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Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2018 às 21:44
- Atualizado há 2 anos
O cantor Caetano Veloso fez uma homenagem ao capoeirista Moa do Katendê, que foi assassinado na madrugada desta segunda-feira (8) depois de uma briga por política na localidade do Dique Pequeno, no Engenho Velho de Brotas. Ele compartilhou um vídeo com entrevista que ele e Moa deram à TV Bahia, afiliada da TV Globo, em 2011. Ele fala no vídeo da participação no projeto Badauê: "Mestre Moa e Amigos do Katendê cantam Badauê"."Moa era meu amigo e foi uma das figuras centrais na história do crescimento dos blocos afro de Salvador. Estou de luto por ele. Fundador do Badauê, compositor, mestre de capoeira, Moa vive na história real da cidade e deste país", escreveuo cantor. Moa fundou o afoxé Badauê em 1978, na mesma época em que fazia parte de um grupo cultural chamado Jovens Loucos, fundado também no Engenho Velho de Brotas. Foi em 1979, no Carnaval, que o Badauê saiu no Carnaval de Salvador pela primeira vez, como conta Chico Assis, autor de uma dissertação de mestrado sobre a memória do afoxé, defendida na Universidade Federal da Bahia (Ufba), em 2017.
Desde 1979, foi como se o Badauê desse novo significado aos afoxés. “O Badauê foi muito importante, porque era um momento em que os afoxés estavam enfraquecidos e veio esse afoxé contemporâneo, que trazia uma miscigenação, uma tradição e uma contemporaneidade. Isso fez com que os afoxés voltassem à cena com muita força, junto com o ressurgimento dos Filhos de Gandhy nessa época”, explicou Chico.
O Badauê logo começou a chamar atenção de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Moraes Moreira, que passaram a frequentar os ensaios do afoxé. “Começou um movimento de certificação do ijexá, que acredito que tenha sido esse movimento que deu origem ao que, anos depois, passou a se chamar de axé music”.
Caetano, inclusive, refere-se ao afoxé em diferentes canções do álbum Cinema Transcendental: na própria Badauê (“Misteriosamente o Badauê surgiu / Sua expressão cultural o povo aplaudiu”) e em Beleza Pura (Moço lindo do Badauê, beleza pura). Em seu perfil no Instagram, Caetano escreveu que deve a Moa a revelação de ouvir pessoas na rua cantando esses versos.
Veja o post feito por Caetano:
Alguns anos atrás, Moa quis trazer o Badauê de volta. Queria revitalizá-lo. Procurou Lazzo, pediu a opinião. Só que o cantor ponderou: naquela época, no fim dos anos 1970, o afoxé era algo novo, revolucionário. Ficou marcado na mente das pessoas justamente por isso.
Repercussão Outros famosos comentaram a morte de Moa, pedindo por justiça e lamentando a violência. "Que tempos são esses? Mestre Moa, meu maior respeito pelo senhor. Morreu lutando contra o que sempre lutou: a intolerância. Seguiremos aqui lutando sua boa luta. À família, meu abraço mais fraterno", escreveu Daniela Mercury.
"Não, gente! capoeirista mestre Môa... assim morreremos todos um pouco a cada dia", comentou Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, compartilhando a notícia da morte do artista.
Bruno Gagliasso compartilhou um texto com a notícia. "A capoeira perde um grande mestre e eu perco vários amigos. Digo "vários" porque ver um capoeirista apoiar um político declaradamente racista, pra mim, é pior que cair de cara no chão após uma rasteira alta. É preciso entender a história da arte. É preciso saber que pouco mudou e que, agora, o racismo saiu do armário e não tem vergonha de destilar o seu ódio. Por trás de interesses escusos, aí está a Casa Grande Senzala se armando novamente. Que a morte do mestre não seja em vão! E viva "seu" Moa, agora mártir da nossa batalha", escreveu.
A atriz Sonia Braga compartilhou um texto de Guilherme Boulos, candidato à presidência pelo PSOL. "Mestre Moa, assassinado em Salvador, vítima do ódio e da violência que ganha estímulo e força com Bolsonaro! Não podemos permitir que o fascismo vença nas urnas. Moa Presente!".
O apresentador Gregório Duvivier também comentou o caso. "Já começaram. Puta que o pariu. Que pânico. Quem não tá enxergando que Bolsonaro vai legimitimar a barbárie não escapará da barbárie", disse. "Um sujeito berrava Bolsonaro. Mestre Moa, 63 anos, disse que naquele lugar "preferiam o PT". Tomou doze facadas. Nas costas. Morreu".