventos com rajadas no litoral, com predominância no Litoral-Sul nas próximas 48h a 72h. 

Apesar da estação mais quente do ano já estar chegando, a meteorologista do Inmet, Cláudia Valéria, explica que a ocorrência das chuvas desde a última semana é resultado de uma convergência de umidade. Neste caso, o choque entre a umidade do litoral e da região central - que chega ao estado pelo Oeste baiano. 

Segundo Cláudia, o fenômeno é comum de acontecer e se repete todos os anos no período da primavera até o verão, contudo, em 2022 ganhou intensidade. Já é o terceiro episódio da estação. A justificativa para a incidência é a influência do La Niña, resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico que provoca aumento no volume de chuvas. A tendência é que as chuvas continuem durante toda semana, sendo que outras convergências podem voltar a ocorrer no período chuvoso, que vai até março.

Veja as cidades em alerta vermelho pelo Inmet:Alcobaça     Arataca     Belmonte     Buerarema     Camacan     Canavieiras     Caravelas     Eunápolis     Guaratinga     Ibirapuã     Ilhéus     Itabela     Itabuna     Itagimirim     Itaju do Colônia     Itamaraju     Itanhém     Itapé     Itapebi     Itapetinga Itarantim Itororó     Jucuruçu     Jussari     Lajedão     Mascote     Medeiros Neto     Mucuri     Nova Viçosa     Pau Brasil     Porto Seguro     Potiraguá     Prado     Santa Cruz Cabrália Santa Luzia     São José da Vitória     Teixeira de Freitas Una Vereda

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro