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Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 12:03
- Atualizado há 2 anos
A Caixa Econômica Federal (CEF) informou que afastou o funcionário da agência do Relógio de São Pedro, acusado de racismo contra o empresário Crispim Terral, 34 anos. Em nota, divulgada na manhã desta quarta-feira (27), o banco diz que repudia práticas e atitudes de discriminação cometidas contra qualquer pessoa e que a Corregedoria da instituição vai apurar o caso.>
A Caixa afirmou ainda, em nota, que vai realizar nesta quinta-feira (28) um treinamento específico com toda sua rede de atendimento para reforçar a Política de Relacionamento com Clientes. "Ressaltamos que as relações da Caixa com seus clientes e usuários são orientadas pela ética, com respeito aos direitos humanos universais".>
A nota diz ainda que "a Caixa prima pelo respeito à diversidade de raça, origem, etnia, gênero, cor, idade, classe social ou qualquer tipo de diferença entre as pessoas. Outra diretriz da Política é o atendimento com zelo, presteza e prontidão aos clientes e usuários, de forma justa e equitativa".>
Um procedimento foi instaurado no Ministério Público Estadual da Bahia (MP-BA) na terça-feira (26) para apurar a denúncia de racismo praticado por um gerente da CEF e policiais militares contra o empresário Crispim Terral, 34 anos. Todos os envolvidos devem ser ouvidos após o Carnaval pela Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. A própria CEF vai ser acionada para rever sua postura enquanto instituição.>
A promotora Lívia Vaz, que acompanha o caso, informou que já assistiu ao vídeo que mostra a agressão ao empresário dentro da agência bancária, mas precisa complementar a apuração do caso com as oitivas dos envolvidos.>
"Tem um momento no vídeo em que se fala 'gente desse tipo', então no mínimo houve um constangimento legal, mas eu preciso entender todo o contexto. Se houve um crime, que crime e que tipo de responsabilização que cabe", diz a promotora da vara de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa.>
"Depois que apurarmos, vamos ver a possível responsabilização criminal e civil, a exemplo de uma idenização pelo constrangimento e dano material e moral sofrido", disse Lívia. >
Somente este ano, a Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa da Comarca de Salvador, do MP-BA, recebeu denúncias com de 41 casos de racismo ou de injúria racial, além de outros 30 casos de intolerância religiosa.>
Entenda o caso Crispim acusa a Caixa de racismo, após ter sido expulso de uma agência e retirado à força pela Polícia Militar, que atendeu ao chamado da gerência da unidade, que fica no Relógio de São Pedro, na Avenida Sete de Setembro, em Salvador. >
A ação, que ocorreu na tarde da terça-feira (19) passada, foi toda gravada e as imagens divulgadas em uma rede social do empresário. Crispim é proprietário da Farmácia Terral, em Salinas das Margaridas, no Recôncavo baiano. >
Crispim denunciou que, após esperar por mais de quatro horas na agência, para receber um atendimento, o gerente pediu que ele se retirasse. Após negativa do cliente, o funcionário acionou uma equipe da Polícia Militar.>
O PM teria atendido à ordem do gerente geral da agência, que afirma, em vídeo, que "só sai com ele [Crispim] algemado". A ação foi gravada pela filha adolescente da vítima, que acompanhava o pai a um atendimento no banco, e já repercute em todo o país, desde a noite desta segunda-feira (25). Crispim retornou à agência da Caixa nesta terça-feira (Foto: Betto Jr./CORREIO) Ontem à tarde, um grupo de 100 manifestantes foi até a Caixa Econômica Federal do Relógio de São Pedro cobrar respostas sobre o episódio de violência sofrido pelo empresário que acabou imobilizado por um policial militar com um golpe mata-leão.>
Crispim participou do manifesto. Ele acusa tanto a Caixa quanto a PM de racismo. Ao CORREIO, o presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Bahia (OAB-BA), Jerônimo Mesquita, repudiou a postura do gerente e a "violência excessiva da Polícia Militar". >
Segundo o relato do empresário, registrado na Corregedoria e disponibilizado por ele em uma rede social, os soldados Roque da Silva e Rafaeal Valverde Nolesco iniciaram as agressões físicas contra ele dentro da agência, onde ele foi imobilizado com uma gravata, e levando-o ao solo, diante de sua filha de 15 anos. Registro na Corregedoria da PM (Foto: Reprodução) >
Resposta da PMEm nota, a PM informou que o 18º Batalhão da Polícia Militar (BPM/Centro Histórico) foi acionado por prepostos da agência porque um dos clientes se recusava a deixar a agência, mesmo após o término do expediente.>
A nota diz ainda que, no local, os policiais militares conversaram com o gerente da agência e ele relatou que o homem estava solicitando um comprovante de transação, que não poderia ser fornecido naquele momento, e pediu a remoção do cidadão do interior do estabelecimento em razão do encerramento do expediente bancário.>
"Os policiais, então, dirigiram-se ao homem e solicitaram que ele acompanhasse a equipe junto com o representante da agência bancária à delegacia, para formalização da ocorrência em razão do impasse gerado pelo conflito de interesses. Os policiais relataram que o cidadão começou a se exaltar e dizer que não sairia da agência sem ter a sua demanda atendida, contrariando a recomendação das autoridades que intervieram no conflito", diz a nota.>
A PM alega ainda que "houve a necessidade de empregar a força proporcional para fazer cumprir a ordem legal exarada, mesmo após diversas tentativas de conduzi-lo sem o emprego da força. Ele não foi algemado. O vídeo divulgado mostra uma condução técnica dos policiais militares na ação e também observa-se uma edição suprimindo parte do ocorrido".>
Ainda segundo a polícia, uma sindicância será instaurada pelo 18º BPM para apurar todas as circunstâncias da intervenção policial. A polícia informa também que, apesar de ser um estabelecimento federal, quando a PM é acionada tem o dever de atender a ocorrência.>